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Crianças são trocadas na maternidade e ao descobrir, famílias se recusam a ‘destrocá-las’

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Casos em que bebês são trocados na maternidade são raros, mas acontecem. E esse erro acaba prejudicando as famílias envolvidas e mexendo com os sentimentos, principalmente das crianças, que se apegam aos pais.

Em Assam, no noroeste da Índia, um caso como esse ocorreu. Mas, o desfecho dessa história não foi o esperado. Shahabuddin Ahmed levou sua mulher, Salma Parbin, ao hospital para dar à luz em agosto de 2015. Uma semana depois, Salma percebeu que havia algo errado com seu bebê:

“Uma semana depois, minha mulher me disse: ‘esse bebê não é nosso’. Eu respondi: ‘o que você está dizendo? Não deveria falar assim de uma criança inocente’. Mas minha mulher disse que havia uma mulher da tribo Bodo na sala de parto e que ela achava que nossos bebês tinham sido trocados”, contou Shahabuddin.

As suspeitas de Salma começaram assim que colocou os olhos no filho, pois os traços do menino lembrava a mulher que estava ao seu lado na sala de parto. Insistindo muito ao marido, ele foi até o hospital falar sobre o caso. Tudo o que recebeu foi uma resposta alegando que sua esposa estava com problemas mentais. Então, entrou com um pedido para ter acesso às informações sobre os bebês nascidos perto do horário do seu filho no local.

Respostas às dúvidas:

Ao receber os dados, percebeu a semelhança entre a mulher em questão e seu filho. Resolveu mandar uma carta para ela e sua família:

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“Então escrevi uma carta. Disse que minha mulher acreditava que nossos bebês tinham sido trocados e perguntei se eles também suspeitavam disso. Escrevi meu telefone no fim da carta e pedi para que eles me ligassem.”, conta Shahabuddin.

A outra família:

Anil e Shewali Boro são de outra religião. Eles são tribais hindus, enquanto a outra família é muçulmana. Viviam com o filho Riyan Chandra e em momento algum suspeitaram de que o bebê não fosse deles. Somente quando receberam a carta é que passaram a cogitar a questão. Quando as duas famílias se encontraram, ficou óbvia a semelhança:

“Na primeira vez que o vi, percebi que ele se parecia com meu marido. Fiquei muito triste, chorei. Somos da tribo Bodo, não nos parecemos com outras pessoas de Assam ou com muçulmanos. Nossos olhos são levemente puxados, nossas bochechas são mais pronunciadas e nossas mãos, mais gordinhas. Somos diferentes, temos características mongóis”, diz Shewali Boro.

Já Salma percebeu que se tratava do seu filho no momento em que o viu. Mas, Shewali se opôs a trocá-los. O marido de Salma entrou em contato com o hospital, noticiando o erro, mas nada feito. Somente após um teste de DNA é que ele provou a troca das crianças.

Hospital não aceita o exame de DNA:

O hospital alegou que o exame não era válido na justiça. Porém, Shahabuddin estava determinado. Ele levou os documentos à polícia. O delegado que investigou ao caso, Hemanta Baruah, falou à BBC que foi difícil concluir o caso:

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“Então coletamos amostras novamente em abril do ano passado, eles foram testados em um laboratório na capital do Estado, Guwahati, e tivemos os resultados em novembro. Eles provaram que a acusação de Ahmed de que os bebês tinham sido trocados era verdade.”, contou.

O caso foi finalmente parar na justiça, mas no dia da troca, as duas crianças se recusaram a deixar os pais que as tinham criado. Afinal, nos últimos três anos era com eles que os pequenos tinham vivido e se apegado. Quando eles estiverem maiores, vão poder decidir onde ficar, mas por hora, ambas famílias se esforçam para ter uma relação conjunta, sem se distanciarem.
Foto: Reprodução/BBC
Fonte: G1

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