O governo chinês decidiu barrar o uso de bonecos Labubu como estratégia de marketing por instituições financeiras. A decisão foi anunciada pela Administração Nacional de Regulação Financeira (NFRA), especificamente por sua filial na província de Zhejiang. O veto ocorre após uma onda de campanhas em que bancos ofereciam o brinquedo como recompensa para clientes que realizassem depósitos de valores elevados. A medida visa limitar práticas que, segundo as autoridades, podem causar distorções no mercado financeiro e prejudicar a saúde econômica das instituições bancárias.
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Como funcionavam as campanhas com os bonecos Labubu?
A febre dos brindes nos bancos chineses
O Labubu, personagem de uma linha de brinquedos colecionáveis que virou febre entre jovens chineses, passou a ser usado por bancos como um atrativo para novos depósitos. Uma das campanhas de maior repercussão foi realizada pelo Ping An Bank, que oferecia um boneco Labubu para clientes que fizessem um depósito mínimo de 50.000 yuans por pelo menos três meses.
O sucesso inesperado da promoção
A estratégia gerou filas em diversas agências, com jovens interessados mais no brinde do que nas vantagens financeiras da aplicação. Nas redes sociais chinesas, especialmente no Xiaohongshu, usuários relataram longas esperas para garantir o item. A campanha acabou viralizando e se tornou um fenômeno de engajamento para o banco.
Por que o governo decidiu intervir?
Pressão sobre a sustentabilidade financeira
Com os juros de depósitos em patamares historicamente baixos, os bancos estão operando com margens reduzidas. A adoção de brindes de alto valor agregado, como os bonecos Labubu, representava um custo extra significativo para as instituições, elevando as preocupações sobre a sustentabilidade financeira dessas campanhas.
Risco de captação inadequada de recursos
A NFRA destacou que o uso de brindes para atrair depósitos viola uma regulamentação de 2018, que proíbe os bancos de realizarem ações de marketing que incentivem captação de recursos de forma considerada irregular ou desleal. As autoridades também argumentaram que a prática poderia induzir os clientes a tomar decisões financeiras baseadas apenas no desejo pelo brinde, sem considerar aspectos como rentabilidade e segurança.
Incentivo a comportamentos de consumo não planejado
Além do impacto financeiro, a prática foi criticada por promover o consumismo desenfreado entre jovens, já que muitos se mostravam mais interessados no Labubu do que em qualquer planejamento de investimento.
Quem é o Labubu e por que tanto sucesso?
A origem do personagem
O Labubu é uma criação do artista de Hong Kong, Kasing Lung, em parceria com a Pop Mart, uma das maiores fabricantes de brinquedos colecionáveis da China. Lançado em 2015, o personagem faz parte da coleção “The Monsters”, que mistura elementos de fofura com traços grotescos.
O fenômeno da cultura pop
O boneco ganhou popularidade após celebridades como Rihanna e membros do grupo sul-coreano BLACKPINK serem vistos com versões do Labubu. Desde então, tornou-se um item de desejo entre colecionadores, principalmente por causa das chamadas “blind boxes”, em que o consumidor compra sem saber qual modelo receberá.
O valor de mercado
Edições limitadas e versões gigantes do Labubu já alcançaram preços superiores a US$ 150.000 em leilões, transformando o brinquedo em símbolo de status e objeto de desejo para milhares de fãs.
Como os bancos chineses reagiram à proibição?

Fim imediato das promoções
Após o anúncio da NFRA, bancos como o Ping An suspenderam imediatamente todas as campanhas envolvendo o Labubu. Embora algumas instituições tenham declarado que as promoções eram limitadas a determinadas regiões, o recado foi claro: o uso de brindes para captação de depósitos está fora dos padrões permitidos.
Reavaliação das estratégias de marketing
Com a restrição, os bancos começam a revisar suas estratégias de atração de clientes. Especialistas apontam que as instituições devem focar em benefícios financeiros mais claros e transparentes, como taxas de juros diferenciadas, programas de fidelidade ou serviços personalizados.
Impacto no mercado de colecionáveis
Efeito temporário na demanda por Labubu
Embora a proibição seja restrita ao setor bancário, a decisão gerou discussões no mercado de colecionáveis. Alguns analistas acreditam que o valor de revenda de certos modelos do Labubu possa ser impactado a curto prazo, devido à redução da exposição do personagem.
Expansão internacional da Pop Mart
Enquanto isso, a Pop Mart segue investindo em sua expansão global. Recentemente, a empresa inaugurou novas lojas em mercados como Estados Unidos e Europa, incluindo uma linha de joias e acessórios inspirados no Labubu.
As razões por trás da decisão governamental
Proteção ao consumidor
A principal justificativa do governo chinês foi proteger os consumidores, especialmente jovens, de práticas de marketing consideradas enganosas ou excessivamente apelativas.
Manutenção da estabilidade bancária
Outro motivo foi a necessidade de preservar a estabilidade do sistema bancário, evitando que campanhas de curto prazo coloquem em risco a rentabilidade das instituições financeiras.
Fortalecimento das regras do setor financeiro
A medida também se encaixa em um movimento maior de Pequim para reforçar o controle sobre instituições financeiras e garantir que o setor atue de acordo com as diretrizes de estabilidade e transparência.
Reflexões sobre o futuro do marketing bancário na China
A tendência de regulamentação mais rígida
A decisão da NFRA pode abrir caminho para novas regras mais rigorosas envolvendo ações promocionais no setor financeiro. O foco deverá ser em práticas que priorizem a educação financeira e a tomada de decisão consciente.
O desafio de atrair o público jovem
A proibição levanta uma questão importante para os bancos: como continuar atraindo os jovens sem recorrer a estratégias baseadas em consumo emocional? Programas de incentivo ligados à educação financeira e experiências personalizadas podem ser alternativas viáveis.
O papel das redes sociais
Outro ponto é o impacto das redes sociais na rápida disseminação de campanhas promocionais. O caso do Labubu mostrou o poder da viralização, mas também os riscos de ações de marketing sem controle.
Considerações finais
A proibição do uso dos bonecos Labubu por bancos na China representa um marco nas políticas de regulação de marketing financeiro no país. A decisão busca equilibrar inovação nas estratégias de captação de clientes com a proteção dos consumidores e a manutenção da saúde financeira das instituições. O episódio serve de alerta para outras empresas e países sobre os limites éticos do marketing no setor bancário.