Estreou na TV Globo e na plataforma Globoplay a série documental “O Século do GLOBO”, idealizada por Pedro Bial. A produção é uma homenagem ao centenário do jornal O Globo, fundado em 1925, e propõe uma abordagem inovadora para recontar os acontecimentos mais marcantes da história do Brasil no último século. A narrativa combina dramatizações, cenas de arquivo e depoimentos inéditos de figuras públicas e profissionais da comunicação.
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Um retrato do Brasil através da trajetória de um jornal
O jornal como protagonista histórico
Mais do que apenas registrar notícias, o jornal O Globo esteve presente em diversos momentos decisivos da vida nacional. Desde sua fundação, atravessou crises políticas, mudanças sociais, avanços econômicos e transformações culturais profundas. A série usa a trajetória do jornal como fio condutor para narrar como o Brasil se transformou em cem anos.
Estrutura dividida em quatro episódios
A produção foi dividida em quatro capítulos, cada um focando em um recorte temporal diferente, cobrindo os principais períodos da história nacional entre 1925 e 2025. A estreia ocorreu em horário nobre na TV Globo e, em seguida, os episódios ficaram disponíveis para maratona no Globoplay, permitindo ao público escolher entre acompanhar a exibição tradicional ou assistir sob demanda.
Pedro Bial: do jornalismo ao roteiro histórico
A visão do criador e narrador
Pedro Bial, que também assina o roteiro e a direção da série, atua como narrador e guia da narrativa. Conhecido por sua longa carreira no jornalismo e pela habilidade em conduzir grandes entrevistas, Bial usa sua experiência para costurar as histórias contadas. Ele destaca que o projeto não se trata apenas da história de um jornal, mas da própria memória do país contada a partir de um veículo que testemunhou cada etapa da formação contemporânea do Brasil.
Um convite à reflexão crítica
Ao apresentar tanto os acertos quanto as controvérsias da atuação de O Globo, Bial convida o público a refletir sobre o papel da imprensa. A série revisita, por exemplo, o apoio do jornal ao golpe militar de 1964, mas também mostra sua atuação nas Diretas Já e no impeachment de Fernando Collor. Trata-se de uma análise honesta sobre o poder da comunicação na formação da opinião pública.
Elenco e reconstituições históricas
Tony Ramos e Eduardo Sterblitch dão vida a Roberto Marinho
Para interpretar o empresário Roberto Marinho, a série escalou dois nomes de peso: Tony Ramos, representando sua fase madura, e Eduardo Sterblitch, nos anos iniciais. Os atores recriam passagens importantes da vida do fundador do Grupo Globo, mostrando como ele liderou a transição do jornal para um conglomerado de mídia.
Personagens reais em cenas dramatizadas
Além dos Marinho, a série também apresenta versões ficcionais de figuras conhecidas do jornalismo, como Evandro Carlos de Andrade e Nelson Rodrigues. A reconstituição das redações de época, com ambientação baseada em arquivos reais, dá um ar autêntico às dramatizações e ajuda a contextualizar o impacto dos bastidores do jornalismo sobre os fatos históricos.
Capítulos que acompanham a transformação do país

Da fundação à consolidação do jornal
O primeiro episódio cobre o nascimento do jornal O Globo, em 1925, pelas mãos de Irineu Marinho, e a posterior sucessão por seu filho, Roberto. Mostra a ousadia editorial da publicação, seu compromisso com o noticiário ilustrado e os desafios enfrentados para se destacar em um mercado ainda em formação.
A relação com o regime militar
O segundo episódio trata do posicionamento do jornal frente ao golpe de 1964 e à ditadura militar. A série apresenta documentos e manchetes da época, além de entrevistas que contextualizam a visão editorial do veículo naquele momento. O episódio também questiona o papel da imprensa na manutenção ou no combate ao autoritarismo.
Redemocratização e jornalismo investigativo
A terceira parte foca nas décadas de 1980 e 1990, quando o Brasil viveu uma intensa transformação política e social. O Globo acompanhou o processo de redemocratização, cobriu o movimento das Diretas Já e teve papel ativo na apuração de escândalos políticos. A série mostra como o jornal se posicionou diante dos desafios éticos e das pressões de poder.
Era digital e desafios contemporâneos
O episódio final aborda os anos 2000 até o presente, mostrando como O Globo se adaptou às novas tecnologias, às redes sociais e ao jornalismo digital. Também entra em pauta o desafio de manter a credibilidade e a relevância diante de um ambiente polarizado e da proliferação de fake news. A série propõe um olhar sobre o futuro do jornalismo tradicional em um mundo cada vez mais veloz e fragmentado.
Inovação na linguagem e na estética
Estúdios virtuais e cenários realistas
A produção faz uso de tecnologia de ponta para criar redações e ambientes de época com altíssimo nível de fidelidade visual. Telas de LED e cenários digitais recriam com precisão desde os anos 1920 até os anos 2000, permitindo que o espectador se sinta imerso na realidade de cada momento histórico.
Mistura de gêneros narrativos
A série não se limita ao formato documental tradicional. Ela mescla entrevistas, dramatizações, trechos de telejornais, fotografias antigas e áudios originais. Essa fusão de estilos torna o conteúdo mais envolvente, permitindo que fatos históricos ganhem uma nova dimensão emocional e visual.
Impacto e repercussão
Reconhecimento do público e da crítica
Mesmo recém-lançada, “O Século do GLOBO” já desperta elogios por sua qualidade técnica e relevância temática. Especialistas em comunicação, jornalistas e historiadores destacaram a importância da série como documento histórico, tanto pela forma como trata temas delicados quanto pela proposta de reavaliar a trajetória de uma das instituições midiáticas mais poderosas do país.
Debate sobre o papel da imprensa
O conteúdo da série provoca uma discussão ampla sobre os limites, responsabilidades e dilemas do jornalismo. Ao revisitar erros e acertos, a obra dá espaço para que o espectador também reflita sobre a função social da mídia, o impacto da imprensa na política e os desafios atuais da informação.
Um documento audiovisual essencial
“O Século do GLOBO” se firma como uma produção importante não apenas para celebrar um centenário, mas para promover um debate necessário sobre a história brasileira e o papel da imprensa na construção de sua narrativa. Ao abrir os bastidores de decisões editoriais e relembrar como os jornais interferem nos rumos de um país, a série oferece um conteúdo de valor histórico, cultural e educacional.
Considerações finais
Mais do que uma homenagem ao jornal O Globo, “O Século do GLOBO” é uma obra que se propõe a revisitar, com profundidade e responsabilidade, os caminhos trilhados pelo Brasil nos últimos 100 anos. Com roteiro assinado por Pedro Bial, interpretações marcantes de Tony Ramos e Eduardo Sterblitch, e uma proposta estética inovadora, a série coloca o jornalismo como protagonista na leitura da história nacional.
Disponível na TV Globo e no Globoplay, a produção é um convite para que o público entenda como a informação molda sociedades, influencia decisões e deixa marcas profundas no tempo. Ao unir arte, história e reflexão crítica, a obra se consolida como uma das mais relevantes produções documentais da atualidade.













