Estudo da USP revela estratégias cotidianas para preservar a memória
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), por meio de um levantamento conduzido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, divulgaram recentemente os resultados de um estudo que aponta como práticas simples do dia a dia podem ajudar a preservar a memória e manter o funcionamento do cérebro em bom estado ao longo dos anos.
As conclusões reforçam que, mesmo com o envelhecimento natural do corpo, é possível manter a saúde cognitiva por meio de hábitos acessíveis e fáceis de incorporar à rotina.
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Como a memória se transforma com a idade
Com o passar do tempo, é comum que algumas funções do cérebro se tornem menos eficientes. A velocidade de processamento, a atenção e a capacidade de reter informações novas tendem a diminuir, mas isso não significa que a perda de memória seja inevitável ou irreversível.
Especialistas explicam que o cérebro possui grande capacidade de adaptação, um fenômeno conhecido como neuroplasticidade. Essa habilidade permite que novas conexões neurais se formem ao longo da vida, mesmo na terceira idade — desde que o cérebro seja estimulado com regularidade.
Hábitos diários que contribuem para a saúde do cérebro

Estimular a atenção em atividades simples
Práticas cotidianas, como memorizar onde estacionou o carro, lembrar os itens de uma lista de compras ou tentar se recordar de um número de telefone sem consultar o celular, são formas eficazes de manter a mente ativa. Ao prestar atenção intencionalmente em pequenas tarefas, a memória de curto prazo é reforçada e o cérebro se exercita.
Aprender coisas novas com frequência
A pesquisa da USP destaca que o aprendizado constante é um dos pilares da saúde mental. Iniciar um curso, explorar um novo idioma, tentar um hobby diferente ou até buscar novos caminhos para realizar tarefas habituais são maneiras de estimular a mente. Esse tipo de desafio fortalece as conexões neurais e favorece a retenção de informações.
Fazer anotações com papel e caneta
Escrever à mão é uma atividade que envolve diferentes regiões do cérebro. Ao registrar compromissos, ideias ou planos em um caderno, o cérebro ativa áreas relacionadas à linguagem, à coordenação motora e à memória visual. O hábito de anotar também contribui para a organização mental, facilitando o foco e a produtividade.
Inserir jogos e desafios no cotidiano
Palavras-cruzadas, quebra-cabeças, jogos de lógica e desafios matemáticos são ótimas alternativas para manter o raciocínio em dia. Essas atividades fortalecem áreas do cérebro ligadas à memória operacional e ao pensamento estratégico, além de serem formas divertidas de cuidar da saúde cognitiva.
O papel da rotina e da organização mental
A desorganização pode gerar sobrecarga mental, dificultando o armazenamento de novas informações. Ter uma rotina bem definida, com horários para alimentação, descanso e lazer, facilita a estruturação do dia e reduz o nível de estresse — um dos principais inimigos da memória.
Separar momentos para planejamento, usar agendas ou aplicativos e estabelecer prioridades ajudam o cérebro a operar com mais eficiência e menos esforço.
A importância do sono na consolidação da memória
Durante o sono, o cérebro realiza uma espécie de “limpeza” e reorganização. É nesse momento que as memórias do dia são consolidadas, ou seja, transferidas da memória de curto para a de longo prazo.
Privar-se do sono ou ter noites mal dormidas afeta diretamente a capacidade de concentração e a fixação de conteúdos. Por isso, dormir entre sete e oito horas por noite, com regularidade, é fundamental para preservar o funcionamento cerebral.
Alimentação equilibrada protege as células cerebrais
A dieta também influencia a saúde do cérebro. Alimentos ricos em antioxidantes, como frutas vermelhas, vegetais verdes escuros, azeite de oliva e nozes, combatem os radicais livres que danificam as células. Além disso, peixes com ômega-3, como salmão e sardinha, favorecem a comunicação entre os neurônios.
Evitar o consumo excessivo de açúcar, frituras e produtos ultraprocessados é igualmente importante, já que esses itens contribuem para inflamações que prejudicam a função cerebral.
Atividades físicas estimulam a mente e o corpo
A prática de exercícios regulares melhora o fluxo sanguíneo para o cérebro, favorecendo a oxigenação e a liberação de neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar, como a dopamina e a serotonina. Caminhadas, natação, yoga e danças são exemplos de atividades que podem ser praticadas em diferentes fases da vida e que contribuem para a saúde do cérebro.
Estudos apontam que pessoas ativas fisicamente têm menor risco de desenvolver doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
Saúde emocional e memória estão conectadas
Emoções mal gerenciadas afetam diretamente a memória e a atenção. Altos níveis de ansiedade, tristeza persistente ou estresse crônico liberam substâncias como o cortisol, que pode afetar o funcionamento do hipocampo — a região do cérebro responsável pela memória.
Práticas como meditação, mindfulness, psicoterapia e técnicas de respiração contribuem para o equilíbrio emocional e, consequentemente, para a clareza mental.
Relações sociais estimulam o cérebro
Conversar, escutar, expressar ideias e manter vínculos afetivos são atividades que ativam diversas áreas do cérebro. O convívio social exige memória, linguagem, empatia e raciocínio rápido, funcionando como um verdadeiro treino para o cérebro.
A solidão, por outro lado, está associada a maiores índices de declínio cognitivo. Por isso, manter contato com amigos, participar de grupos e preservar relações familiares é uma forma eficaz de proteger a mente.
Dicas práticas para fortalecer sua memória todos os dias
- Dedique tempo para aprender algo novo, mesmo que por poucos minutos
- Leia livros, notícias ou artigos e comente sobre eles com outras pessoas
- Crie listas de tarefas e tente memorizá-las antes de consultar
- Insira desafios mentais leves em sua rotina, como um jogo de lógica pela manhã
- Mantenha uma rotina de sono regular, com ambiente adequado e horários fixos
- Prefira alimentos frescos e variados, ricos em nutrientes antioxidantes
- Pratique atividades físicas que também tragam prazer e relaxamento
- Busque apoio emocional sempre que necessário
- Valorize os momentos de lazer e conexão com outras pessoas
A conclusão da USP: é possível envelhecer com boa memória
O estudo conduzido pela USP mostra que o envelhecimento não precisa estar associado à perda de memória. Pelo contrário: com hábitos consistentes, o cérebro pode permanecer ativo, saudável e produtivo por muito mais tempo.
Blindar a memória é uma construção diária. Pequenas atitudes, repetidas com frequência, têm o poder de fortalecer o cérebro, melhorar a qualidade de vida e promover o bem-estar em todas as fases da vida.













