Quando Psicose (Psycho) chegou às salas de cinema em 1960, dirigido por Alfred Hitchcock, o público testemunhou uma revolução na forma de contar histórias de suspense. Mais do que a trama e as imagens impactantes, foi a música de Bernard Herrmann que cravou a obra na memória coletiva. Os sons agudos e inquietantes compostos para a famosa cena do chuveiro mudaram para sempre a maneira como o cinema utiliza a trilha sonora para provocar medo.
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O momento histórico em que “Psicose” surgiu
Um projeto fora dos padrões
No final dos anos 1950, Hitchcock já era consagrado no gênero suspense, mas Psicose destoava de seus trabalhos anteriores. Inspirado no livro de Robert Bloch, o filme ousou narrativamente, matando a aparente protagonista logo no início e apostando em um antagonista com traços psicológicos complexos: Norman Bates.
Escolhas de produção que potencializaram o impacto
Com orçamento controlado, Hitchcock decidiu filmar em preto e branco, conferindo um ar mais sombrio. Essa estética se encaixou com a proposta de Herrmann, que optou por usar exclusivamente instrumentos de cordas, criando um som cru e perturbador.
Bernard Herrmann: o mestre por trás do som
Um compositor inovador
Herrmann já tinha trabalhado com Hitchcock em títulos como O Homem que Sabia Demais e Intriga Internacional, mas foi em Psicose que teve liberdade para experimentar. Ao abrir mão da orquestra completa e trabalhar apenas com cordas, ele criou um clima sonoro único.
O debate sobre a cena do chuveiro
Inicialmente, Hitchcock não queria música na sequência do assassinato de Marion Crane. Herrmann, porém, apresentou uma composição de violinos estridentes que convenceu o diretor de imediato. Mais tarde, Hitchcock reconheceria que um terço do efeito dramático do filme vinha da trilha.
A anatomia da cena do chuveiro
Imagens e som em sintonia
Na sequência mais icônica do filme, não há imagens explícitas da faca penetrando no corpo da personagem. No entanto, a montagem frenética e o som cortante dos violinos transmitem ao espectador a sensação de violência iminente.
Elementos musicais que causam tensão
Herrmann usou notas agudas, tocadas com rapidez e repetição, criando um efeito que remete a gritos. A ausência de outros instrumentos deixa a composição mais seca, aumentando o impacto psicológico.
Como “Psicose” influenciou o som no terror
Criando um modelo para o medo
Depois de Psicose, o uso de cordas agudas para anunciar perigo tornou-se um padrão em filmes de suspense e terror. Obras como Tubarão e Halloween herdaram a ideia de transformar a trilha em elemento narrativo ativo.
O som como parte da narrativa
Em diversos trechos do filme, a música não apenas acompanha, mas conduz a cena. Essa abordagem inspirou diretores a enxergar a trilha como uma voz própria dentro da narrativa.
A linguagem sonora do suspense segundo Herrmann

O uso da repetição
Ao repetir ritmos e harmonias de forma constante, o compositor manteve o espectador em alerta, gerando uma expectativa constante de que algo ruim estava para acontecer.
Silêncio e explosão sonora
Alternar trechos de silêncio absoluto com ataques repentinos de som tornou-se uma marca da composição, criando sustos e acentuando o desconforto.
O legado cultural da música de “Psicose”
Presença na cultura pop
O tema da cena do chuveiro foi reproduzido, homenageado e parodiado inúmeras vezes em séries, filmes e desenhos animados, tornando-se reconhecível mesmo para quem nunca assistiu ao filme original.
Estudo acadêmico e reconhecimento
A trilha é considerada um exemplo definitivo de como a música pode manipular emoções no audiovisual. É estudada em universidades de cinema e música ao redor do mundo.
Hitchcock e Herrmann: parceria e rompimento
Colaboração criativa marcante
Juntos, diretor e compositor criaram obras de grande impacto, desenvolvendo um estilo sonoro para o suspense que se tornou referência.
O fim da aliança
A parceria chegou ao fim alguns anos depois, durante Cortina Rasgada, quando Hitchcock rejeitou a música de Herrmann. Apesar disso, o trabalho conjunto em Psicose já havia entrado para a história.
O papel da música na experiência de “Psicose”
Envolvimento emocional do público
A trilha consegue guiar o estado emocional do espectador, aumentando o medo e tornando as cenas mais memoráveis.
Imersão total na atmosfera
Ao restringir a instrumentação e criar um som único, Herrmann fez com que a audiência se sentisse parte do ambiente opressor e paranoico do filme.
Por que a música ainda assusta depois de mais de 60 anos
Mais de seis décadas após seu lançamento, a música de Psicose ainda é capaz de gerar tensão e desconforto. Seu poder está na simplicidade e na eficácia com que comunica perigo, deixando o espectador vulnerável mesmo sabendo o que vai acontecer.
Considerações finais
A trilha de Bernard Herrmann para Psicose não foi apenas um complemento à narrativa visual de Alfred Hitchcock, mas um elemento fundamental para o impacto do filme. Ao inovar na forma, no timbre e no uso dramático do som, Herrmann redefiniu como a música poderia moldar emoções no cinema, criando um legado que continua vivo na cultura pop e no imaginário coletivo do terror.













