Cópia histórica da Magna Carta em Harvard é autenticada como original de 1300
Uma descoberta surpreendente e de grande relevância histórica foi revelada por estudiosos britânicos em parceria com a Universidade Harvard: uma cópia da Magna Carta, há décadas arquivada na biblioteca da tradicional instituição americana, foi identificada como autêntica, datando do ano 1300. A revelação causou grande repercussão no meio acadêmico e reforçou a importância da preservação de documentos antigos mesmo quando aparentemente sem grande valor inicial.
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A redescoberta de um tesouro medieval
Um manuscrito ignorado por décadas
O documento em questão estava guardado nos arquivos da biblioteca da Faculdade de Direito de Harvard desde 1946. À época, a instituição o adquiriu por apenas 27 dólares e cinquenta centavos, acreditando tratar-se de uma cópia genérica de um documento histórico, sem qualquer originalidade. Durante anos, o manuscrito permaneceu praticamente esquecido, até que pesquisadores europeus resolveram analisar mais profundamente seus detalhes gráficos e materiais.
Estudiosos britânicos identificam autenticidade
Dois especialistas em história medieval, David Carpenter (King’s College London) e Nicholas Vincent (University of East Anglia), estiveram à frente da análise que mudou a percepção sobre o valor do documento. Através da combinação de exames visuais detalhados e técnicas como luz ultravioleta, os estudiosos identificaram características únicas na caligrafia e no tipo de pergaminho utilizados, confirmando se tratar de uma edição autêntica da Magna Carta emitida em nome do rei Eduardo I, no ano de 1300.
O que é a Magna Carta e por que essa versão é tão especial?
Um marco do constitucionalismo ocidental
A Magna Carta, originalmente assinada em 1215 pelo rei João da Inglaterra, é considerada um dos documentos mais influentes da história política ocidental. Ela introduziu princípios como a limitação do poder real, a proteção de direitos individuais e o conceito de que o soberano está submetido à lei. A carta é vista como base para o desenvolvimento de sistemas democráticos modernos, como o britânico e o americano.
A versão de 1300: raridade confirmada
A versão encontrada em Harvard data de 1300, um dos últimos anos em que a Magna Carta foi reemitida sob o reinado de Eduardo I. Antes dessa descoberta, apenas seis cópias dessa edição eram conhecidas no mundo. Agora, com o documento de Harvard confirmado como autêntico, esse número sobe para sete. A raridade e o estado de preservação do pergaminho tornam essa cópia especialmente valiosa, tanto do ponto de vista histórico quanto monetário.
Como o documento chegou a Harvard?
Um percurso de séculos até os Estados Unidos
A origem exata do manuscrito ainda está sendo traçada pelos estudiosos, mas há indícios de que ele tenha sido originalmente enviado ao município inglês de Appleby. Posteriormente, passou pelas mãos de colecionadores privados e chegou a fazer parte do acervo de Thomas Clarkson, um renomado abolicionista do século XIX.
Mais tarde, o documento foi parar nas mãos de um piloto da Primeira Guerra Mundial, Forster Maynard, que o levou aos Estados Unidos. Eventualmente, ele foi leiloado pela casa Sotheby’s, sendo adquirido pela Faculdade de Direito de Harvard em um momento em que seu valor não era devidamente reconhecido.
Adquirido por menos de 30 dólares
A quantia paga por Harvard pelo manuscrito em 1946 — apenas US$ 27,50 — ilustra como o valor de documentos históricos pode ser subestimado quando não são corretamente autenticados. Hoje, com a confirmação de sua autenticidade, especialistas estimam que o documento pode valer milhões de dólares, embora sua relevância acadêmica e cultural seja ainda mais significativa do que o valor financeiro.
O processo de verificação e os sinais de autenticidade
Caligrafia e padrão medieval
A letra utilizada no manuscrito — uma variação da letra gótica — chamou a atenção dos especialistas. Um detalhe em particular, a grafia incomum da letra “D” maiúscula no nome “Edwardus”, foi um dos fatores decisivos para o reconhecimento da autenticidade do documento, por corresponder a padrões gráficos usados nas cópias legítimas da Magna Carta no século XIV.
Técnicas modernas de análise documental
A verificação também envolveu o uso de imagens em espectro ultravioleta, que permitem identificar alterações ou envelhecimento natural do pergaminho. Além disso, foram analisadas as marcas de dobra, manchas e composição da tinta, tudo corroborando a autenticidade do manuscrito.
Repercussões da descoberta
Um alerta para bibliotecas e arquivos históricos
A descoberta reforça a importância de preservar, catalogar e reavaliar documentos antigos, mesmo os considerados “cópias comuns”. Muitas vezes, tesouros históricos ficam esquecidos por décadas até que alguma investigação mais apurada revele sua real importância.
Harvard, que já possui um dos acervos acadêmicos mais respeitados do mundo, agora se vê ainda mais valorizada com a posse de uma das cópias mais raras da Magna Carta existentes.
Impacto no mundo acadêmico e jurídico
Para estudiosos do Direito, da História e das Ciências Políticas, a existência de uma nova cópia da Magna Carta autenticada é motivo de comemoração. O documento poderá ser objeto de novas pesquisas, exposições e análises, enriquecendo o conhecimento sobre o desenvolvimento do Estado de Direito.
Além disso, reforça o simbolismo da Magna Carta como precursora de valores democráticos fundamentais, como o devido processo legal e os limites ao poder do Estado.
O que acontecerá com o documento agora?
Conservação e exibição pública
A expectativa é que o manuscrito passe por um processo de conservação ainda mais criterioso e venha a ser exibido ao público em eventos acadêmicos e exposições. A própria Faculdade de Direito de Harvard já estuda incluir o documento em suas programações oficiais, destacando o impacto jurídico e histórico da Magna Carta ao longo dos séculos.
Possível reavaliação do acervo
Motivados pela descoberta, bibliotecários e pesquisadores da universidade já consideram revisar outros documentos antigos em busca de novas surpresas. Harvard, que sempre foi sinônimo de excelência acadêmica, agora se coloca também como protagonista em uma das descobertas documentais mais relevantes da década.
Considerações finais: um achado que resgata o valor da memória
A confirmação de que a cópia da Magna Carta guardada por Harvard é, na verdade, um documento autêntico do ano 1300, mostra como a história ainda pode surpreender mesmo em tempos de alta tecnologia. A autenticidade, antes subestimada, agora resgata o prestígio desse manuscrito e de sua trajetória centenária.
Mais do que o valor material, a descoberta simboliza o poder da memória, da pesquisa e da preservação documental. Um manuscrito esquecido em um acervo acadêmico tornou-se novamente uma joia da história mundial — e agora, sob os olhos atentos da ciência, ocupará o lugar que merece no patrimônio da humanidade.
