Vulcão antigo entre Irã e Paquistão pode ter acordado; cientistas alertam
Um vulcão considerado extinto há cerca de 700 mil anos voltou a apresentar atividade no Oriente Médio, entre o Irã e o Paquistão, despertando o interesse e a preocupação de pesquisadores em todo o mundo. O fenômeno, que vem sendo monitorado por instituições geológicas locais e pela NASA, ocorreu em uma das zonas tectonicamente mais complexas do planeta — o Golfo de Omã.
Os primeiros sinais foram observados por satélites no final de setembro de 2025, quando uma sequência de tremores leves e o aumento de temperatura no solo indicaram que algo estava acontecendo nas profundezas da crosta terrestre. Desde então, cientistas tentam entender se se trata de uma nova fase de atividade vulcânica ou apenas de um evento geotérmico passageiro.
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Onde fica o vulcão
O vulcão está localizado em uma região montanhosa árida no sudeste do Irã, próxima à fronteira com o Paquistão, em uma área conhecida por sua instabilidade geológica. O ponto exato situa-se entre a província iraniana de Sistan-Baluquistão e a província paquistanesa de Baluquistão, ambas próximas ao Golfo de Omã e ao Mar Arábico.
Essa região é marcada pela colisão das placas tectônicas Arábica, Indiana e Eurasiana, o que a torna altamente suscetível a terremotos e atividades vulcânicas. Apesar disso, há centenas de milhares de anos não havia registro de erupções ali — o que levou a comunidade científica a considerar o vulcão “morto”.
Como o fenômeno foi detectado
O primeiro alerta veio de imagens captadas por satélites do programa Landsat 9 e do sistema MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), da NASA. Elas mostraram uma anomalia térmica incomum no solo, acompanhada de emissões gasosas e pequenas deformações na superfície.
Logo depois, sensores sísmicos iranianos registraram pequenos tremores de magnitude entre 3,1 e 3,8, ocorrendo em sequência e a profundidades rasas, típicas de movimentações magmáticas. Esses dados foram confirmados pelo Centro de Sismologia de Teerã, que iniciou monitoramento intensivo da área.
Mudanças visíveis na paisagem
Moradores de vilarejos próximos relataram cheiro de enxofre, aumento da temperatura no solo e emissão de vapor em áreas desérticas que antes eram completamente áridas. Pequenas rachaduras no solo e manchas escuras também surgiram em imagens recentes.
Embora nenhuma erupção explosiva tenha sido registrada, a presença de gases como dióxido de enxofre (SO₂) e dióxido de carbono (CO₂) indica atividade magmática subterrânea.
O que pode ter causado o “renascimento”
A movimentação das placas tectônicas
O Irã e o Paquistão estão situados sobre uma junção tripla de placas tectônicas. A placa Indiana, responsável pela formação do Himalaia, pressiona constantemente o território iraniano, provocando deformações na crosta terrestre.
Especialistas acreditam que movimentos compressivos recentes podem ter reativado antigas falhas geológicas e aberto caminho para o magma subir. Essa hipótese é reforçada pelo aumento de atividade sísmica em toda a região do Golfo de Omã desde agosto de 2025.
Aquecimento interno e pressão magmática
Outra explicação possível é o aquecimento gradual da câmara magmática, um processo que pode durar séculos. Mesmo após longos períodos de inatividade, o magma pode acumular gases e calor até alcançar um ponto crítico, reacendendo reações químicas que elevam a pressão e provocam fissuras no solo.
Em casos semelhantes, como o do Monte Edgecumbe, no Alasca, em 2022, cientistas observaram sinais subterrâneos de magma em ascensão décadas antes de qualquer erupção.
Efeitos das mudanças climáticas?
Alguns pesquisadores levantam a hipótese de que o derretimento de geleiras e mudanças na pressão atmosférica podem estar alterando o equilíbrio geotérmico da crosta terrestre. Embora essa teoria ainda seja debatida, há evidências de que mudanças climáticas globais podem interferir no comportamento de vulcões adormecidos, especialmente em regiões costeiras e montanhosas.
Riscos e possíveis impactos

Risco de erupção
Até o momento, não há sinais de uma erupção iminente. No entanto, o acúmulo de gases e o aumento da temperatura subterrânea indicam que o vulcão entrou em um estado de reativação lenta, que pode evoluir em meses ou anos.
