A paulista Luana Farias, de 27 anos, veio de uma família humilde. Ela estudou a vida toda em escolas públicas e atualmente trabalha como cobradora de ônibus em uma carga horária puxada.
O sonho
Luana começou a estudar para o concurso do TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo. Ela prestou o concurso pela primeira vez em 2017 e não foi aprovada. Mas o resultado negativo não foi o suficiente para fazer a mulher desistir.“Quando começaram os rumores de que sairia o concurso em 2021, comecei a me preparar para as matérias, estudando mais de seis horas por dia. Estudava os conteúdos de Direito pelo site do Planalto e assistia videoaulas de raciocínio lógico e matemática, pois eram as matérias que eu tinha mais dificuldade”, lembra. “A rotina de trabalhar e estudar era bem cansativa. Às vezes, eu me sentia fatigada mentalmente. Noutras, eu desanimava porque não estava conseguindo evoluir nos simulados e até pensava em desistir, mas me mantive de olho no meu objetivo.”
Ser resiliente e ignorar os comentários
Ela dedicava cada minuto que podia ao estudo. “Estudava na catraca” declara. A cobradora também conta que o dia a dia de quem trabalha no ônibus não é nada fácil. Ela já ouviu comentários maldosos por ser cobradora de ônibus e por ter uma deficiência visual.“Muitos encaram essa profissão como algo obsoleto, são hostis, dizem que é inútil eu estar ali, que o cobrador não faz nada no ônibus”, comenta Luana. “O povo esquece que a gente oferece auxílio para pessoas deficientes ou com mobilidade reduzida, damos apoio ao motorista, mantemos a ordem no coletivo e fazemos a cobrança, pois muitos ainda pagam em dinheiro.”
Para ela a profissão é como qualquer outra. É uma profissão honesta e que trazia o sustento. Além disso. Havia também o desejo de melhorar a vida financeiramente e ajudar a família.
O sonho realizado
”Felizmente Luana foi aprovada e acaba de ser chamada para a nomeação. “Estudei na catraca e nem consigo assimilar que meu sonho vai se realizar”, comemora. “Agora, estou aguardando a posse para entrar em exercício na função e até lá seguirei trabalhando como cobradora. Estou muito grata e cheia de expectativas. Meu salário será cerca de quatro vezes mais do que o que eu ganho atualmente e o TJ vai poder me proporcionar muita coisa”.