Na série Wandinha, um dos personagens mais carismáticos e memoráveis não fala, não tem rosto e, ainda assim, transmite emoções de forma marcante. O mãozinha — conhecido internacionalmente como “Thing” — voltou a brilhar no revival da Família Addams, surpreendendo o público pela naturalidade e expressividade com que interage com a protagonista. Por trás dessa ilusão, há um processo criativo que mistura atuação física, maquiagem protética e tecnologia de efeitos visuais.
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Comunicação através de gestos
A força de um personagem silencioso
Mesmo sem voz, o mãozinha “fala” com o público por meio de movimentos precisos. Cada batida de dedos, rotação do punho ou inclinação da palma foi planejada para transmitir ironia, humor, apoio ou preocupação. Essa linguagem corporal exige preparo e coordenação entre ator, direção e equipe técnica.
Um ícone que atravessa décadas
Desde sua primeira aparição na televisão, nos anos 1960, o personagem passou por várias adaptações, do cinema aos desenhos animados. Em cada versão, manteve o elemento que o torna fascinante: a capacidade de criar empatia mesmo sendo apenas uma mão.
O ator por trás do mãozinha
Quem dá vida ao personagem
Na produção da Netflix, o responsável por interpretar o mãozinha é Victor Dorobantu, um artista com experiência em ilusionismo e manipulação. Ele usa a própria mão direita para atuar, vestindo roupas especiais que permitem a remoção digital de todo o corpo na pós-produção.
Treinamento e preparação
Para construir a personalidade do personagem, Dorobantu estudou técnicas de mímica e sinais não verbais. Houve ensaios específicos para criar uma “gramática gestual” coerente, de modo que o espectador entendesse a intenção de cada movimento.
O papel da maquiagem protética

Criando o “coto” característico
O efeito visual começa no set, com a aplicação de próteses que simulam a parte do braço cortada e costurada. Essas peças são produzidas com materiais que imitam a textura da pele e contam com detalhes como cicatrizes e suturas, reforçando a estética sombria do universo da série.
Variações para diferentes cenas
A produção mantém múltiplas versões da prótese: algumas mais limpas, outras sujas ou danificadas, dependendo da situação mostrada no episódio. Isso garante continuidade e realismo, além de agilizar as trocas durante as filmagens.
O uso da tecnologia no processo
Chroma key e remoção digital
Durante as cenas, o ator veste um traje de cor sólida, geralmente azul ou verde, permitindo que a equipe de efeitos visuais apague digitalmente seu corpo, deixando apenas a mão visível. Em alguns casos, o set é adaptado com móveis e objetos projetados para esconder o ator de forma prática.
Ajustes e retoques na pós-produção
Os efeitos visuais não criam o personagem do zero — o desempenho é real. O CGI serve para eliminar elementos indesejados, ajustar sombras e alinhar a mão com o cenário, mantendo a ilusão perfeita.
Bastidores e curiosidades
Trabalho físico intenso
Atuar apenas com a mão exige esforço constante. O intérprete passa longos períodos em posições desconfortáveis, seja agachado ou escondido em espaços apertados. Pausas frequentes são necessárias para evitar fadiga muscular.
Coordenação com os atores principais
Para que as interações funcionem, o elenco precisa ensaiar com o mãozinha, ajustando o olhar e o tempo de reação às ações do personagem. Isso garante que as respostas pareçam naturais e fluídas na edição final.
A evolução do personagem nas adaptações
Origem nos quadrinhos de Charles Addams
Nos quadrinhos originais, o “Thing” era uma figura misteriosa que aparecia parcialmente, sugerindo algo mais assustador. Com o tempo, o formato de “mão viva” se consolidou como sua principal identidade.
Mudanças no cinema e na TV
Nas produções dos anos 1990, a tecnologia permitiu que o personagem fosse mais ágil e interativo, correndo pelos cenários e manipulando objetos com facilidade. Em Wandinha, essa abordagem foi aprimorada com a combinação de próteses e CGI.
O olhar de Tim Burton e da equipe criativa
A estética sombria e detalhista
Com a supervisão de Tim Burton, o mãozinha ganhou um visual marcado por cicatrizes e um aspecto “costurado”, reforçando o clima gótico da série. Esse design foi pensado para se destacar em closes e manter a coerência com o restante da direção de arte.
Integração entre departamentos
O resultado final só foi possível pela colaboração entre equipe de maquiagem, departamento de arte, direção de fotografia e especialistas em efeitos visuais, todos trabalhando em sintonia para manter a ilusão realista.
Por que o mãozinha funciona tão bem em Wandinha
Presença física e interação real
Ao contrário de personagens totalmente digitais, o mãozinha está fisicamente no set, contracenando com os atores. Essa interação dá peso, sombra e textura naturais à cena.
Performance que cria empatia
O trabalho do intérprete é fundamental para que o público se conecte. Mesmo sendo apenas uma mão, a expressão corporal consegue transmitir sentimentos complexos, o que torna o personagem memorável.
Considerações finais
O sucesso do mãozinha em Wandinha é resultado de uma combinação inteligente de elementos práticos e digitais. A atuação de Victor Dorobantu, aliada a próteses detalhadas e a um trabalho preciso de efeitos visuais, cria um personagem convincente e cheio de personalidade. Essa fusão entre técnica e arte prova que, mesmo na era do CGI avançado, a presença física e a performance humana continuam insubstituíveis na construção de figuras icônicas.













