Foi durante uma viagem à ilha de Baffin, no Canadá, que o fotógrafo Paul Nicklen, do grupo de conservação Sea Legacy, ficou diante de uma das cenas que mais o marcou em sua carreira.
No local, ele teve a sua atenção chamada por um urso polar que definhava de fome. Fraco, magro e sem sequer conseguir ficar de pé, o pobre animal andava pela ilha à procura de comida. E tinha pouco sucesso em sua busca.
Nicklen, que é ex-biólogo, registrou e compartilhou imagens do urso para conscientizar a todos a respeito dos graves danos à natureza que o aquecimento global proporciona. O mamífero é mais uma das tantas vítimas dos impactos das mudanças climáticas.

“Não conseguia parar de chorar. Filmei tudo o que vi com lágrimas rolando sobre o meu rosto”, disse o fotógrafo da vida selvagem à National Geographic. Durante sua carreira na profissão, poucos momentos o emocionaram tanto. E sua dor se tornou ainda maior por não ter alimento para dar ao urso – embora alimentar animais selvagens seja ilegal no Canadá. “Claro que isso tudo passou pela minha cabeça, mas não é como se eu andasse por aí com uma arma tranquilizante ou alguns quilos de carne de foca”, ressaltou.

Em um vídeo compartilhado por Nicklen, o urso polar caminha arrastando suas patas traseiras. Possivelmente, a consequência disso é uma atrofia causada pela fome. É de partir o coração. E a ausência de gelo em seu habitat afeta consideravelmente suas habilidades de sobreviver. É na neve que ele encontra seu alimento.

“É uma cena que esmagou a minha alma e parece que nunca vai deixar de me assombrar. Mas sei que temos que compartilhar tanto o belo quanto o terrível, para forjarmos as paredes da apatia. E é isso que a fome parece, a atrofia muscular, a falta de energia. É uma morte muito lenta e dolorosa”, concluiu o ex-biólogo.
Fonte: Jornal Ciência












