Comportamento involuntário afeta o sono, a saúde bucal e pode sinalizar tensões emocionais
Com a chegada das temperaturas mais baixas, especialistas têm observado um aumento nos casos de bruxismo infantil — o hábito inconsciente de ranger ou apertar os dentes, principalmente durante a noite. O problema, comum na infância, pode se intensificar no inverno por causa da contração muscular provocada pelo frio e também por alterações na respiração e no comportamento emocional das crianças.
Embora nem sempre cause dor imediata, o bruxismo pode afetar a qualidade do sono, desgastar os dentes e causar dores musculares e na mandíbula. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações futuras.
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O que é o bruxismo na infância?
Ato involuntário pode ter causas físicas, emocionais ou respiratórias
O bruxismo infantil é caracterizado pelo ato involuntário de pressionar ou ranger os dentes. Esse movimento pode acontecer tanto enquanto a criança está acordada (bruxismo em vigília) quanto durante o sono (bruxismo noturno), sendo este último o mais comum.
Estima-se que entre 15% e 30% das crianças passem por algum episódio de bruxismo ao longo do desenvolvimento. Na maioria das vezes, o quadro é temporário, mas em alguns casos pode persistir e necessitar de acompanhamento.
Por que o inverno piora os sintomas do bruxismo?
Três fatores explicam o aumento de casos em épocas frias
Durante os meses mais frios, diversos fatores contribuem para que o bruxismo se manifeste com mais frequência ou intensidade entre as crianças:
Contrações musculares involuntárias
O frio faz com que o corpo se contraia naturalmente como mecanismo de proteção térmica. Essa tensão atinge inclusive os músculos da face e da mandíbula, o que pode facilitar o apertamento dos dentes, especialmente durante o sono.
Obstruções respiratórias e respiração bucal
Gripes, rinites e outras condições respiratórias típicas do inverno podem obstruir as vias nasais, levando a respiração pela boca durante a noite. Essa alteração na mecânica da mandíbula favorece o aparecimento do bruxismo.
Estresse e mudanças na rotina
A chegada do inverno coincide com períodos escolares mais exigentes, provas e mudanças no ambiente familiar. Esses fatores aumentam a ansiedade e o estresse infantil, que são conhecidos gatilhos emocionais do bruxismo.
Como identificar o bruxismo em crianças?
Atenção aos sinais noturnos e queixas ao acordar
Nem sempre é fácil perceber que a criança está rangendo os dentes, principalmente porque o episódio costuma acontecer durante o sono. No entanto, alguns sinais e sintomas merecem atenção:
- Barulho de ranger de dentes durante a noite;
- Dor ou desconforto na mandíbula pela manhã;
- Dores de cabeça frequentes;
- Dentes visivelmente desgastados;
- Cansaço ao acordar, mesmo após dormir por horas;
- Irritabilidade e dificuldade de concentração.
Em muitos casos, os próprios responsáveis percebem o som do ranger dos dentes durante a madrugada, o que pode ser um indicativo inicial do problema.
Quais são as causas do bruxismo infantil?
Origem pode ser multifatorial e variar conforme a idade
O bruxismo pode surgir por uma combinação de fatores emocionais, físicos e fisiológicos. Entre os mais comuns estão:
Estresse e ansiedade
Mudanças na rotina, tensão na escola, brigas em casa ou até mesmo o nascimento de um irmão podem provocar respostas emocionais inconscientes que resultam no ranger dos dentes como forma de liberar tensão.
Erupção dos dentes
Durante as fases de troca da dentição, é normal que algumas crianças apresentem bruxismo como reação ao desconforto causado pelos novos dentes.
Má oclusão dentária
Problemas na mordida, quando os dentes superiores e inferiores não se encaixam corretamente, também podem desencadear o comportamento.
Problemas respiratórios
Apneia do sono, obstruções nasais e hipertrofia de adenoides ou amígdalas estão entre as causas que levam a mudanças na posição mandibular, facilitando o bruxismo.
Predisposição genética
Filhos de adultos que sofreram com bruxismo na infância têm maior probabilidade de também apresentar a condição.
Quando é necessário buscar ajuda profissional?
Sintomas persistentes exigem avaliação odontológica
Se os episódios de bruxismo se tornam frequentes, intensos ou causam incômodos diários, é hora de procurar um especialista. Dentistas com foco em odontopediatria são os mais indicados para avaliar o caso.
Sinais de alerta incluem:
- Ranger constante por mais de um mês;
- Queixas de dor ao mastigar ou bocejar;
- Dentes desgastados precocemente;
- Sono agitado e não reparador;
- Alterações no comportamento.
O diagnóstico é clínico, baseado na observação da criança e em relatos dos pais. Em alguns casos, exames complementares podem ser solicitados, como avaliação da mordida ou encaminhamento para especialistas em sono ou psicologia infantil.
Como tratar o bruxismo infantil?
Abordagem varia de acordo com a causa e a gravidade
O tratamento do bruxismo na infância é adaptado a cada caso. Algumas das estratégias mais utilizadas incluem:
Intervenções comportamentais
Quando a origem do bruxismo é emocional, o acompanhamento psicológico pode ajudar a criança a lidar com medos, inseguranças e ansiedades.
Fisioterapia e relaxamento
Exercícios de alongamento, massagens faciais e uso de compressas mornas auxiliam na redução da tensão muscular.
Correção ortodôntica
Se houver desalinhamento dentário, o ortodontista pode indicar o uso de aparelhos para melhorar o encaixe entre os dentes e aliviar o problema.
Placas de mordida
Em casos mais intensos, o dentista pode indicar o uso de placas acrílicas noturnas, que protegem os dentes contra o desgaste. Esse recurso é utilizado com cautela em crianças, considerando o desenvolvimento da arcada dentária.
Como os pais podem ajudar em casa?
Rotina tranquila e ambiente acolhedor fazem a diferença
Pais e cuidadores têm um papel fundamental na prevenção e no alívio do bruxismo infantil. Algumas medidas simples podem ajudar a controlar o problema:
- Estabelecer uma rotina de sono regular;
- Evitar o uso de telas antes de dormir;
- Reduzir o consumo de açúcar e alimentos estimulantes à noite;
- Conversar com a criança sobre seus sentimentos e angústias;
- Garantir que o quarto esteja com temperatura agradável;
- Estimular a respiração nasal com uso de soro fisiológico quando necessário.
O bruxismo infantil desaparece com o tempo?
Em muitos casos, sim — mas o acompanhamento é essencial
Grande parte dos casos de bruxismo na infância são transitórios e desaparecem sem a necessidade de tratamentos invasivos. No entanto, em situações mais persistentes ou intensas, o acompanhamento profissional evita consequências duradouras como dor crônica, desgaste dentário e distúrbios de sono.