As tensões entre Israel e Irã atingiram um novo patamar em 2025, com ataques aéreos recentes e ameaças de escalada militar. O centro do conflito é o programa nuclear iraniano, que vem avançando de forma significativa nos últimos anos. Mas, apesar das ofensivas, analistas internacionais apontam que desmantelar totalmente a infraestrutura nuclear do Irã é uma missão extremamente complexa, repleta de desafios técnicos, militares e geopolíticos.
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Como começou o programa nuclear do Irã?
Início com fins pacíficos
O programa nuclear iraniano teve origem na década de 1970, durante o governo do xá Reza Pahlavi, com apoio de países ocidentais. Inicialmente, o objetivo declarado era produzir energia elétrica por meio de reatores nucleares civis.
Mudanças após a Revolução Islâmica
Após a Revolução de 1979, o Irã manteve seu programa, mas passou a desenvolver também atividades que levantaram suspeitas sobre uma possível intenção de produzir armas nucleares. Desde então, o tema virou foco de atenção de potências ocidentais e de órgãos de fiscalização internacional.
Principais instalações nucleares iranianas
Natanz: o coração do enriquecimento de urânio
Localizada no centro do país, a instalação de Natanz é uma das mais conhecidas do programa nuclear iraniano. A estrutura está parcialmente subterrânea e possui forte proteção de concreto, dificultando ataques aéreos convencionais.
Fordow: um desafio militar
Construída a cerca de 90 metros abaixo de uma montanha, a usina de Fordow, perto da cidade de Qom, é uma das instalações mais protegidas do mundo. Mesmo armas de grande poder destrutivo teriam dificuldades em causar danos significativos à estrutura.
Arak: o potencial para plutônio
A cidade de Arak abriga um reator de água pesada, que pode produzir plutônio, outro material básico para armas nucleares. O local já foi alvo de inspeções e restrições, mas recentemente voltou a receber atenção por parte de Israel.
Por que Israel considera o programa nuclear iraniano uma ameaça?

A questão da segurança nacional
Israel vê um Irã com capacidade nuclear como uma ameaça existencial. Autoridades israelenses afirmam que não podem permitir que Teerã obtenha a capacidade de produzir uma bomba atômica.
Histórico de ataques preventivos
Israel já demonstrou no passado estar disposto a atacar instalações nucleares de países considerados hostis. Em 1981, bombardeou o reator de Osirak, no Iraque. Em 2007, fez o mesmo na Síria, com a destruição de um reator em construção.
Por que é tão difícil destruir o programa nuclear do Irã?
Localização subterrânea
Grande parte das instalações nucleares iranianas foi construída no subsolo, com proteção reforçada contra bombardeios aéreos. Isso impede que armas convencionais causem danos significativos.
A questão da GBU-57
A única bomba não nuclear capaz de atingir estruturas como a de Fordow é a GBU-57, também conhecida como “Massive Ordnance Penetrator”. Trata-se de uma arma de 13 toneladas, projetada para perfurar até 60 metros de concreto armado. No entanto, Israel não possui esse armamento em seu arsenal e precisaria do apoio militar dos Estados Unidos para utilizá-lo.
Dispersão das instalações
Além de Natanz, Fordow e Arak, o Irã possui diversos outros locais, alguns ainda secretos, o que torna a eliminação total do programa nuclear uma tarefa quase impossível com uma única ofensiva.
Risco de retaliação regional
Qualquer ataque israelense de grande escala contra o Irã pode desencadear uma reação em cadeia, incluindo ataques a aliados de Israel, como os Estados Unidos, e o aumento das tensões com o Hezbollah e outros grupos apoiados por Teerã.
As tentativas diplomáticas de conter o programa nuclear iraniano
O Acordo Nuclear de 2015
O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), assinado em 2015 entre Irã e potências mundiais, limitou temporariamente o enriquecimento de urânio e estabeleceu inspeções rigorosas.
A saída dos Estados Unidos e as consequências
Em 2018, os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do acordo, sob a administração de Donald Trump. Desde então, o Irã retomou atividades nucleares antes suspensas, incluindo o aumento dos níveis de enriquecimento de urânio.
A busca por uma solução diplomática em 2025
Apesar de algumas tentativas de retomada das negociações, os esforços diplomáticos têm enfrentado dificuldades, principalmente devido à falta de consenso entre as potências internacionais e o endurecimento da postura iraniana.
Ataques recentes e a resposta iraniana
Bombardeios em Natanz e Arak
Nos últimos meses, Israel realizou ataques pontuais contra Natanz e Arak, danificando parte das instalações, mas sem comprometer a totalidade da capacidade de enriquecimento do Irã.
Fordow permanece intacta
A instalação de Fordow, devido à sua profundidade e localização estratégica, continua operando normalmente, desafiando os esforços militares israelenses.
O Irã responde com demonstração de força
O governo iraniano tem promovido testes com mísseis de longo alcance, incluindo armamentos hipersônicos, além de reforçar seu discurso de resistência e soberania nacional.
Quais são os possíveis próximos passos?
Opção militar ampliada
Israel pode optar por realizar uma campanha de ataques prolongados, focando em diferentes instalações ao longo do tempo. No entanto, sem o uso da GBU-57 ou de armamentos nucleares, dificilmente conseguirá eliminar Fordow e outras estruturas subterrâneas.
Pressão diplomática
A comunidade internacional pode tentar retomar o diálogo com o Irã para estabelecer novos limites ao programa nuclear. No entanto, as desconfianças mútuas dificultam avanços concretos.
A ameaça de uma guerra de grandes proporções
Uma ofensiva de larga escala contra o Irã poderia desencadear uma guerra regional, com impactos diretos em países vizinhos e no mercado global de energia.
Considerações finais
O programa nuclear do Irã representa um desafio multifacetado para Israel e para a comunidade internacional. As limitações técnicas, as dificuldades logísticas e os riscos geopolíticos tornam improvável uma solução puramente militar no curto prazo.
Enquanto o Irã reforça sua infraestrutura e demonstra capacidade de resistência, Israel busca alternativas que vão desde ações pontuais até pressão diplomática por meio de aliados. No entanto, o cenário permanece instável, e qualquer movimento mal calculado pode gerar uma crise de grandes proporções no Oriente Médio.













