Trump amplia veto migratório: cidadãos de 19 países enfrentam proibição ou restrições para entrar nos EUA
Nova ordem executiva reforça política migratória sob pretexto de segurança nacional
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decretou uma nova medida que proíbe totalmente a entrada de cidadãos de 12 países e impõe restrições adicionais a outros sete. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (4) e entra em vigor a partir de 9 de junho. A justificativa do governo norte-americano é a proteção da segurança nacional frente a possíveis ameaças externas.
A ação amplia os vetos migratórios já conhecidos da gestão Trump e reacende o debate sobre xenofobia e seletividade política nas decisões do governo norte-americano.
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Países com entrada totalmente bloqueada
Cidadãos de doze países não poderão mais entrar em território americano, mesmo que possuam vistos válidos. São eles:
- Afeganistão
- Mianmar
- Chade
- República do Congo
- Guiné Equatorial
- Eritreia
- Haiti
- Irã
- Líbia
- Somália
- Sudão
- Iêmen
A proibição se aplica a todas as categorias de visto, incluindo turismo, negócios, estudo e residência.
Restrições parciais atingem outras sete nações
Além do veto total a esses 12 países, o governo dos EUA também anunciou restrições específicas a cidadãos de outras sete nações. Os afetados por essas limitações enfrentarão obstáculos na obtenção de vistos temporários ou permanentes, sendo submetidos a revisões adicionais e possibilidade de recusa. Os países são:
- Burundi
- Cuba
- Laos
- Serra Leoa
- Togo
- Turcomenistão
- Venezuela
Nesses casos, a entrada pode ser barrada para determinadas categorias, como vistos de negócios, conferências, turismo e até vistos de estudantes, dependendo do histórico do requerente e do contexto do pedido.
Argumentos do governo americano

Segundo a Casa Branca, a nova lista foi elaborada com base em critérios técnicos de segurança e cooperação internacional. A administração Trump afirma que os países listados:
- Têm falhas em processos de segurança e identificação de viajantes
- Dificultam a deportação de cidadãos em situação irregular nos EUA
- Apresentam índices preocupantes de permanência ilegal (overstay)
- Não colaboram com o compartilhamento de informações criminais ou terroristas
Em discurso recente, Trump citou o atentado em Boulder, no estado do Colorado, como exemplo da necessidade de endurecer o controle migratório. No entanto, o autor do ataque era egípcio — país que não foi incluído na nova lista de restrições, gerando questionamentos sobre a coerência dos critérios adotados.
Repercussão internacional e reações críticas
Organizações de direitos humanos, diplomatas e lideranças políticas internacionais criticaram fortemente a decisão. Entidades como a Anistia Internacional dos EUA classificaram o decreto como discriminatório e motivado por preconceito, alertando para o impacto humanitário da medida.
A organização afirmou que “a decisão atinge pessoas comuns que fogem de conflitos, repressão e miséria” e que as justificativas apresentadas não têm respaldo técnico suficiente para sustentar um bloqueio dessa magnitude.
Declarações de autoridades estrangeiras
O governo venezuelano reagiu com firmeza à inclusão na lista. Diosdado Cabello, uma das principais figuras do governo de Nicolás Maduro, afirmou que “os EUA não são mais um lugar seguro para ninguém”, criticando o tratamento dispensado a estrangeiros.
Líderes comunitários iranianos nos Estados Unidos também manifestaram preocupação com o impacto da medida sobre famílias separadas e dificuldades para viagens por razões de saúde ou estudo. “A política não trará mais segurança, mas sim sofrimento para cidadãos comuns”, disse Jamal Abdi, do Conselho Nacional Iraniano-Americano.
Impactos para imigrantes e estudantes
A decisão deve atingir especialmente cidadãos com vínculos familiares ou profissionais com os Estados Unidos. Universidades, empresas e organizações internacionais que atuam com intercâmbio, ciência ou cooperação técnica já se manifestaram contrárias à medida.
Além de comprometer projetos acadêmicos, o veto pode inviabilizar reuniões de negócios, conferências científicas e até tratamentos médicos que requerem entrada em território norte-americano.
Comunidades afetadas dentro dos EUA
Cidadãos naturalizados, residentes permanentes e descendentes de migrantes dos países afetados expressaram preocupação com a ampliação da discriminação e vigilância. Muitas famílias relatam medo de represálias, cancelamento de vistos e dificuldades para receber parentes legalmente.
Contexto político e eleitoral
A nova medida ocorre em meio à preparação para a campanha eleitoral de Trump visando à reeleição. O presidente tem reforçado sua retórica sobre imigração, retomando temas que marcaram sua primeira gestão, como a construção do muro na fronteira com o México e o combate à entrada de “criminosos estrangeiros”.
Especialistas veem na iniciativa uma tentativa de agradar à base eleitoral conservadora, especialmente os eleitores que apoiam políticas migratórias duras e nacionalistas.
Histórico de políticas semelhantes
Durante seu primeiro mandato (2017–2021), Trump já havia implementado medidas semelhantes conhecidas como “muslim ban”, que vetavam a entrada de cidadãos de países majoritariamente muçulmanos. Embora tenham sido contestadas na Justiça, parte dessas políticas foi mantida até a posse de Joe Biden, que as revogou em 2021.
Com seu retorno ao poder em 2024, Trump retomou uma série de decretos controversos relacionados à imigração, inclusive a militarização da fronteira sul e a redução de concessões de asilo.
Projeções e possibilidades de reversão
Analistas avaliam que a nova política migratória poderá enfrentar obstáculos judiciais, principalmente se houver contestação por organizações civis ou governos estrangeiros. A Suprema Corte norte-americana, no entanto, tem adotado uma postura mais conservadora, o que pode favorecer a manutenção da medida.
Caso a política seja mantida, é possível que mais países sejam incluídos futuramente, dependendo da conjuntura política e da conveniência eleitoral do presidente.
Considerações finais
A ampliação do veto migratório por Donald Trump representa um novo capítulo na política de endurecimento fronteiriço dos Estados Unidos. Com impacto direto sobre milhões de pessoas, a medida levanta dúvidas sobre sua real eficácia em termos de segurança e reabre o debate sobre os limites do poder executivo em impor barreiras baseadas em nacionalidade.
Enquanto o governo defende a decisão como estratégia preventiva, críticas internas e externas apontam para motivações ideológicas e eleitorais, sinalizando que o tema seguirá como um dos mais polarizadores do cenário político americano em 2025.

