The Buccaneers: luxo, escândalos e conflitos sociais no século XIX
A série The Buccaneers, lançada pela Apple TV+, mergulha os espectadores no universo das elites britânicas do século XIX, por meio da trajetória de cinco jovens norte-americanas que tentam conquistar espaço na aristocracia europeia. Com figurinos deslumbrantes, cenários históricos e tramas carregadas de tensão, a produção mistura romance, crítica social e jogos de poder.
Baseada na obra inacabada da escritora Edith Wharton, a história retrata o confronto entre o espírito moderno de mulheres criadas em uma América em ascensão e as rígidas tradições da Inglaterra vitoriana.
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Uma história de ambição, liberdade e conflito
Quando o dinheiro encontra a tradição
No final do século XIX, muitas famílias americanas enriquecidas buscavam títulos e prestígio na Europa, especialmente na Inglaterra. Esse é o ponto de partida da série, que acompanha cinco jovens mulheres enviadas a Londres para participar da temporada de bailes e encontrar maridos nobres. Mas, por trás dos vestidos deslumbrantes e das festas grandiosas, há disputas de poder, dilemas emocionais e o desejo de desafiar padrões impostos.
As protagonistas e suas jornadas
Cada uma das protagonistas representa um tipo diferente de desafio:
- Nan St. George é determinada e inconformada com as regras sociais.
- Conchita Closson vive um casamento complicado com um britânico conservador.
- Jinny e Lizzy Elmsworth lidam com expectativas familiares distintas.
- Mabel enfrenta questões relacionadas à identidade pessoal e à liberdade de amar.
Essas jovens, embora unidas pela amizade, tomam caminhos diferentes ao longo da trama, revelando fragilidades, ambições e um desejo comum: serem donas de suas próprias histórias.
Contexto histórico e estética refinada
O charme da Gilded Age com olhar contemporâneo
A série mergulha no final da era vitoriana e início da chamada Gilded Age, época de ostentação e mudanças sociais profundas. Em vez de apenas reproduzir o passado, The Buccaneers atualiza o contexto com reflexões modernas sobre o papel da mulher, desigualdade social e diversidade.
Cenas deslumbrantes e figurinos impressionantes
Filmada em cenários reais do Reino Unido, a série impressiona pela fidelidade estética: salões elegantes, castelos, jardins e figurinos repletos de detalhes. Cada episódio é visualmente elaborado para transportar o espectador à alta sociedade britânica do século XIX, sem deixar de lado uma linguagem moderna em ritmo e diálogos.
Tramas individuais que se cruzam

Nan e o peso de um segredo familiar
Nan é o centro emocional da história. Com sua postura independente, ela questiona a necessidade de se submeter aos moldes da sociedade apenas para ser aceita. No entanto, sua origem é marcada por um segredo que pode abalar sua posição social e suas relações afetivas.
Conchita e o desconforto do matrimônio tradicional
Conchita se casa com um nobre britânico esperando uma vida de romance e liberdade, mas se depara com um ambiente hostil, conservador e machista. Sua luta é por autonomia dentro de um casamento que rapidamente se revela opressor.
Mabel e a busca pela identidade
Em um dos arcos mais sensíveis da série, Mabel vive a experiência de não se sentir parte do padrão estabelecido. Ela representa a quebra silenciosa das regras, enfrentando preconceitos e descobrindo novas formas de amar.
Elenco, bastidores e criação
Atrizes e atores que dão vida à trama
O elenco é liderado por Kristine Froseth (Nan), Alisha Boe (Conchita), Josie Totah (Mabel), além de nomes como Christina Hendricks, que interpreta a matriarca Patricia St. George. A diversidade do casting contribui para a riqueza das narrativas abordadas, promovendo representatividade e novas perspectivas.
Direção e inspiração literária
A adaptação da obra foi idealizada por Katherine Jakeways, com direção de Susanna White. Mesmo partindo de um material incompleto, a equipe criativa preenche as lacunas com tramas coerentes e que dialogam com a realidade contemporânea. O romance de Wharton, mesmo interrompido, serviu como base para uma história sobre enfrentamento, escolhas e liberdade feminina.
Repercussão e crítica
Aceitação positiva e comparações inevitáveis
Desde sua estreia, The Buccaneers tem recebido elogios pela construção visual, pelo desenvolvimento das personagens femininas e por conseguir equilibrar drama, romance e crítica social. Comparações com séries como Bridgerton e Downton Abbey são inevitáveis, mas a produção da Apple TV+ aposta em um tom mais maduro e introspectivo.
Representação moderna em um ambiente clássico
A abordagem inclusiva e a ousadia em apresentar temas como relações homoafetivas, liberdade sexual e rebeldia feminina em uma época historicamente repressora são vistas por muitos como acertos corajosos — ainda que parte do público mais conservador tenha criticado essa modernização.
Continuação confirmada e novas possibilidades
Segunda temporada em desenvolvimento
Com o sucesso da primeira temporada, The Buccaneers foi renovada para uma nova fase. A segunda temporada promete ampliar os dilemas emocionais das protagonistas, apresentar novos personagens e mergulhar ainda mais fundo nos bastidores da aristocracia britânica.
Expansão do universo narrativo
Há também rumores de que a série possa ganhar spin-offs centrados em personagens secundários ou mesmo abordagens paralelas em outros núcleos da elite europeia do século XIX. O apelo estético e temático da obra abre espaço para novas narrativas derivadas.
Considerações finais
The Buccaneers é uma série que vai além de vestidos, castelos e romances. Trata-se de uma reflexão sobre o papel da mulher em uma sociedade que ditava regras rígidas sobre comportamento, casamento e status. As cinco protagonistas representam diferentes formas de resistir, adaptar-se ou romper com esse sistema. E é nesse contraste entre liberdade e tradição que a série encontra sua força.
Com produção refinada, roteiro bem construído e temas que seguem relevantes, The Buccaneers se consolida como uma das grandes apostas da Apple TV+ para os fãs de dramas históricos com personalidade e crítica social.

