A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, está gerando comoção e protestos por parte da família, que acusa as autoridades locais e o governo brasileiro de negligência na operação de resgate. O caso, que ocorreu na ilha de Lombok, chama atenção pela demora no socorro e pela suposta falta de comunicação entre os órgãos envolvidos.
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Queda durante trilha em área de difícil acesso
Juliana, que viajava pela Ásia em um mochilão desde o início do ano, decidiu fazer a famosa trilha até o topo do Monte Rinjani, o segundo vulcão mais alto da Indonésia. A caminhada, considerada desafiadora, é popular entre turistas que buscam aventura e paisagens deslumbrantes.
Na madrugada de 21 de junho, Juliana se separou do grupo com quem estava e caiu de um penhasco em uma área íngreme da montanha, cerca de 500 metros abaixo da trilha principal. O acidente aconteceu próximo à cratera do vulcão, em um trecho de difícil visibilidade devido à neblina e ao relevo escorregadio.
Dificuldades no resgate e atraso na resposta
O corpo da jovem só foi localizado no dia seguinte, com a ajuda de drones utilizados por turistas e montanhistas que participavam da mesma expedição. Apesar da rápida localização, o resgate foi demorado. A operação para retirar Juliana do local onde caiu se estendeu por dias e, segundo a família, houve falta de preparo das equipes de busca e uma resposta extremamente lenta das autoridades.
De acordo com relatos, as equipes de resgate da Indonésia alegaram que as condições meteorológicas e o terreno instável dificultaram o acesso até o ponto da queda. Mesmo assim, a família questiona a demora e o fato de Juliana não ter recebido nenhum tipo de atendimento de emergência logo após o acidente.
Acusações de negligência e omissão
Os familiares de Juliana afirmam que, caso o socorro tivesse sido mais rápido, ela poderia ter sido salva. Eles sustentam que a jovem ainda estava viva horas após a queda e que vídeos gravados por drones mostravam sua movimentação no local. O perfil criado por amigos e parentes nas redes sociais para acompanhar o caso, intitulado @resgatejulianamarins, compartilhou mensagens denunciando omissão por parte dos responsáveis pelo socorro.
Segundo a irmã da vítima, Mariana Marins, o guia que acompanhava Juliana na trilha não teria tomado medidas imediatas após o acidente. Ela também acusa a embaixada brasileira na Indonésia de não prestar o suporte adequado à família, que ficou sem informações precisas durante grande parte da operação de resgate.
Contradições entre relatos e versões oficiais
Há divergências entre as informações repassadas pelas autoridades locais e o que foi presenciado por outros turistas e familiares. Em um comunicado, as autoridades do Parque Nacional de Rinjani afirmaram que Juliana chegou a receber alimentos e água, mas a família nega. Eles acusam a equipe de ter mentido para justificar a demora no resgate e afirmam que as imagens divulgadas teriam sido manipuladas.
Além disso, a embaixada brasileira em Jacarta declarou que acompanhava o caso de perto e enviou representantes ao local, mas parentes de Juliana afirmam que o apoio prestado foi insuficiente e tardio.
Quem era Juliana Marins
Juliana era natural de Niterói, no Rio de Janeiro. Formada em publicidade, decidiu realizar uma viagem solo pelo Sudeste Asiático após deixar o emprego em uma agência. Passou por países como Tailândia, Vietnã e Filipinas antes de chegar à Indonésia. Nas redes sociais, compartilhava momentos de sua jornada, sempre com entusiasmo e paixão por explorar novas culturas e paisagens.
Antes do acidente, Juliana publicou fotos sorrindo em praias e trilhas, relatando sua felicidade em viver experiências transformadoras. A viagem tinha previsão de durar vários meses.
Histórico de acidentes no Monte Rinjani
O Monte Rinjani é conhecido por sua beleza, mas também por ser um destino que exige cuidados redobrados. Com mais de 3.700 metros de altitude, o vulcão está localizado dentro de um parque nacional que recebe milhares de visitantes todos os anos.
Nos últimos anos, houve diversos registros de acidentes, incluindo quedas e desaparecimentos. Em 2022, um turista israelense morreu após cair em uma das crateras. Já em 2024, um jovem local sofreu ferimentos graves ao escorregar em uma trilha.
Especialistas alertam que a trilha exige preparo físico, equipamento adequado e acompanhamento de guias experientes. No entanto, relatos de falhas nos protocolos de segurança e de improvisação por parte das agências de turismo são comuns.
Repercussão nas redes e pedido por justiça

A morte de Juliana gerou comoção nas redes sociais. Amigos, influenciadores e desconhecidos se uniram em mensagens de apoio e críticas ao descaso no atendimento prestado. A hashtag #JustiçaPorJuliana ganhou força, e diversos internautas questionaram a demora no resgate.
A família, por sua vez, anunciou que tomará medidas legais contra os responsáveis. Em nota divulgada à imprensa, afirmaram que “a morte de Juliana não pode ser considerada um acidente inevitável, mas sim consequência direta da negligência e da falta de estrutura no resgate”.
Além disso, pedem que o governo brasileiro revise os protocolos de atuação consular em casos de emergência com cidadãos no exterior e que sejam criadas medidas para garantir que acidentes semelhantes não voltem a ocorrer.
O que dizem as autoridades brasileiras
O Ministério das Relações Exteriores informou que está acompanhando o caso e que prestou assistência à família desde o início das buscas. A pasta afirmou ainda que o translado do corpo está sendo providenciado em conjunto com as autoridades indonésias, e que dois funcionários do consulado foram enviados a Lombok para auxiliar nos trâmites.
No entanto, parlamentares e entidades da sociedade civil cobraram mais transparência do Itamaraty e reforçaram a importância de estabelecer protocolos mais rígidos para garantir a proteção de brasileiros em situação de risco no exterior.
A necessidade de mudanças no turismo internacional
O caso de Juliana Marins reacende o debate sobre a segurança de turistas em destinos exóticos e de aventura. Embora seja comum buscar experiências únicas fora do circuito tradicional, é fundamental que haja responsabilidade das operadoras de turismo, treinamento adequado dos guias e presença de socorro estruturado em regiões remotas.
Especialistas defendem que os países receptores também precisam investir mais em infraestrutura, incluindo equipamentos de resgate, sinalização e monitoramento via satélite em áreas de difícil acesso. A integração entre parques nacionais, autoridades locais e consulados deve ser reforçada para permitir respostas mais ágeis e eficazes.
Considerações finais
A trágica morte de Juliana Marins no Monte Rinjani deixa não apenas a dor de uma vida interrompida precocemente, mas também um alerta sobre a fragilidade dos sistemas de resgate em locais turísticos distantes e desafiadores. A acusação de negligência por parte da família levanta questionamentos importantes sobre o papel das autoridades indonésias e da diplomacia brasileira em situações de emergência.
O luto de familiares e amigos se transforma agora em luta por justiça e por mudanças que evitem novas perdas. A comoção gerada pelo caso expõe a necessidade urgente de rever práticas no setor de turismo de aventura, não apenas na Indonésia, mas em todo o mundo.


