Deve ser uma situação muito esquisita, não? Imagine ouvir tudo o que os outros estão falando e não conseguir responder de volta. E essa foi a vida de Martin Pistorius por alguns anos depois de uma doença horrível. As pessoas passavam ao seu lado, falavam coisas sem saber que esse tempo todo ele conseguia ouvir e ver absolutamente tudo.
Mas nem sempre a vida de Martin foi assim. Apenas quando ele atingiu seus doze anos que algo mudou totalmente após uma dor de garganta. Com o tempo, seus músculos foram ficando debilitados e ele perdeu o controle de seu corpo, além de não conseguir mais se comunicar. Para os médicos, o menino não sentia nem via o que acontecia ao seu redor. Será mesmo?
Infelizmente, depois disso, Martin recebeu cuidados médicos em hospitais e em centros especiais, onde foi violentado verbal, física e sexualmente. Segundo ele, nem todas as agressões eram dirigidas a ele, mas o jovem acabava sempre presenciando-as. Por dez anos, Martin ficou completamente imóvel, se sentindo como um menino fantasma.
Todavia nem todos foram assim. Alguns o trataram com carinho e respeito; inclusive foi uma terapeuta que notou o brilho em seus olhos e se convenceu de que ele percebia as coisas que passavam ao seu redor. E foi graças à ela que Martin ganhou um tratamento cognitivo que permitiu que ele recuperasse a mobilidade.
O mais triste de tudo isso é que Martin ouvia e percebia tudo o que acontecia e algumas pessoas diziam coisas bastante obscuras. “Eu o disse um dia: Espero que você morra. Não tinha ideia que ele tinha entendido. Estou muito arrependida de ter dito isso a ele”, conta a mãe, Joan.
Mas ele não levou aquelas palavras a mal, já que entendeu que ela só queria que ele não sofresse mais. “Minha mãe frequentemente sentia que não era uma boa mãe e uma das coisas mais difíceis para mim era não poder dizer que ela estava sendo ótima”, diz Martin.
Atualmente, o jovem está casado com uma amiga de sua irmã, Joanna, com quem ele já viajou o mundo. Hoje, vivem uma vida normal graças à terapia e esforço que o ajudaram a recuperar seus músculos. Inclusive, Martin pode até dirigir um carro que foi adaptado especialmente para ele.
Ah, e ele até já escreveu um livro, “Ghost Boy” contando sua experiência dos anos que passou imóvel e de sua recuperação.
E com essa experiência, Martin diz que aprendeu a “não subestimar o poder da mente, a importância do amor e da fé e nunca deixar de sonhar”.
Lindo, não?
Beatriz Ponzio
Fotos: Youtube/NBC