O bondade ainda existe no mundo e, quando alguém arrisca sua vida para salvar outra, ainda temos esperança nas pessoas. Douglas Gomes tem 26 anos e é técnico em mecânica. Mas apenas isso não diz quem ele realmente é, e sim, sua ação incrível e que, infelizmente, pouquíssimas pessoas fariam o mesmo.
Tudo começou com um alagamento em Blumenal, Santa Catarina, na última terça-feira (16). A forte chuva no local inundou a casa do tatuador Clóvis Joel de Oliveira, vizinho de Douglas. No momento, ele estava em uma viagem com a família, mas ainda haviam três vidas ali dentro.
Uma delas era Kira, a cadelinha de Clóvis. Douglas não pensou duas vezes e foi em direção à casa repleta de água até o telhado. Em vídeo, que viralizou nas redes sociais, o mecânico aparece caminhando em meio à inundação até o pescoço até colocar a cadela nos ombros.

“Quando cheguei, ela estava na ponta das patinhas pendurada em uma janela, assustada e sem fôlego de tanto nadar. Quando soube que ela estava lá não pensei em nada, só fui entrando na água”, disse Douglas ao G1.
A voz que se ouve na gravação é da mãe dele, Leonora Gomes. No vídeo, ela pede que o filho tenha cuidado, pois o animal pode mordê-lo, enquanto ele caminha decidido até resgatar Kira.

“Muita gente viu o vídeo nas redes sociais e me parabenizou pelo gesto. Na verdade, eu fiz o que gostaria que fizessem pelas minhas cachorras. Em 2011, eu estava no quartel quando tivemos outra enchente aqui e também ajudei no que pude”, contou.
Veja o vídeo:
Além de Kira, no momento da enchente estavam na casa outras duas cadelas e a sogra de Clóvis. A mulher conseguiu retirar só duas cachorras, mas Kira ficou. “Ontem, era aniversário da minha mulher. Ela, minhas filhas e eu estávamos no Beto Carrero comemorando e soubemos do alagamento. Quando nos ligaram, achamos que nenhuma das cachorras tivessem se salvado. Hoje, abracei muito o Douglas, não tenho como agradecer pelo que ele fez por nós”, afirmou o tatuador.

Agora, Clóvis está trabalhando na remoção da lama que ficou em sua residência. “Levei cinco anos para construir minha casa e tudo que restou foram as paredes. Ainda bem que minhas filhas estavam comigo, porque se estivessem em casa, agora estariam mortas”, disse.

Desde o alagamento, Clóvis e a família estão na casa de parentes. De acordo com o Corpo de Bombeiros, apesar de heróica, a iniciativa de Douglas de entrar em uma área alagada poderia ter tido um desfecho trágico. “Água é sempre sinônimo de perigo, tem risco de afogamento. A correnteza poderia tê-lo arrastado, como aconteceu em Florianópolis com um homem no Morro do Quilombo. Nesses casos, o melhor a fazer é acionar os bombeiros pelo 193”, disse o tenente Eduardo Silveira Peduzzi ao G1.

Claro que uma história que teve esse final feliz poderia ter sido mais trágica, com a morte tanto da cadela quanto de Douglas. Mas são nossas ações que dizem quem nós somos e o quanto colocamos a felicidade e bem estar do próximo em primeiro lugar. Se não fosse o mecânico, hoje as filhas de Clóvis não teriam Kira ao seu lado para dormir e brincar, afinal, até os bombeiros chagarem no local, seria tarde demais.
Fonte: G1


