O racismo é uma mancha que marca a face de boa parte da população dos Estados Unidos. Explícito, o preconceito no país, por vezes, transcende barreiras e abre espaço para uma dura e triste segmentação entre negros e brancos. E um bom exemplo disso aconteceu em Gainesville, na Flórida, quando grupos supremacistas brancos e antifascistas entraram em conflito durante uma manifestação.
Contudo, em meio ao embate, uma cena chamou muito a atenção. Aaron Courtney, um técnico negro de futebol americano, pôs em sua mente que a violência não seria o caminho para conseguir transmitir a sua mensagem. De maneira inesperada, ele abraçou um jovem com uma camisa na qual suásticas estavam estampadas. E durante a sua manifestação de afeto, ele questionou o rapaz branco: “Por que você me odeia”?
“Eu podia ter batido nele, podia tê-lo machucado, mas alguma coisa dentro de mim disse: ‘você quer saber? Ele só precisa de amor’. (…) Eu tive a oportunidade de conversar com alguém que me odeia e eu queria saber o motivo. Durante a nossa conversa, eu perguntei: ‘Por que você me odeia? O que eu tenho? É a cor da minha pele? Minha história? Meus dreads?'”, disse Courtney.
A princípio, Randy Furniss, o rapaz abraçado – e que minutos antes havia levado um soco na cara (foto abaixo) – hesitou em respondeu e se manteve em silêncio. Mas o técnico insistiu: “Eu tentei de novo e na terceira vez ele envolveu os braços em torno de mim e eu ouvi Deus sussurrar no meu ouvido: ‘você mudou a vida dele'”, afirmou.

Lição aprendida?
Quando, enfim, se manifestou, o neonazista justificou o seu ódio respondendo: “Eu não sei”. E certamente o que Furniss não esperava é que um outro homem negro protagonizaria um momento de bondade para ele. Um rapaz chamado Julius Long o ajudou a sair da zona de protesto após vê-lo com sangue no rosto.

“Quando eu o vi sendo socado e as pessoas cuspindo e gritando xingamentos raciais, eu vi o racismo ao contrário”, comentou Long, que se diz radicalmente contra a violência envolvida no protesto.
“Se nós sentarmos e conversamos sobre nossas preocupações e nossas questões, as coisas que gostamos e não gostamos sobre nossas comunidades, construiremos o diálogo. O que nós fizemos foi mostrar que nós fomos capazes de quebrar barreiras e nos comunicar para termos um entendimento”, finalizou Long.