E parece que a vida prega peças de vez em quando. Acho que sempre nos perguntamos “por que comigo?”, não é mesmo?! Eu tenho certeza absoluta que essa foi a reação de Grainne e Nathan Evans, pais da menina de dois anos, Tessa que nasceu com uma condição raríssima chamada arrinia congênita.
Basicamente, Tessa nasceu sem nariz, ou seja, ela não consegue sentir cheiros e não tem seios nasais. Mesmo assim, ela ainda consegue tossir, espirrar e até pegar um resfriado.
E como isso pode acontecer? Bem, é extremamente raro, com apenas 47 casos em toda a história. Mas geralmente é possível detectar esse tipo de problema durante a gravidez. Esse foi o caso de Tessa que aparentou ter um perfil facial anormal no exame de raio-X na vigésima semana de Grainne.
Por causa disso, os pais teriam que passar por difíceis decisões até que o exame em 3D revelou que tudo estava normal e que ela era uma menina saudável. Ou quase isso, já que o parto foi bastante traumático.
“Os médicos conseguiram estabilizá-la para que então ela pudesse respirar sozinha e eventualmente eu fui autorizada a segurá-la por alguns segundos. Eu beijei sua testa e disse que a amava antes que ela fosse levada de volta por eles”, contou Grainne. E ainda ela teve que passar suas primeiras cinco semanas de vida em uma unidade intensiva de neonatal.
Infelizmente, a arrinia não foi o único problema que Tessa teria que enfrentar. Por causa de sua condição, a menina nasceu com um pequeno buraco em seu coração e problemas na visão. Por isso, com apenas 11 meses de vida, ela teve que passar por uma cirurgia para remover sua catarata, mas por conta de complicações, ela ficou completamente cega de um olho.
Como se isso não fosse suficiente, Tessa passou por uma traqueostomia para que ela fosse capaz de respirar enquanto comia e dormia. Mas nenhuma dessas coisas desanimou seus pais. Pelo contrário, eles têm cada vez mais esperança e orgulho dela.
“Tessa é igual qualquer outra menina: ela adora brincar com seu irmão e sua irmã; ela está sempre sorrindo e nunca deixou que sua condição a impedisse de fazer algo. Todos que a conhecem, instantaneamente se apaixonam por ela. Nós só queremos que ela inspire as pessoas da forma que ela nos inspira”, diz a mãe.
É claro que a preocupação sempre existiu, já que ninguém nem sabia da possibilidade disso acontecer. Os pais ficaram devastados no começo, com medo de Tessa não sobreviver.
Agora, o que a família espera é fazer cirurgias para que Tessa possa ter um nariz. Ao contrário da maioria das pessoas, eles optaram por fazê-la enquanto ela ainda é criança, ao invés de esperar pela adolescência. Tudo isso para evitar futuras cirurgias invasivas.
Já com seus dois anos de idade, a menina passou por um implante nasal estético para ajudar a criar seu apêndice ausente. Além disso, uma operação já foi feita para ter um molde inserido em seu rosto para esticar a pele e lentamente construir a característica facial que falta.
Mas esses não serão os únicos procedimentos que ela terá que passar para que o implante seja trocado e o nariz possa crescer conforme Tessa se desenvolve.
A cirurgia envolve uma impressora 3D que fez o modelo do crânio de Tessa. Então, ele usou uma substância como uma massa de modelar para projetar um pequeno molde em seu rosto debaixo de sua pele. Assim, ele foi inserido através de uma incisão atrás da linha do cabelo, o que significa que não há nenhuma cicatriz em seu rosto. Incrível, não?
Agora, somente quando a adolescência chegar, ela receberá uma prótese final que será tatuada com tons claros e escuros para que se pareça com uma parte do corpo real.
Esse tipo de procedimento, como foi dito, não é o mais comum, mas é uma forma de o nariz de Tessa ir se desenvolvendo pouco a pouco.
O que vocês acharam?
B. Ponzio
Fotos: Caters New Agency