Uma revolução na teledramaturgia nacional
Lá se vão mais de três décadas desde que “Vale Tudo” estreou na TV Globo, em 1988, e até hoje sua narrativa continua atual. A trama, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassães, não apenas expôs os dilemas morais da sociedade brasileira, como também consolidou a novela como um dos gêneros mais poderosos da cultura nacional.
Com atuações marcantes e personagens inesquecíveis, “Vale Tudo” deu ao público um retrato cru e envolvente sobre corrupção, desigualdade e ambição desenfreada. Neste contexto, muitos dos atores que contribuíram para sua grandiosidade já partiram, deixando um legado eterno na história da televisão brasileira.
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Beatriz Segall – a magnânima Odete Roitman
Se existe uma personagem que atravessou gerações e se tornou um ícone, essa personagem é Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall. Uma empresária impiedosa, de frases cortantes e convicções elitistas, Roitman foi a antagonista central da trama e deixou um dos maiores mistérios da televisão: “Quem matou Odete Roitman?”.
Beatriz Segall, que faleceu em 2018 aos 92 anos, foi uma das maiores damas do teatro e da televisão brasileira. Com uma carreira vasta, que incluiu produções como “Pai Herói” e “Anos Rebeldes”, Segall se destacou pela elegância e talento incomparáveis.
Sebastião Vasconcelos – o honrado Salvador
Na pele de Salvador, Sebastião Vasconcelos interpretou um homem de princípios firmes e integridade inabalável. Pai da protagonista Raquel Accioli (Regina Duarte), Salvador era o contraponto moral da novela, simbolizando os valores da honestidade e do trabalho duro.
Vasconcelos faleceu em 2013, aos 86 anos, após enfrentar complicações de saúde decorrentes de um choque séptico. Seu legado, no entanto, permanece vivo em diversos trabalhos, como “Mulheres de Areia” e “Tieta”.
Pedro Paulo Rangel – o inesquecível Poliana
O talento de Pedro Paulo Rangel se refletia em cada cena que interpretava. Na novela, ele viveu Audálio, carinhosamente chamado de Poliana, um dos personagens mais queridos pelo público.
Rangel faleceu em 2022, aos 74 anos, devido a complicações respiratórias. Com uma carreira multifacetada, brilhou em produções como “Roque Santeiro” e “Gabriela”, marcando a história da dramaturgia nacional com interpretações de grande profundidade.
Cláudio Corrêa e Castro – o patriarca Bartolomeu
Interpretando Bartolomeu, pai de Ivan (Antônio Fagundes), Cláudio Corrêa e Castro entregou uma atuação carregada de emoção e intensidade. Seu talento, reconhecido por papéis teatrais e televisivos, fez dele um dos grandes nomes da atuação brasileira.
Corrêa e Castro faleceu em 2005, aos 77 anos, vítima de complicações pós-cirúrgicas. Seu último trabalho na TV foi na aclamada “Senhora do Destino” (2004).
Adriano Reys – o ambicioso Renato Filipelli
Adriano Reys brilhou como Renato Filipelli, diretor da revista “Tomorrow”, um personagem que representava a ganância e a ambição dos meios de comunicação.
O ator faleceu em 2011, aos 78 anos, após uma luta contra o câncer. Com uma carreira que atravessou diversas décadas, destacou-se em “Baila Comigo” e “Torre de Babel”.
Lourdes Mayer – a afetuosa Dona Pequenina
Lourdes Mayer deu vida à doce Dona Pequenina, personagem que encantou o público por sua ternura e sabedoria. Sua presença na trama trouxe um alívio emocional, contrastando com os dilemas intensos da história.
A atriz faleceu em 1998, aos 78 anos, deixando saudades e uma trajetória de papéis marcantes, como sua atuação em “Xica da Silva”.
Sérgio Mamberti – o leal mordomo Eugênio
Sérgio Mamberti foi um dos atores mais versáteis do Brasil, e sua interpretação do mordomo Eugênio em “Vale Tudo” evidenciou sua habilidade de dar profundidade a qualquer personagem.
Falecido em 2021, aos 82 anos, Mamberti deixou um legado em inúmeros trabalhos na TV, no cinema e no teatro. Seu papel mais icônico fora das novelas foi o Dr. Victor, do “Castelo Rá-Tim-Bum”.
Considerações finais
Mais do que um sucesso de audiência, “Vale Tudo” se consolidou como uma crítica social atemporal. Os artistas que passaram por essa produção ajudaram a criar um dos maiores clássicos da televisão brasileira, e sua influência ainda ressoa na dramaturgia contemporânea.
Mesmo após sua partida, esses atores seguem vivos na memória do público e nas telas, onde suas performances continuarão a emocionar e inspirar gerações futuras.