O truque é simples: o mágico mostra um pote em chamas e depois o fecha, pedindo que alguém da plateia o assopre. Quando o pote se abre novamente, o fogo sumiu e, em seu lugar, há um lanche e um copo de café.
Esta é a mágica que Andrey Marake faz todo domingo de manhã pelas ruas em Curitiba, sua plateia é sempre formada por moradores de rua, que recebem a singela doação com alegria e emoção.
A “Mágica da Solidariedade” começou no fim de 2016, quando o ilusionista Lucas Andrey Barabach Nogueira, percebeu a quantidade de pessoas que, infelizmente, vivem em condições precárias nas ruas da capital paranaense.
“Em Curitiba, quando me mudei, fiquei muito surpreso com a quantidade de pessoas nessa situação, passando frio e fome; tem gente praticamente em toda esquina”, explica em entrevista ao G1.
Junto de seu amigo e assistente, Joilson Guilherme da Silva, ele prepara cerca de 10 lanches de presunto e queijo e uma garrafa térmica de café e vai às ruas realizar seu pequeno truque e trazer um pouco de conforto às pessoas.
“Muita gente apenas critica, acha que a gente está na situação porque quer. Ainda bem que tem pessoas como eles, de coração bom”, diz Simone Regina Oliveira dos Santos, que vive na rua desde os 14 anos.
“A gente não é bandido. Eu tive que chegar ao fundo do poço para saber o que é realmente sofrimento. Só passando pela situação para saber. Machuca muito. Não dá vontade de acordar. Cria uma revolta, a gente chega a pensar que não vale a pena viver”, conta Jorge Aníbal Pasaglia, que vive na rua há dois anos e se disse emocionado ao participar do truque de mágica.
Andrey pratica ilusionismo desde os 12 anos, quando uma professora destacou seu talento para as artes. Desde então, o jovem de 19 anos aprende truques na TV e na internet e realiza shows em diversas cidades paranaenses, isso sem deixar de ajudar aqueles que necessitam. Ele conta que já ajudou cerca de 60 pessoas e seu projeto teve repercussão positiva quando um vídeo postado no Facebook alcançou um milhão de visualizações.
Para ele, fazer o número de mágica nunca é repetitivo e sempre é emocionante. Segundo ele, certa vez foi impossível se conter e ele abraçou um dos moradores de rua. “Um senhor me perguntou porque a gente tava fazendo isso. Disse que as pessoas não olham pra ele, que ele só é ignorado. Fiquei emocionado e pedi para abraçá-lo”, finaliza.
Fotos: Giuliano Gomes/Agência PR PRESS
Ana Oliveira