A campanha que ilumina o Brasil
Todos os anos, o mês de setembro é marcado pela cor amarela em prédios, monumentos e campanhas digitais. A mobilização tem um objetivo maior do que a estética: chamar atenção para a prevenção do suicídio e para os cuidados com a saúde mental. Em 2025, o Setembro Amarelo completa mais um ciclo com o lema “Se precisar, peça ajuda!”, incentivando a população a falar sobre sofrimento emocional e buscar apoio especializado.
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Depressão: muito além de um momento de tristeza
O que diferencia tristeza de depressão
É comum que as pessoas confundam tristeza passageira com depressão. A primeira é uma reação natural a perdas e frustrações; já a depressão é uma doença psiquiátrica, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que persiste por semanas ou meses e compromete as atividades diárias. Entre os sintomas mais relatados estão a falta de energia, perda de interesse por atividades antes prazerosas, distúrbios do sono, alterações no apetite e, em casos mais graves, pensamentos de morte.
Um problema de saúde pública
A depressão atinge milhões de brasileiros e figura entre as principais causas de incapacidade no mundo. A OMS estima que, globalmente, mais de 300 milhões de pessoas convivem com o transtorno. Em faixas etárias jovens, entre 15 e 29 anos, o suicídio já aparece como uma das principais causas de morte, tornando a prevenção uma urgência.
Fatores que levam ao desenvolvimento da depressão
Biologia e química cerebral
Estudos apontam que a depressão está relacionada a desequilíbrios em neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, substâncias que regulam humor, motivação e prazer. Alterações estruturais no cérebro, além de falhas em processos de neuroplasticidade, também podem contribuir para o quadro.
Questões genéticas e ambientais
Ter histórico familiar aumenta a probabilidade de desenvolver depressão, mas o ambiente em que a pessoa está inserida é igualmente determinante. Experiências traumáticas, violência, isolamento social e pressões econômicas funcionam como gatilhos para o adoecimento.
Fatores contemporâneos
Nos últimos anos, o aumento do uso das redes sociais e a sobrecarga de informações também têm sido apontados como fatores de risco, sobretudo para adolescentes e jovens adultos.
O papel do tratamento e da rede de apoio

Psicoterapia e medicamentos
O tratamento da depressão varia conforme a gravidade, mas costuma incluir psicoterapia e, em muitos casos, uso de antidepressivos. O acompanhamento médico é essencial, pois cada organismo reage de forma diferente às abordagens terapêuticas.
Atividades complementares
Práticas como exercícios físicos, meditação, sono regulado e uma rotina equilibrada são recomendadas como aliadas no processo de recuperação. Ainda assim, não substituem o tratamento profissional.
Apoio da família e dos amigos
O suporte emocional é um pilar fundamental. Escutar sem julgamento e oferecer presença pode fazer grande diferença para quem enfrenta a doença.
Setembro Amarelo 2025: ações e simbolismo
Um movimento que cresce a cada ano
Desde que foi lançado em 2014, o Setembro Amarelo expandiu-se pelo país com iluminação de prédios públicos, palestras em escolas, empresas e universidades, além de campanhas nas redes sociais. Em 2025, a proposta é alcançar ainda mais municípios e ampliar o debate nas comunidades.
Informação como ferramenta de prevenção
Materiais educativos, entrevistas em veículos de comunicação e eventos presenciais têm como foco desconstruir mitos, como a ideia de que falar sobre suicídio incentiva a prática. Pelo contrário: conversar sobre o tema salva vidas.
Como identificar sinais de alerta
Mudanças de comportamento
Isolamento repentino, queda no desempenho escolar ou profissional, perda de interesse por hobbies e irritabilidade são sinais que merecem atenção.
Expressões verbais preocupantes
Frases como “não aguento mais”, “queria desaparecer” ou “a vida não tem sentido” não devem ser encaradas como drama, mas sim como possíveis pedidos de ajuda.
Procurar ajuda no momento certo
Ao perceber indícios de depressão ou ideação suicida, é fundamental procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico. Em situações de emergência, serviços como o SAMU (192) e o CVV (188) funcionam 24 horas.
O impacto do estigma na busca por tratamento
Barreiras culturais
Apesar do avanço das campanhas, ainda há resistência em buscar ajuda por medo de preconceito. Muitos associam a depressão à fraqueza de caráter, quando na verdade trata-se de um transtorno médico.
A importância de falar abertamente
Quanto mais pessoas falarem sobre saúde mental, mais natural se torna a busca por cuidados. Empresas e escolas também desempenham papel essencial ao promover rodas de conversa e palestras sobre o tema.
Caminhos para o futuro
Investimento em políticas públicas
Especialistas defendem que o país precisa ampliar a rede de atendimento em saúde mental, fortalecendo os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e promovendo capacitação de profissionais da atenção primária.
Educação e prevenção desde cedo
Inserir debates sobre emoções e autocuidado no ambiente escolar pode reduzir índices de suicídio entre adolescentes, faixa etária em que a vulnerabilidade é maior.
Um compromisso coletivo
A prevenção da depressão e do suicídio não deve ficar restrita a um mês de mobilização. Trata-se de uma responsabilidade social contínua, que envolve governos, instituições e indivíduos.
Considerações finais
O Setembro Amarelo 2025 reforça a importância de diferenciar tristeza passageira de depressão, compreender suas causas e buscar tratamento adequado. A campanha mostra que é possível enfrentar o problema com diálogo, empatia e informação. Ao iluminar monumentos de amarelo, o Brasil busca iluminar também consciências, lembrando que falar sobre saúde mental é salvar vidas.
Se você ou alguém próximo enfrenta momentos de sofrimento, lembre-se: pedir ajuda é um gesto de força, não de fraqueza.













