O que você precisa saber sobre as reações adversas das vacinas
A vacinação é uma das maiores conquistas da medicina moderna. Graças a ela, doenças antes letais, como poliomielite, sarampo e varíola, foram erradicadas ou controladas. No entanto, como qualquer intervenção médica, as vacinas podem causar efeitos colaterais — conhecidos como reações adversas. Embora o termo possa causar preocupação, a maioria desses eventos são leves, temporários e sinal de que o corpo está respondendo ao imunizante.
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Por que o corpo reage após uma vacina?
Quando uma vacina é aplicada, seu objetivo é estimular o sistema imunológico a produzir defesas contra determinado vírus ou bactéria. Para isso, ela pode conter vírus atenuados, partes do agente infeccioso ou substâncias que imitam a infecção. Esse processo pode provocar sintomas como febre, dor de cabeça ou desconforto local. Em termos médicos, isso é conhecido como “evento adverso pós-vacinação”.
Classificação das reações adversas
As reações adversas podem ser classificadas de acordo com sua intensidade e localização no corpo. Abaixo, veja as principais categorias:
Reações locais
São os efeitos que ocorrem diretamente no local da aplicação da vacina, geralmente no braço:
- Dor ou sensibilidade
- Vermelhidão
- Inchaço
- Formação de nódulo pequeno
Essas reações são as mais frequentes e normalmente desaparecem em até 48 horas.
Reações sistêmicas
Essas afetam o corpo como um todo e também são comuns, especialmente em crianças:
- Febre leve ou moderada
- Dor no corpo
- Fadiga
- Náusea ou vômitos
- Irritabilidade (em bebês)
Esses sintomas, quando ocorrem, costumam aparecer nas primeiras 24 a 48 horas e também se resolvem sozinhos.
Reações graves (raras)
Casos mais sérios são muito incomuns, mas exigem atenção imediata. Entre eles estão:
- Choque anafilático (reação alérgica grave)
- Convulsão febril
- Episódios de hipotonia (redução do tônus muscular)
- Inflamação no coração, como miocardite (rara, geralmente associada a vacinas de RNA mensageiro)
É importante destacar que essas reações graves ocorrem em menos de 0,01% dos casos, conforme dados de vigilância epidemiológica.
Tempo entre a vacina e o surgimento de reações

A maioria das reações acontece nas primeiras 24 a 72 horas após a aplicação da vacina. Algumas vacinas, como a BCG (contra tuberculose), podem gerar um pequeno nódulo que evolui lentamente e pode durar semanas, o que é considerado normal.
No caso de reações graves, os sintomas costumam aparecer rapidamente — dentro de minutos ou poucas horas — e requerem socorro imediato.
O que fazer em caso de reação adversa?
Reações leves
Na maior parte das vezes, não há necessidade de intervenção médica. Medidas simples ajudam a aliviar o desconforto:
- Aplicar compressa fria no local da injeção
- Manter o bebê ou a criança hidratada
- Usar analgésicos ou antitérmicos prescritos pelo médico
Reações intensas ou persistentes
Se os sintomas forem muito fortes ou durarem mais de dois dias, é fundamental procurar uma unidade de saúde. Também é necessário buscar atendimento imediato se houver:
- Dificuldade para respirar
- Inchaço no rosto ou na garganta
- Febre muito alta (acima de 39,5ºC)
- Convulsões
- Queda de pressão ou perda de consciência
Esses sinais podem indicar uma reação mais grave e precisam ser avaliados por um profissional.
Quais vacinas causam mais reações?
Alguns imunizantes tendem a provocar mais reações do que outros, principalmente em crianças. Veja os mais conhecidos:
Vacina BCG
- Pode formar uma lesão no local que evolui lentamente e deixa cicatriz.
- É uma resposta normal do organismo.
Vacina pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus)
- Pode causar febre, sonolência e choro inconsolável em crianças pequenas.
- Casos de convulsão febril são muito raros, mas já relatados.
Vacina contra febre amarela
- Pode causar febre e dores no corpo, semelhantes aos sintomas da própria doença.
- Contraindicada para pessoas imunossuprimidas e gestantes, salvo exceções.
Vacina contra COVID-19
- Reações comuns: dor no braço, febre baixa, fadiga e dor de cabeça.
- Reações raras, como miocardite, foram identificadas em alguns países, principalmente entre homens jovens, mas os benefícios continuam superando os riscos.
Eventos adversos e sistema de vigilância no Brasil
O Ministério da Saúde mantém o sistema Notivisa, responsável por registrar qualquer evento adverso grave associado à vacinação. Os profissionais de saúde são obrigados a notificar esses eventos, e os dados ajudam a identificar padrões ou problemas específicos.
Além disso, o Brasil participa de redes internacionais de farmacovigilância, o que aumenta a segurança das vacinas utilizadas no país.
O papel da informação e da confiança pública
Vacinas são seguras, eficazes e salvam vidas. No entanto, desinformação e boatos sobre efeitos colaterais podem gerar medo e hesitação. Por isso, é essencial que pais, responsáveis e cidadãos em geral busquem informações em fontes confiáveis e conversem com os profissionais de saúde sobre qualquer dúvida.
Evitar vacinar por medo de reações pode expor a criança (e a comunidade) a doenças graves que poderiam ser evitadas.
As reações são um sinal de que a vacina está funcionando?
Em muitos casos, sim. Sintomas leves como febre ou dor no braço indicam que o corpo está produzindo anticorpos, ou seja, criando imunidade. No entanto, a ausência de reações não significa que a vacina não funcionou — cada organismo responde de maneira diferente.
Quais grupos devem ter atenção redobrada?
Algumas pessoas precisam de cuidados específicos antes de se vacinar:
- Pessoas alérgicas a componentes da vacina: devem informar ao profissional antes da aplicação.
- Gestantes: devem seguir as recomendações específicas para o período de gestação.
- Imunossuprimidos: podem ter reações diferentes e devem vacinar sob orientação médica.
- Idosos e portadores de doenças crônicas: também podem exigir avaliação prévia.
Dicas para prevenir ou minimizar reações
- Evite agendar várias vacinas no mesmo dia, se possível (em especial em bebês).
- Alimente a criança antes da vacinação (caso não esteja em jejum obrigatório).
- Mantenha o cartão de vacinas em dia e siga corretamente os intervalos.
- Pergunte ao profissional de saúde o que esperar após a aplicação.
Considerações finais
As vacinas são ferramentas essenciais para proteger a saúde individual e coletiva. Embora possam causar reações adversas, a maioria é leve e passageira. Reações graves são extremamente raras e os sistemas de vigilância estão preparados para agir com rapidez e segurança.
Manter a confiança na vacinação é preservar décadas de conquistas em saúde pública. Informar-se corretamente é o primeiro passo para garantir que as vacinas continuem salvando milhões de vidas.


