Poucos nomes marcaram tão profundamente a cultura brasileira como Roberto Medina. Responsável por tirar o Brasil do eixo periférico do entretenimento global, o publicitário e criador do Rock in Rio desafiou a lógica de que grandes eventos culturais só podiam acontecer na Europa ou nos Estados Unidos. Sua trajetória é a de um homem que começou observando os bastidores da publicidade e chegou a ser referência mundial em criação de experiências inesquecíveis.
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Da infância ao universo da comunicação
Nascido no Rio de Janeiro, em 6 de abril de 1949, Roberto Medina cresceu em um ambiente onde comunicação e criatividade se entrelaçavam. Seu pai, Roberto Medina Sênior, foi um dos grandes nomes da publicidade brasileira, responsável por campanhas que marcaram época. Desde cedo, o jovem Medina aprendeu que boas ideias podem ser a ponte entre sonhos e realizações.
Início na Artplan
Medina iniciou sua carreira na Artplan, agência fundada por seu pai. Ali, ainda como aprendiz, mergulhou no universo da criação publicitária, absorvendo técnicas, estratégias e, principalmente, ousadia. Sua missão era clara: inovar. E foi isso que fez ao longo de toda sua vida profissional.
O nascimento de um projeto revolucionário
Um Brasil em transformação
Nos anos 1980, o Brasil atravessava uma fase delicada. O país deixava para trás a ditadura militar, vivia sob uma inflação galopante e ainda engatinhava em termos de estrutura para grandes eventos. Foi nesse contexto que Medina decidiu dar vida a um sonho considerado impossível: criar um megaevento musical internacional no Brasil.
Rock in Rio: a primeira edição
Em janeiro de 1985, nascia o Rock in Rio I. Medina idealizou e construiu a primeira “Cidade do Rock”, uma estrutura com capacidade para mais de 250 mil pessoas por dia. O evento reuniu grandes nomes da música mundial, como Queen, AC/DC, Iron Maiden, Yes e Rod Stewart. Ao todo, foram mais de 1,3 milhão de pessoas durante 10 dias de festival.
Superação de obstáculos
Realizar o Rock in Rio envolveu negociar com artistas internacionais, convencer patrocinadores céticos e lidar com o poder público para viabilizar uma estrutura inédita no país. Medina enfrentou tudo com uma postura corajosa e visionária, mostrando que o Brasil poderia, sim, realizar eventos do mais alto nível.
Do festival à marca global

Expansão internacional
Após o sucesso da edição inaugural, Medina percebeu que o Rock in Rio poderia ir além das fronteiras brasileiras. Em 2004, o festival chegou a Lisboa, expandindo-se posteriormente para Madri e até mesmo Las Vegas. A exportação da marca transformou o festival em um verdadeiro símbolo da criatividade e organização brasileiras no exterior.
Evolução da proposta
Mais do que um evento musical, o Rock in Rio foi se consolidando como uma plataforma de experiências. Diversificou os estilos musicais, atraiu públicos variados e incorporou causas sociais e ambientais como parte de sua essência. Desde 2001, o lema “Por um Mundo Melhor” passou a integrar oficialmente a filosofia do festival.
Roberto Medina e o universo da publicidade
A reinvenção da Artplan
Mesmo com o sucesso do festival, Medina nunca se afastou da publicidade. À frente da Artplan, ele redesenhou a atuação da agência, transformando-a em uma das maiores do Brasil. Com sedes em Rio, São Paulo e Brasília, a agência atende contas públicas e privadas de grande porte.
Publicidade como experiência
Medina sempre acreditou que a publicidade deve emocionar. Em suas campanhas e eventos, o foco está em criar experiências memoráveis, que conectem marca e consumidor de forma afetiva. Esse pensamento antecipou o que o marketing moderno chama hoje de “marketing de experiência”.
O estilo de liderança de Roberto Medina
Visão e coragem
Em um país onde o improviso muitas vezes substitui o planejamento, Medina se destacou por pensar grande e planejar com rigor. Foi pioneiro ao adotar ferramentas internacionais de gestão para organizar eventos no Brasil e ao aplicar conceitos da indústria cinematográfica em suas ações publicitárias.
Formação de sucessores
A sucessão também foi pensada com estratégia. Sua filha, Roberta Medina, passou a atuar como executiva nas edições internacionais do Rock in Rio. A liderança jovem ajudou a modernizar processos, atrair novos públicos e ampliar o impacto cultural do evento.
Críticas e aprendizados
Impacto ambiental e urbanístico
Como qualquer megaevento, o Rock in Rio enfrentou críticas relacionadas ao impacto ambiental, ao uso de espaços públicos e à gentrificação de áreas urbanas. Em resposta, Medina adotou medidas como compensação de carbono, reaproveitamento de materiais e programas de educação ambiental.
Comercialização e autenticidade
Outra crítica comum é a comercialização excessiva do festival. Para alguns, o Rock in Rio teria se distanciado de suas raízes rebeldes. Medina, por sua vez, sempre respondeu com pragmatismo: “Sem marcas, não há evento. A diferença está em fazer com propósito.”
O legado de Roberto Medina
Referência global
Hoje, o nome de Roberto Medina é reconhecido em todo o mundo como sinônimo de excelência em produção de eventos. O Rock in Rio se tornou case de estudo em universidades, escolas de negócios e conferências internacionais sobre marketing e entretenimento.
Transformação cultural
Medina ajudou a transformar a maneira como o brasileiro consome cultura. O festival influenciou o surgimento de dezenas de outros eventos, profissionalizou o setor de shows no país e tornou o Brasil um destino viável para turnês globais de artistas internacionais.
Considerações finais
A trajetória de Roberto Medina é mais do que a história de um publicitário bem-sucedido. É o relato de um visionário que enxergou no Brasil um palco possível para grandes ideias. De aprendiz curioso a mestre reconhecido, ele provou que sonhar grande, planejar com inteligência e executar com paixão são os ingredientes para transformar realidades.
Roberto Medina não apenas criou um festival: ele inaugurou uma nova era de possibilidades culturais para o Brasil. E seu legado ainda ecoará por muitas gerações.