Geólogos alertam que o maior risco é uma erupção freatomagmática — quando o magma entra em contato com água subterrânea, gerando explosões de vapor e cinzas. Esse tipo de evento pode afetar áreas num raio de até 50 quilômetros.
População em risco
A região entre Irã e Paquistão é pouco povoada, mas há vilarejos nômades e rotas comerciais nas proximidades. O governo iraniano já emitiu alertas de precaução e instalou sensores de gás e movimento para acompanhar qualquer mudança repentina.
Em caso de erupção, os ventos predominantes podem levar cinzas vulcânicas para cidades costeiras do Golfo de Omã, impactando o transporte aéreo e a qualidade do ar.
Impacto ambiental
Mesmo uma erupção pequena pode liberar grandes quantidades de dióxido de enxofre, afetando temporariamente o clima regional. A deposição de cinzas pode contaminar solos e lençóis freáticos, além de prejudicar a fauna do deserto.
O que dizem os cientistas
Observação internacional
Além das agências iranianas e paquistanesas, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) e o Instituto Alemão de Geociências (GFZ) acompanham o fenômeno por satélite. Dados de radar interferométrico (InSAR) indicam deformações milimétricas no solo, típicas de movimento magmático.
A teoria da reativação parcial
Pesquisadores da Universidade de Teerã sugerem que o vulcão pode estar passando por um processo de reativação parcial — uma espécie de “respiração geológica”. Nesse estágio, o magma ainda não alcança a superfície, mas o calor interno aumenta lentamente, liberando gases e vapores.
Segundo os especialistas, fenômenos assim são raros, mas não inéditos. Vulcões considerados “mortos”, como o Monte Longonot, no Quênia, e o Monte Elgon, na África Oriental, também apresentaram reativação após centenas de milhares de anos.
A importância do monitoramento contínuo
Os cientistas enfatizam que o monitoramento constante é fundamental. O comportamento dos vulcões pode mudar rapidamente, e a detecção precoce de aumento de pressão ou emissão de gases é essencial para evitar tragédias.
Instituições locais estão instalando novas estações sísmicas e sensores de gás na região. O objetivo é criar um modelo 3D do sistema magmático subterrâneo e prever possíveis evoluções do fenômeno.
Curiosidades sobre vulcões “ressuscitados”
Quando a Terra “acorda”
Casos de vulcões considerados extintos voltando à vida são raros, mas não impossíveis. Em 2011, o Monte Nabro, na Eritreia, entrou em erupção após 10 mil anos de inatividade. Já o Monte Edgecumbe, no Alasca, mostrou sinais de magma ativo após 800 anos de silêncio.
Esses exemplos indicam que o conceito de “vulcão morto” pode ser enganoso: a Terra está em constante transformação, e até mesmo estruturas antigas podem se reativar com o tempo.
O papel das tecnologias modernas
O avanço da geologia e das imagens por satélite permitiu que cientistas detectassem sinais de atividade antes que erupções ocorram. Hoje, algoritmos de aprendizado de máquina analisam em tempo real dados sísmicos e térmicos, ajudando a prever mudanças subterrâneas.
O futuro do vulcão entre Irã e Paquistão
Possível novo campo vulcânico
Alguns especialistas acreditam que a região possa estar se transformando em um novo campo vulcânico ativo, resultado da reabertura de fissuras antigas. Caso o magma continue subindo, há chance de formação de novas aberturas na superfície, criando pequenas crateras secundárias.
Se confirmado, esse processo marcaria o nascimento de uma nova zona vulcânica no Oriente Médio — algo que não ocorre há milhares de anos.
Considerações finais
O despertar de um vulcão considerado extinto há 700 mil anos entre o Irã e o Paquistão é um lembrete poderoso de que a Terra continua viva e em constante mutação. Embora ainda seja cedo para afirmar que uma erupção ocorrerá, o fenômeno mostra como processos geológicos profundos podem surpreender até os cientistas mais experientes.
A reativação desse vulcão reacende o debate sobre monitoramento geológico, mudanças climáticas e riscos naturais em áreas pouco estudadas. Para a comunidade científica, o episódio é uma oportunidade rara de observar um vulcão “voltando à vida” — e entender melhor os mecanismos que movem nosso planeta por dentro.


