A ameaça silenciosa: pulgas e parasitas nos animais de estimação
As pulgas são mais do que simples incômodos para cães e gatos. Esses pequenos parasitas podem provocar desde coceiras constantes até doenças graves, como dermatite alérgica e até anemia. Com a chegada de dias mais quentes e úmidos, aumenta o risco de infestações, exigindo atenção redobrada dos tutores.
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Harvard alerta: prevenção é o melhor caminho
Pesquisadores ligados à Universidade de Harvard divulgaram recentemente orientações valiosas sobre como proteger os animais domésticos de infestações parasitárias. A principal mensagem é clara: não espere o problema aparecer. A prevenção, segundo os especialistas, deve ser contínua e adaptada ao ambiente e ao estilo de vida do pet.
Por que os cuidados devem ser permanentes?
Segundo os estudiosos, as pulgas se reproduzem com facilidade em ambientes urbanos, principalmente em tapetes, camas e sofás. Mesmo em lares limpos, os ovos e larvas podem se alojar e reiniciar um ciclo de contaminação rapidamente. Por isso, não basta apenas aplicar um antipulgas esporadicamente — é necessário manter uma rotina protetiva.
Principais riscos das pulgas para os animais
Dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP)
Causada pela reação ao contato com a saliva da pulga, essa condição é uma das mais comuns em cães e gatos. O animal pode desenvolver coceiras intensas, feridas na pele e queda de pelos.
Anemia
Em casos de infestações graves, a perda de sangue provocada pelas picadas frequentes pode levar à anemia, especialmente em filhotes e animais idosos.
Verminoses
Algumas espécies de vermes intestinais, como o Dipylidium caninum, são transmitidas por meio da ingestão acidental de pulgas infectadas.
Como ocorre a infestação?
As pulgas adultas representam apenas cerca de 5% da população total do parasita. O restante está distribuído em forma de ovos, larvas e pupas no ambiente. Uma fêmea pode depositar até 50 ovos por dia, tornando a disseminação rápida e difícil de controlar sem ação coordenada.
Estratégias eficazes segundo Harvard

Uso contínuo de medicamentos antipulgas
Os especialistas recomendam o uso de produtos tópicos ou orais mensalmente, mesmo fora das épocas mais quentes. Existem diversas opções no mercado — pipetas, comprimidos mastigáveis, coleiras — e a escolha deve considerar o peso, idade e condições de saúde do pet.
Higienização do ambiente
Além do pet, o ambiente também precisa ser tratado. Harvard recomenda:
- Lavar roupas de cama, cobertores e brinquedos semanalmente;
- Aspirar carpetes e estofados com frequência;
- Aplicar sprays antipulgas apropriados nos ambientes de convivência do animal.
Escovação e inspeção frequentes
Escovar o pelo do pet com pente fino ajuda a detectar pulgas precocemente. Durante a escovação, deve-se observar também sinais como pontos pretos (fezes das pulgas), áreas avermelhadas e perda de pelos.
Monitoramento durante o ano todo
Embora o verão seja a época de maior incidência, os pesquisadores reforçam que o controle deve ser feito ao longo de todo o ano. Em locais com clima tropical, como grande parte do Brasil, as pulgas conseguem sobreviver mesmo no inverno.
Animais que vivem dentro de casa também correm risco?
Sim. Segundo o estudo, a ideia de que apenas pets que saem para a rua precisam de prevenção é equivocada. Pessoas podem trazer ovos ou larvas nas roupas e sapatos. Além disso, outros animais que visitam a residência, como pássaros ou roedores, podem ser vetores.
O papel do veterinário
Consultas periódicas com veterinários são fundamentais para:
- Escolher o produto ideal para o perfil do pet;
- Verificar se há resistência aos antiparasitários usados;
- Avaliar se há sinais clínicos de infestação ou doenças associadas.
Mitos comuns sobre antipulgas
“Meu pet não coça, então está tudo bem”
Essa é uma das principais armadilhas. Nem todos os animais apresentam coceira imediatamente. Alguns podem já estar infestados e ainda assim não demonstrar sintomas externos.
“Só uso antipulgas no verão”
O controle sazonal é ineficiente. Os parasitas podem permanecer no ambiente por longos períodos, mesmo durante estações frias, e reinfestar os animais rapidamente.
“Animais dentro de apartamento não pegam pulga”
Falso. Apartamentos com carpetes, visitantes ou acesso a áreas comuns também são ambientes propícios à proliferação. Além disso, parasitas podem ser carregados nas roupas e sapatos dos tutores.
Cuidados redobrados com filhotes e idosos
Filhotes e animais idosos são os mais vulneráveis aos efeitos das pulgas. A pele mais fina e o sistema imunológico ainda em desenvolvimento ou enfraquecido tornam os riscos mais altos. Nestes casos, o tratamento deve ser supervisionado rigorosamente pelo veterinário, que pode ajustar as doses e métodos de aplicação.
Produtos naturais funcionam?
O uso de alternativas naturais, como óleos essenciais, vinagre ou sprays caseiros, é frequentemente propagado. No entanto, Harvard alerta para os perigos dessa abordagem:
- Falta de comprovação científica;
- Potencial de intoxicação, especialmente em gatos;
- Ineficiência na eliminação de ovos e larvas.
Esses métodos podem ser usados apenas como complemento, e nunca como tratamento exclusivo.
Prevenção também é proteção à saúde humana
Algumas zoonoses — doenças que podem ser transmitidas de animais para humanos — têm os parasitas como vetores. A pulga, por exemplo, está associada à transmissão de tifo murino e peste bubônica em certas regiões do mundo. Embora raras no Brasil, essas doenças demonstram a importância de manter o ambiente doméstico livre de infestações.
O que fazer em caso de infestação?
- Isolar o animal afetado de outros pets da casa;
- Realizar tratamento imediato com antiparasitários recomendados por veterinário;
- Limpar e desinfetar todos os ambientes em que o animal circula;
- Repetir o ciclo de limpeza por pelo menos duas semanas para eliminar ovos e larvas residuais.
Conscientização e compromisso dos tutores
Manter um pet livre de pulgas não é uma tarefa pontual, mas um compromisso contínuo. A negligência nos cuidados preventivos pode resultar em sofrimento para o animal e prejuízos para toda a família.
Considerações finais
As orientações de especialistas de Harvard reforçam o que a ciência veterinária brasileira já recomenda: a prevenção é o melhor e mais seguro caminho para manter cães e gatos livres das pulgas. Um plano contínuo de cuidado, com apoio profissional e higiene ambiental, garante saúde e bem-estar aos animais e tranquilidade para os tutores.


