Comentário polêmico provoca indignação nacional
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi envolvida, nos últimos dias, em uma grande controvérsia nas redes sociais após a divulgação de um comentário feito por um ex-professor da instituição. A fala, que sugeria violência contra a filha de cinco anos do empresário Roberto Justus, gerou ampla repercussão pública e motivou uma nota oficial de repúdio por parte da universidade.
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A origem do caso: uma criança e uma bolsa de luxo
Tudo começou após a publicação de uma foto em rede social mostrando a filha de Roberto Justus com uma bolsa avaliada em cerca de R$ 14 mil. A imagem repercutiu entre internautas e foi rapidamente compartilhada, até que um comentário em específico causou revolta: um ex-docente da UFRJ escreveu uma frase que fazia alusão ao uso de “guilhotina”, interpretada como incitação à violência.
A mensagem foi entendida por muitos como uma ameaça simbólica ou literal à integridade da criança. O tom do comentário provocou revolta generalizada, especialmente entre defensores da proteção à infância e opositores de discursos de ódio nas plataformas digitais.
Posicionamento da universidade: nota oficial e distanciamento
A UFRJ, por meio de nota pública, declarou total repúdio ao conteúdo da fala. A instituição deixou claro que o autor do comentário é um professor aposentado e que não representa os valores nem a posição oficial da universidade. A nota destacou os princípios da universidade, como o respeito aos direitos humanos, à dignidade e à liberdade.
A Escola de Comunicação da UFRJ também se manifestou, reiterando que qualquer declaração pessoal, mesmo de ex-membros do corpo docente, não deve ser confundida com a visão institucional da universidade.
Família Justus responde e promete ações judiciais
Após a repercussão, o empresário Roberto Justus e sua esposa, Ana Paula Siebert, se pronunciaram publicamente. O casal classificou o comentário como “um absurdo” e afirmou que tomaria medidas legais contra o autor da fala. Em entrevistas e postagens, ambos enfatizaram que discursos violentos, mesmo disfarçados de metáfora ou crítica social, não devem ser tolerados quando envolvem crianças.
Ana Paula lamentou que a exposição da filha tenha motivado um comentário tão agressivo, enquanto Justus reforçou que a liberdade de expressão não pode ser utilizada como escudo para ameaças.
Liberdade de expressão ou discurso de ódio?
O caso reacendeu o debate sobre os limites da liberdade de expressão, especialmente no ambiente virtual. Juristas e especialistas em direito digital apontaram que a liberdade de opinião não abrange incitações à violência, especialmente quando dirigidas a menores de idade.
A Constituição Federal garante a livre manifestação do pensamento, mas também impõe limites: o direito à honra, à imagem e à segurança pessoal devem ser resguardados. Nesse contexto, o comentário feito pelo ex-professor ultrapassou os limites legais e éticos, segundo a análise de diversos profissionais da área jurídica.
A repercussão nas redes sociais

Milhares de internautas reagiram negativamente ao comentário, pedindo responsabilização e exigindo que a universidade se pronunciasse. Embora o autor tenha tentado minimizar a fala posteriormente, afirmando que se tratava de uma figura de linguagem inspirada na Revolução Francesa, o estrago já estava feito.
As redes sociais, como de costume, amplificaram o caso. Diversos influenciadores, jornalistas e personalidades públicas se manifestaram, tanto para criticar a violência simbólica quanto para defender o direito de expressão com responsabilidade.
O pedido de desculpas do professor aposentado
Após a explosão do caso na mídia, o ex-professor divulgou uma carta aberta pedindo desculpas pelo comentário. No texto, alegou que sua intenção não era incitar violência, mas sim fazer uma crítica social simbólica ao luxo exibido por figuras públicas.
Apesar da tentativa de retratação, o pedido foi visto por muitos como insuficiente diante da gravidade da fala. O uso de imagens históricas violentas como metáfora — especialmente em referência a uma criança — foi amplamente condenado pela sociedade e por especialistas em ética.
Histórico e vínculo com a universidade
Embora aposentado desde 2022, o ex-professor ainda mantinha vínculo indireto com grupos de pesquisa ligados à pós-graduação da Escola de Comunicação da UFRJ. Isso gerou dúvidas entre parte do público sobre a responsabilidade da universidade, que prontamente esclareceu que não havia relação institucional ativa com o autor da fala no momento do ocorrido.
A universidade reforçou seu compromisso com os princípios republicanos, a diversidade de ideias e o combate a todas as formas de violência, incluindo aquelas manifestadas por meio da linguagem.
Debates provocados pelo episódio
Além das questões legais, o caso provocou uma série de reflexões sobre ética, redes sociais e os limites entre crítica e agressão. Entre os principais pontos debatidos, destacam-se:
A banalização da violência simbólica
Muitos especialistas alertam para o crescimento de discursos que utilizam referências violentas de forma banalizada, como forma de “impactar” nas redes sociais. Isso tem contribuído para um ambiente de intolerância e hostilidade online.
O papel das universidades no combate à radicalização
Mesmo que a fala não represente a UFRJ oficialmente, a responsabilidade social de instituições de ensino superior permanece. Universidades têm papel essencial na formação crítica e ética dos cidadãos, e episódios como esse reforçam a importância da promoção de valores democráticos.
A responsabilização individual na era digital
Outro ponto debatido foi a necessidade de os usuários das redes sociais responderem por seus atos, mesmo que não estejam mais vinculados formalmente a instituições. O caso reforça que aposentadoria ou afastamento não exime ninguém da responsabilidade legal e moral sobre o que publica.
Possíveis consequências jurídicas
Advogados ouvidos por veículos de imprensa apontam que a fala pode configurar crime previsto no Código Penal, como incitação à violência ou ameaça, além de abrir espaço para ações de indenização por danos morais. Como envolve uma criança, o caso pode ser ainda mais grave do ponto de vista judicial, pois há dispositivos legais de proteção integral à infância.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê punições severas para qualquer forma de violência — física, psicológica ou simbólica — contra menores. O Ministério Público pode ser acionado, e o autor poderá responder civil e criminalmente.
Considerações finais: um alerta para os tempos digitais
O episódio envolvendo o ex-professor da UFRJ e a filha de Roberto Justus expõe, de forma contundente, os desafios da convivência nas redes sociais. A facilidade de publicação não deve ser confundida com licença para o discurso de ódio. A responsabilidade no uso das palavras, especialmente por figuras públicas ou acadêmicas, é fundamental.
A resposta rápida da UFRJ e da sociedade demonstra que o Brasil está atento à proteção dos direitos fundamentais — sobretudo quando crianças são envolvidas em ataques. Fica o alerta: mesmo no ambiente digital, ética, empatia e responsabilidade continuam sendo indispensáveis.













