Pix errado em 2025: o que fazer quando o dinheiro vai para a conta errada?
Criado para facilitar a vida dos brasileiros, o Pix é rápido, gratuito e está presente no cotidiano de milhões de pessoas. Mas a agilidade dessa ferramenta também pode gerar erros, como o envio de valores para a pessoa errada. Apesar de parecer um problema simples, esse tipo de engano pode se tornar uma dor de cabeça se não for tratado com agilidade.
Neste artigo, você vai entender o que fazer em caso de erro no Pix, como solicitar a devolução, o que diz o Banco Central e quais cuidados tomar para não cair em golpes relacionados à plataforma.
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Como agir imediatamente após um erro no Pix?
Confirme se houve erro na transferência
Ao notar que o valor foi enviado incorretamente, acesse o histórico da transação no seu aplicativo bancário. Confirme se a chave Pix utilizada era mesmo a correta (como CPF, e-mail ou número de telefone) e veja o nome do destinatário que apareceu na tela no momento da confirmação.
Se houver divergência com o que você pretendia fazer, é sinal de que o Pix foi de fato enviado para uma conta errada.
Tente contato direto com o recebedor
Se o destinatário for identificado por um número de telefone ou e-mail, vale tentar uma abordagem amigável. Envie uma mensagem explicando o equívoco e pedindo, educadamente, a devolução. Os aplicativos de banco geralmente oferecem uma opção chamada “Devolver”, que permite que o valor seja estornado de forma simples.
Quando o destinatário não devolve: o que fazer?

Informe o banco imediatamente
Caso a pessoa que recebeu o Pix não devolva o valor, o próximo passo é comunicar seu banco. É importante relatar o ocorrido o quanto antes, para que a instituição financeira possa verificar as informações e orientar sobre os possíveis procedimentos legais e operacionais.
Embora o banco não possa forçar uma devolução por erro do usuário, ele pode atuar como intermediador, entrando em contato com o banco de destino e solicitando apoio.
Registre um boletim de ocorrência
Se não houver resposta do outro lado, o ideal é registrar um boletim de ocorrência. Isso formaliza o problema e pode ser útil caso seja necessário recorrer à Justiça.
De acordo com a legislação brasileira, manter valores recebidos por engano pode configurar crime de apropriação indébita, previsto no artigo 169 do Código Penal, com pena de detenção de até um ano.
Existe alguma ferramenta oficial para recuperar valores?
O que é o Mecanismo Especial de Devolução (MED)?
O Banco Central desenvolveu o MED – Mecanismo Especial de Devolução, que permite bloquear valores em casos de fraude ou falhas operacionais. No entanto, ele não cobre erros cometidos pelo próprio pagador, como envio para a chave errada.
Situações em que o MED pode ser acionado:
- Clonagem de dados
- Fraudes em sites falsos ou aplicativos adulterados
- Transações feitas sob coação ou extorsão
- Atos criminosos que envolvam uso indevido da conta bancária
Como o MED funciona?
- O banco da vítima entra com um pedido de bloqueio do valor.
- O banco que recebeu o Pix analisa a solicitação.
- Se for confirmado que houve fraude, o valor é devolvido.
- Caso contrário, o bloqueio é desfeito e o dinheiro segue na conta do recebedor.
E se o destinatário agir de má-fé?
Entenda o crime de retenção indevida
Quando uma pessoa recebe um valor via Pix por engano e se recusa a devolver mesmo após ter sido informada do erro, ela pode estar cometendo um crime. Nesse caso, o boletim de ocorrência serve como prova para abrir um processo judicial, podendo resultar em condenação ou obrigatoriedade de devolver os valores corrigidos.
Golpes comuns envolvendo Pix errado
Golpe da devolução reversa
Em uma das fraudes mais recentes, o golpista faz um Pix de valor pequeno para uma vítima qualquer e depois entra em contato alegando que errou a transferência. Ele pede que o valor seja devolvido para outra chave Pix, que não é a mesma usada na transferência original.
A vítima, acreditando estar ajudando, devolve o dinheiro. O criminoso então aciona o MED no banco, alegando que foi vítima de fraude. Resultado: o dinheiro original volta para ele, e a devolução feita pela vítima é perdida.
Como se proteger:
- Nunca devolva para uma chave diferente da que enviou.
- Use a função “Devolver” do seu aplicativo bancário.
- Não faça novas transferências.
- Em caso de dúvida, contate o banco antes de tomar qualquer atitude.
Como evitar erros ao usar o Pix
Verificações básicas antes de confirmar
- Verifique os três primeiros e últimos dígitos do CPF ou CNPJ que aparece como titular.
- Confirme visualmente o nome que aparece na tela antes de autorizar a transação.
- Desconfie de nomes genéricos ou que não correspondam à pessoa com quem está tratando.
Use chaves seguras
Se você costuma transferir dinheiro com frequência, prefira chaves que causem menos confusão, como QR Code gerado no momento da compra ou chave aleatória fornecida pela instituição financeira.
Existe prazo para resolver o erro?
Não há limite fixado por lei
Embora o MED possa ser acionado em até 80 dias em casos de fraude, para erros cometidos por distração, não existe prazo legal para reverter a situação. Por isso, o ideal é agir o mais rápido possível, tanto para tentar contato com o recebedor quanto para acionar o banco e registrar a ocorrência.
O que dizem os especialistas?
Advogados recomendam agilidade
Para a advogada Renata Lemos, especialista em direito digital, a chave é documentar tudo: “Guarde prints das conversas, comprovantes da transferência e os registros no aplicativo do banco. Eles serão importantes caso precise entrar com ação judicial”, explica.
Bancos orientam cautela
As instituições financeiras reforçam que a melhor forma de se proteger é ter atenção redobrada na hora de confirmar o envio. “O Pix é um sistema muito seguro, mas depende do usuário confirmar os dados corretamente”, afirma Marcelo Peixoto, gerente de segurança digital de uma grande fintech.
Considerações finais
Enviar um Pix errado pode ser um susto — e até causar prejuízo —, mas ainda é possível tentar recuperar o valor com as ações corretas. A chave é agir com rapidez, manter a calma e seguir os procedimentos legais disponíveis. Além disso, é essencial redobrar a atenção durante o envio e se proteger contra possíveis golpes.
Lembre-se: sempre que for devolver um valor, utilize a função específica no aplicativo. E se tiver dúvidas, o melhor caminho é buscar apoio do seu banco e, se necessário, apoio jurídico.