Em 2008, o engenheiro elétrico já aposentado Josef Fritzl, de 73 anos, assumiu a culpa de ter mantido sua filha Elisabeth presa no porão de sua casa em Amstetten, que fica há 130km de distância de Viena. A mulher viveu durante 24 anos sem nenhum contato com o mundo exterior e foi abusada sexualmente pelo pai durante todo esse período. O resultado desse crime resultou em sete filhos que nasceram todos em cativeiro, sendo que 4 deles morava com Fritzl e 3 permaneceram ao lado de Elisabeth num cômodo de 60 metros quadrados, sem luz e nem ventilação natural e onde aconteciam os estupros frequentes.
O caso de sequestro só foi desvendado depois que a criança mais velha, Kerstin, de 19 anos, precisou ser internada em estado grave com uma doença degenerativa- consequência do incesto- e a polícia acabou recebendo uma ligação anônima denunciando os abusos- indicando que alguém suspeitava de Fritzl ou que saberia de todo o caso.
Elisabeth expôs em depoimento à justiça os detalhes dos anos de tortura, mas se recusou ficar diante de seu agressor. Ela alegou em gravação que os abusos começaram quando ela tinha apenas 11 anos e pioraram quando aos 16 ela tentou fugir de casa. Uma segunda tentativa de fuga aconteceu aos 18 anos, mas ela acabou sendo enganada pelo pai que a obrigou a entrar em um porão, a algemou e drogou.
A família pensava que Elisabeth tinha se unido com uma seita e teria fugido com eles. Os sete filhos gerados por incesto viveram em situações traumáticas durante toda a vida, sendo que os três que viviam no cativeiro com a mãe-irmã nunca tinham visto a luz do dia até serem resgatados. Stefan, de 18 anos e Felix de 5, viviam com a irmã já citada anteriormente, Kerstin e nunca foram para a escola. Alexander, 12, Monica, 14 e Lisa de 15, viviam com o avô-pai na casa da família sob a mentira de que Elisabeth teria deixado as crianças no portão da casa dos pais porque não queria criá-los, estes tiveram estudos e interagiam normalmente na sociedade.
Ainda há mais um relato chocante relacionado aos anos de confinamento. Alexander teria nascido com seu irmão gêmeo, mas o outro bebê não sobreviveu muito tempo depois do parto e seu corpo teria sido incinerado por Fritzl, este, que se recusou levar a criança ao médico e pode ser condenado por crime de omissão.
Atualmente, com 42 anos, Elisabeth se encontra internada com seus filhos Stefan e Felix sob o diagnóstico de traumas profundos. Além disso, os jovens sofrem de distúrbios visuais e de pele, resultado de falta de exposição à luz solar. Os investigadores fizeram testes de paternidade que comprovaram que Fritzl é pai das crianças que sobreviveram ao cativeiro.
Há poucos dias a polícia divulgou imagens do cativeiro que mostrava uma porta de acesso revestida de concreto, localizada atrás de uma estante no porão. Para entrar no cômodo era preciso acionar um mecanismo eletrônico do qual o código só era acessado pelo sequestrador, este, que sempre reclamava da polícia que nunca encontrava sua filha, achando que assim ele ficaria longe das suspeitas.
O julgamento de Fritzl foi no dia 19 de março, onde ele foi julgado e condenado à prisão perpétua pelos crimes de incesto, estupro, cárcere privado e homicídio. Ao longo desses 24 anos de tortura, Elisabeth pode ter sido estuprada cerca de 3 mil vezes. Atualmente ela vive com os seis filhos sob uma identidade nova em local secreto.