Figura constante nos estádios de futebol, Abel Neto, um dos principais repórteres esportivos da atualidade, revelou no programa ‘Bem Amigos’, do SporTV, que já foi (e continua sendo) vítima de racismo nos jogos.
Questionado a respeito do assunto pelo apresentador Luis Roberto, Abel contou que não só ele, mas também as mulheres que exercem a profissão precisam lidar com a ignorância de parte do público dos estádios.
“Muitas vezes [ocorreram as ofensas racistas]. Até hoje quando vou a algum estádio, dependendo do estádio têm alguns xingamentos. Em português claro: macaco. Na verdade, esse tipo de falta de educação, de intolerância, tem relação com todo mundo, independente de ser negro. Às vezes é por bairrismo, já vi mulheres repórteres sofrendo ofensas, xingamentos. São coisas que existem, infelizmente, não só no Brasil, mas em todos os países no mundo, mas que a gente tem que enfrentar”, disse o repórter da TV Globo.
Abel enfatizou que as atitudes preconceituosas vêm de uma minoria, enquanto a maioria é carinhosa e respeitosa com seu trabalho. Contudo, a questão não pode, de maneira alguma, passar despercebida. E admitir o problema pode ser o primeiro passo para lidar com ele: “Acho legal a gente refletir. Pode ser o início de uma coisa que daqui a dez anos vai ser totalmente diferente, já que hoje tem o preconceito, a discriminação, tem xingamento, gente que não aceita. Pode mudar muito”, comentou Abel.
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Foto: SporTV / Reprodução – Via UOL
O programa também abordou o caso da jogadora de vôlei Isabelle Neris, que atua no time do Voleiras. Transgênero, a atleta conta como foi sua trajetória para conseguir praticar o esporte entre as mulheres. Sua inspiração para não desistir e lutar contra todo o preconceito que sofre veio da também jogadora transgênero Tiffany Abreu, brasileira que conseguiu a liberação para atuar no vôlei italiano. “Ela conseguiu a liberação, e aquilo me deu um ‘boom’ de energia. Ela que me ajudou a não desistir e ir atrás dos meus sonhos”, conta Isabelle.
Curitibana, a atleta revela que entrou no vôlei graças a um projeto de Bernardinho e há 8 anos ela vem realizando tratamento hormonal para baixar os níveis de testosterona de seu organismo. “Fiz um exame, que é exigido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) para poder me apresentar na Federação Paranaense de Voleibol e que era um dos requisitos para competir no feminino”, diz ela.
Isabelle conta que um dos fatores que mais a fez pensar em desistir do esporte foi o preconceito. Ela conta que as pessoas iam embora dos ginásios só pelo fato dela estar jogando. “Falavam: ‘se ela vir jogar, não vou jogar’ ou ‘ seu lugar não é aqui, o que está fazendo aqui com a gente?’. Era constrangedor”. Contudo, para seguir em frente, Isabelle seguiu sua linha de pensamento de que “o esporte deve acolher, não segregar”. E além disso, ela estava fazendo o que amava e não estava prejudicando ninguém, então não havia o porquê de parar.
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Foto: SporTV/Reprodução – Via UOL
Tanto Abel quanto Isabelle são pessoas que venceram na vida e atuam fazendo o que amam. Não devem nada a ninguém e não precisam provar nada a ninguém. Mas até quando vão precisar enfrentar preconceito? É triste que o mundo ainda seja tão medíocre a esse ponto.


Foto: SporTV / Reprodução – Via UOL
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