Com um caroço na garganta que só crescia, tosse e cansaço, a hoje secretária Milena Ferreira de Carvalho, 28 anos, recebeu várias vezes o diagnóstico incorreto de dor de garganta. Após buscar outro médico e fazer uma biópsia, veio o resultado: estava com linfoma de Hodgkin, tipo de câncer relativamente raro que acomete o sistema linfático.
Na maioria dos casos, esse tipo de tumor tem boa resposta com quimioterapia; mas há exceções. Milena precisou passar por dois transplantes de medula para controlar a doença. “No segundo transplante, eu quis desistir. Mas minha família não deixou”, afirma. A seguir, ela conta como foi a sua jornada.
Depois do primeiro transplante algo deu errado…
Não era o fim
No final de 2019, seis meses após o fim do tratamento, o linfoma voltou. Eu fiquei decepcionada, afinal, fiz tudo direitinho e mesmo assim, não estava curada. Mas segui em frente e passei por uma segunda rodada de quimioterapia, extremamente forte, para receber um transplante de medula autólogo [feito com as células-tronco do próprio paciente].
Perda do cabelo
Dessa vez, perdi todo o cabelo. O transplante em si foi fisicamente muito sofrido: tive uma complicação gastrointestinal muito séria, fiquei desnutrida, muito fraca e magra. Recebi uma medicação específica para que a doença não retornasse mas, no meio do tratamento, ela voltou.
A doença sempre voltava
A doença sempre voltava no mesmo lugar, no meu pescoço. Quando recebi a notícia de que ainda estava doente, em 2021, eu quis desistir. Estava depressiva, numa ‘bad’ muito forte.
Disse para os meus pais que não queria mais fazer tratamento nenhum, estava realmente triste e fiquei resistente. A única opção era fazer um novo transplante, dessa vez, com a medula de um doador.
A família foi fundamental
Nesse ponto, minha família foi fundamental. Eles simplesmente não me deram a opção de desistir. Havia muita fé espiritual de que ia dar certo. Mesmo assim, eu não queria, fui para a mesa de cirurgia praticamente amarrada (risos). Foram dias de angústia até saber se a medula havia ‘pegado’. Fiquei muito, muito ansiosa, sofri muito psicologicamente, precisei tomar calmante. Eu só chorava.
Após 22 dias, recebemos a notícia de que a medula havia pegado. Foi um alívio enorme. Recebi festinha das enfermeiras no hospital, teve balão, apito, refrigerante, bolo.

Gratidão
Sai do hospital e, aos poucos, retomei a vida. Voltei a trabalhar e a praticar atividade física. Sigo até hoje em acompanhamento com uma médica hematologista, mas é apenas rotina, com exames de sangue para acompanhamento.
Sou muito grata à minha família e sei que, sem eles, eu não teria chegado até aqui.