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Alertar sobre radares no Waze ou Google Maps pode dobrar risco de multas

Estudo indica que usuários que colaboram com informações de fiscalização correm mais risco de serem autuados por excesso de velocidade

Recursos de alerta de radares oferecidos por aplicativos como Waze e Google Maps, amplamente usados para orientar motoristas em tempo real, podem estar ligados a um fenômeno inesperado: o aumento no número de multas de trânsito. Um estudo recente revelou que quem utiliza essas ferramentas para informar a localização de radares pode ter o dobro de chances de ser multado por velocidade.

A pesquisa, conduzida por especialistas em comportamento no trânsito, coloca em debate o impacto da tecnologia na condução diária, e sugere que a forma como motoristas utilizam as informações dos apps pode influenciar diretamente na forma como dirigem.

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Como funcionam os alertas colaborativos

Aplicativos de navegação e participação dos usuários

Tanto o Waze quanto o Google Maps permitem que os próprios usuários contribuam com alertas durante os trajetos. Esses alertas vão desde acidentes e obras até a localização de radares fixos ou móveis. Com base nessas informações, os aplicativos emitem avisos sonoros e visuais para alertar sobre possíveis pontos de fiscalização.

De aliados à confiança excessiva

Esses recursos, embora criados para incentivar a condução responsável, muitas vezes fazem com que os condutores reduzam a velocidade apenas nos trechos onde há radar, acelerando logo em seguida. Isso cria uma zona de conforto artificial, que leva à ideia de que só é necessário respeitar os limites onde existe fiscalização, e não em toda a via.

O que revelou o estudo sobre alertas de radares

Resultados preocupantes

A pesquisa, divulgada recentemente, analisou o comportamento de motoristas que fazem uso frequente dos alertas de radar nos aplicativos. Os dados mostram que esses usuários apresentaram uma taxa até 100% maior de infrações por excesso de velocidade, especialmente aquelas classificadas como leves, ou seja, até 20% acima do limite permitido.

Além disso, a incidência de multas reincidentes foi significativamente mais alta entre esse grupo de motoristas, sugerindo que o uso recorrente dos alertas pode reforçar hábitos arriscados de direção.

Radares como obstáculo, não como prevenção

O estudo também identificou que muitos condutores veem os radares não como ferramentas de segurança, mas como barreiras a serem evitadas. Isso distorce a finalidade da fiscalização eletrônica e pode levar à banalização das regras de trânsito, reforçando uma lógica de “acelera até o radar e freia depois”.

O papel do comportamento humano

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Imagem – Bestofweb/Freepik

Psicologia do trânsito: sensação de controle

Segundo psicólogos especializados em comportamento no trânsito, a presença de alertas gera no condutor uma falsa sensação de domínio da situação. Ao saber antecipadamente onde há fiscalização, o motorista pode sentir-se mais à vontade para cometer pequenos excessos, acreditando que será alertado sempre a tempo de evitar a multa.

Esse fenômeno é conhecido como ilusão de controle — quando o indivíduo acredita que pode prever e controlar os riscos, mesmo quando está agindo de forma imprudente.

O “risco calculado” e a infração intermitente

Outro ponto levantado por especialistas é o comportamento de risco intermitente. Ao alternar entre velocidades seguras e velocidades excessivas com base nos alertas de radar, o condutor passa a calcular o risco de ser multado, em vez de simplesmente respeitar o limite de velocidade. Essa conduta aumenta o risco de acidentes e prejudica a fluidez do trânsito.

O que dizem as empresas responsáveis

Posicionamento do Google e do Waze

As empresas responsáveis pelos aplicativos afirmam que os recursos de alerta têm como objetivo principal promover uma direção mais segura e informada. Em nota, o Google declarou que os alertas de radar “ajudam os motoristas a manterem a atenção e a respeitar os limites da via”.

A empresa também frisou que não incentiva comportamentos ilegais ou imprudentes, e que a função é construída com base na colaboração da comunidade, sem violar nenhuma norma vigente.

Debate sobre regulação

No Brasil, a prática de informar sobre radares não é ilegal — desde que a informação seja pública e não interfira em ações de fiscalização com sigilo operacional, como blitz da Lei Seca. No entanto, há projetos em discussão que buscam restringir a divulgação de localizações de radares móveis, sob o argumento de que isso pode enfraquecer políticas de segurança viária.

Como usar os aplicativos de forma consciente

Aplicativos são ferramentas, não substitutos da atenção

A tecnologia deve ser encarada como suporte à direção, não como um escudo contra penalidades. Para que o uso do Waze ou Google Maps seja positivo, o motorista precisa manter a atenção constante à sinalização da via, respeitar os limites e não depender exclusivamente dos alertas.

Dicas para uma navegação segura

  • Use o aplicativo como complemento, e não como base única de atenção
  • Mantenha a velocidade adequada, mesmo fora das áreas com radar
  • Respeite a sinalização vertical e horizontal da via
  • Evite usar o celular enquanto dirige, mesmo para interações com o app
  • Não compartilhe alertas falsos para tentar burlar o sistema

Tecnologia e segurança: aliadas ou rivais?

O desafio da educação digital no trânsito

O avanço da tecnologia exige uma atualização constante do comportamento dos motoristas. Ter acesso a informações em tempo real é uma vantagem, mas isso deve vir acompanhado de educação e responsabilidade. O uso dos apps precisa estar alinhado com os princípios da direção defensiva e da preservação da vida.

Caminhos possíveis para um uso mais inteligente

Nos próximos anos, é possível que aplicativos incorporem ferramentas de inteligência artificial que detectem padrões de comportamento e emitam alertas personalizados — não apenas sobre radares, mas também sobre curvas perigosas, condições climáticas e limites ajustados por trecho.

Isso poderá reforçar a função preventiva da tecnologia, em vez de servir apenas como ferramenta de “escapismo” da multa.

Considerações finais

O levantamento recente sobre o uso de alertas de radar no Waze e Google Maps lança luz sobre uma questão que vai além da tecnologia: o comportamento humano no trânsito. A facilidade em obter informações não deve substituir o compromisso com a responsabilidade.

Apps de navegação são, sem dúvida, grandes aliados na mobilidade urbana. No entanto, usá-los com consciência é essencial para que não se tornem ferramentas que reforçam a imprudência. Afinal, respeitar os limites de velocidade protege não apenas de multas, mas, principalmente, de acidentes.


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