Uma equipe internacional de criptologia descobriu acidentalmente uma série de cartas codificadas escritas por Mary Queen of Scots e as decifrou.
O conteúdo dessas cartas que até agora foram decodificadas revela os pensamentos, tramas e emoções escritas por Mary enquanto ela estava presa pela Rainha Elizabeth I, e acredita-se que foram totalmente perdidas.
Usando técnicas computadorizadas e manuais, a equipe de pesquisa decodificou as cartas escritas de 1578 a 1584. Elas mostram os desafios que Mary enfrentou para manter ligações com o mundo exterior, como as cartas foram transportadas e por quem, e o brilhantismo de sua rede de espionagem/correspondência.
Os principais temas incluem reclamações sobre sua saúde debilitada e condições no cativeiro. Suas negociações com a rainha Elizabeth I para sua libertação, que ela acredita não terem sido conduzidas de boa fé. Sua desconfiança no espião mestre de Elizabeth, Sir Francis Walsingham, também é aparente, assim como sua animosidade por Robert Dudley, conde de Leicester e favorito de Elizabeth.
Mary também expressa sua angústia quando seu filho James, o futuro rei James I da Inglaterra, é sequestrado em agosto de 1582, e sua sensação de que eles foram abandonados pela França.
Cercado por inimigos
Nascida Mary Stuart, rainha da Escócia em 1542, ela passou grande parte de sua vida em cativeiro, primeiro nas mãos de protestantes escoceses por sua fé religiosa como católica, e depois por sua prima, a rainha Elizabeth I, que a considerava uma ameaça ao trono. Além de Albion, Mary encontrou mais aliados na França, especialmente entre os católicos.
As cartas
“Ao decifrar as letras, fiquei muito, muito intrigado e parecia surreal”, explicou o principal autor do artigo publicado sobre o trabalho, Dr. Lasry. “Nós quebramos códigos secretos de reis e rainhas anteriormente, e eles são muito interessantes, mas com Mary Queen of Scots, foi notável porque tínhamos tantas cartas inéditas decifradas e porque ela é tão famosa.”
Lasry e sua equipe decifraram 57 cartas e as publicaram na revista Cryptologia no 436º aniversário da execução de Mary (8 de fevereiro), aos 44 anos, no Castelo de Fotheringhay, em Northamptonshire.
Correspondência secreta
“Mary Queen of Scots deixou um extenso corpus de cartas mantidas em vários arquivos”, explicam os autores. “Havia evidências anteriores, no entanto, de que outras cartas de Mary Stuart estavam faltando nessas coleções, como aquelas referenciadas em outras fontes, mas não encontradas em outro lugar.”
“As cartas que deciframos… provavelmente fazem parte dessa correspondência secreta perdida.”
Durante seu tempo no cativeiro, Mary se comunicou com seus associados e aliados por causa de grandes esforços feitos para recrutar mensageiros e manter sigilo.
A existência de um canal de comunicação confidencial entre Mary e seus apoiadores era de conhecimento do governo inglês na época, mas os canais parecem ser tão fortes que, por décadas, nenhuma das cartas caiu em mãos erradas.
Por fim, foi nomeado um carcereiro mais severo que conseguiu interceptar uma conspiração para instalá-la no trono inglês, o suficiente para acusá-la de traição e proferir uma sentença de execução.