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Técnica que fez homem em estado vegetativo “despertar” surge como esperança na luta contra doenças cerebrais

By Bruno Piai

September 29, 2017

Para muitas pessoas, o estado vegetativo é o fim. A condição remete a uma desordem de consciência que atinge pacientes que tenham sofrido algum dano severo no cérebro, os deixando vivos mas sem nenhum discernimento de qualquer coisa que esteja ocorrendo ao seu redor.

Entretanto, apesar da gravidade da situação, um experimento médico realizado em Lyon, na França, pode trazer esperança a pessoas que vivem com tal condição. Uma técnica aplicada em um homem de 35 anos fez com que ele voltasse a apresentar sinais de consciência após 15 anos em estado vegetativo – por consequência de um acidente de carro.

O fato da experiência ter sido bem sucedida não só abre portas para que o problema em questão possa ser cada vez melhor tratado, como também pode ser um caminho para se lidar com outras condições que afetam o cérebro.

Consciência de volta

Os cientistas colocaram um implante no peitoral da vítima do acidente de carro. Devido à condição do rapaz, ele não demonstrava nenhum sinal de consciência e tampouco de funções cerebrais ou motoras. A função do aparelho implantado era a de emitir impulsos vagos ao longo do nervo vago (responsável por ligar órgãos ao cérebro), transmitindo sinais para o sistema nervoso.

Foi necessário apenas um mês para que o rapaz conseguisse responder a pequenos estímulos relacionados à atividade cerebral, à movimentação do corpo e à atenção. O avanço se mostrou considerável quando os cientistas identificaram que o paciente já era capaz de seguir objetos com os olhos, reagir a ameaças e abrir os olhos ao perceber que alguém se aproximava.

De acordo com um certo “senso de acordo” da Medicina, transtorno de consciência não podem ser revertidos quando duram mais de 12 meses, o que torna o caso em questão ainda mais impressionante. Ainda assim, pode ser cedo para comemorar. Os pesquisadores afirmam que é essencial que a tese seja experimentada em outros pacientes, para que tenham a certeza de que os estímulos no nervo vago realmente podem recuperar a consciência de alguém.

A técnica utilizada no nervo vago já é aplicado em pacientes que sofrem com epilepsia, depressões graves e não respondem aos tratamentos convencionais. E vários estudos estão sendo desenvolvidos para determinar se o método pode ser utilizado em casos de insuficiência cardíaca, esclerose múltipla e até Alzheimer.

Foto de capa: Shutterstock