A importância da privacidade na era digital
Em um cenário cada vez mais conectado, o uso de aplicativos se tornou parte essencial da rotina de milhões de pessoas. De redes sociais a plataformas de entretenimento e jogos, esses serviços oferecem praticidade e diversão — mas nem sempre sem riscos. Por trás das funcionalidades atrativas, muitos desses apps escondem práticas invasivas que podem colocar a privacidade do usuário em xeque.
De acordo com especialistas em cibersegurança, a coleta excessiva e o compartilhamento de informações pessoais são práticas comuns, mesmo em aplicativos amplamente conhecidos e utilizados. Neste artigo, revelamos sete apps populares que exigem atenção redobrada quanto à segurança dos dados, e damos dicas sobre como se proteger.
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Aplicativos que representam riscos à sua privacidade
1. TikTok
O aplicativo chinês, conhecido por vídeos curtos e virais, já esteve envolvido em diversas polêmicas relacionadas à coleta de dados. Relatórios técnicos indicam que o TikTok acessa informações como localização precisa, modelo do celular, listas de aplicativos instalados, comportamento de navegação e até o conteúdo que o usuário digita.
Além disso, parte dessas informações pode ser compartilhada com parceiros comerciais, o que levanta dúvidas sobre a proteção real oferecida pela plataforma.
2. X (antigo Twitter)
Após a mudança de nome e de gestão, a antiga rede social Twitter passou a adotar políticas mais agressivas de coleta e uso de dados. Além dos tweets públicos e mensagens privadas, o app registra interações com anúncios, velocidade de rolagem da tela, comportamento de navegação e até dados biométricos.
Boa parte dessas informações pode ser vendida a empresas terceirizadas, o que coloca em risco a privacidade de milhões de usuários.
3. Instagram, Facebook, Messenger e Threads (Meta)
Os serviços da Meta (ex-Facebook Inc.) são conhecidos pela enorme quantidade de dados que armazenam. Entre as informações captadas estão: localização, histórico de navegação, interações, contatos, preferências de consumo, hábitos de leitura e escuta, e muito mais.
De acordo com pesquisas, até 90% dos dados pessoais são retidos por esses aplicativos e utilizados tanto para publicidade quanto para algoritmos de recomendação, o que levanta preocupações sobre o controle que o usuário realmente tem sobre suas informações.
4. Spotify
Apesar de seu foco principal ser a música, o Spotify também coleta dados além do necessário. Entre eles estão a localização do usuário, o tipo de dispositivo, o histórico de escuta, tempo de permanência em cada faixa e preferências de gênero musical.
Essas informações são usadas para personalização de conteúdo, mas também são compartilhadas com terceiros para fins comerciais e publicitários.
5. Candy Crush
Este jogo aparentemente inofensivo pode, na verdade, esconder riscos. O Candy Crush coleta dados como identificador do dispositivo, tempo de uso, frequência de jogo e comportamento durante as partidas. Esses dados são processados para personalizar a experiência do usuário e veicular anúncios direcionados, além de serem repassados a empresas parceiras.
Mesmo jogos simples podem apresentar ameaças quando envolvem monetização por meio de anúncios.
6. Duolingo
O popular aplicativo de ensino de idiomas parece inofensivo, mas também coleta e armazena dados detalhados de seus usuários. Informações como e-mail, progresso no aprendizado, localização, horário de acesso e interações com o app são retidas e, muitas vezes, utilizadas para fins além do pedagógico, como publicidade personalizada.
Embora o Duolingo tenha bons índices de transparência, é importante que o usuário conheça a extensão das permissões concedidas.
7. Amazon e Prime Video
Tanto o marketplace da Amazon quanto seu serviço de streaming, Prime Video, possuem amplos sistemas de rastreamento de comportamento. Informações sobre navegação, histórico de compras, pesquisas feitas, cliques e visualizações de vídeos são armazenadas e utilizadas para alimentar algoritmos de recomendação.
Esses dados também são compartilhados entre as plataformas da empresa e com parceiros comerciais, o que pode gerar preocupações sobre até onde vai o controle do usuário.
Por que a coleta de dados é um problema?

O lado obscuro dos dados
A coleta de informações pessoais pode parecer inofensiva, especialmente quando feita por empresas conhecidas. No entanto, o acúmulo de dados pode gerar vulnerabilidades:
- Vazamentos de informações: ataques cibernéticos a servidores de empresas expõem dados sensíveis de milhões de pessoas.
- Perfilamento digital: empresas constroem perfis detalhados dos usuários para influenciar decisões de consumo e até mesmo comportamentos políticos.
- Discriminação algorítmica: algoritmos podem gerar exclusões com base em dados demográficos ou padrões de consumo.
Como se proteger da coleta abusiva de dados
1. Verifique as permissões dos aplicativos
Antes de instalar qualquer app, confira as permissões que ele exige. Se um jogo pede acesso ao microfone ou à localização, questione se isso é mesmo necessário. No Android e iOS, é possível ajustar essas permissões manualmente nas configurações.
2. Prefira versões web sempre que possível
Usar a versão de navegador de plataformas como o Facebook ou Amazon pode limitar o rastreamento de dados, já que o app não tem acesso ao hardware do celular.
3. Instale aplicativos de privacidade
Navegadores com bloqueadores de rastreadores, extensões contra cookies e serviços de VPN são ferramentas valiosas para dificultar a coleta de dados.
4. Atualize sempre seus aplicativos
Muitas atualizações corrigem falhas de segurança que poderiam ser exploradas por terceiros para coletar dados sem autorização.
H3.5. Leia os termos de uso e políticas de privacidade
Ainda que não seja o hábito da maioria, conhecer os termos de uso ajuda a entender como suas informações serão utilizadas e compartilhadas.
Alternativas mais seguras
Em vez de usar apps que abusam da coleta de dados, existem alternativas mais conscientes:
- Signal ou Telegram no lugar do Messenger
- DuckDuckGo como buscador privado
- LibreTube como alternativa ao YouTube tradicional
- Brave como navegador com proteção nativa
Essas soluções oferecem recursos semelhantes, mas com maior respeito à privacidade do usuário.
Considerações finais
A privacidade digital é um bem cada vez mais raro — e valioso. O uso de aplicativos no dia a dia requer uma postura crítica e consciente por parte dos usuários. Embora seja difícil abrir mão de todos os apps populares, é fundamental entender os riscos envolvidos e tomar medidas para proteger seus dados.
Seja controlando permissões, evitando apps invasivos ou utilizando ferramentas de segurança, é possível navegar pela era digital com mais tranquilidade e autonomia.


