Há milhares de crianças em abrigos esperando uma família. Alguém que possa dar todo o amor e carinho que merecem. E uma dessas pessoas tão especiais, prontas para acolher novos membros como filhos é a professora Marlysângela Gonçalves. Com 30 anos, ela quis adotar uma das alunas, que morava em um abrigo.
Foi então que descobriu que ela tinha mais três irmãos e sabia que não podia separá-los. Em seu depoimento a UOL, ela conta os detalhes dessa adoção:
A história começa quando ela, casada há seis anos com o marido Nelson, que já tinha feito vasectomia, decidiu que queria ter um filho. Então, o casal resolvei tentar a fertilização in vitro. Isso em 2012, quando ela era coordenadora em uma ONG. A organização desenvolvia projetos com crianças em situação de vulnerabilidade, em uma escola. Algumas delas moravam em abrigos:

“Havia uma menina, de oito anos, que tinha um temperamento difícil. Os professores a levavam na minha sala para receber aconselhamento. E foi assim que conheci a Nicoly, a minha primeira filha. Aos poucos, fomos nos aproximando.”, relembra Marlysângela. Ela também chegou a conhecer Rebeca, de dez anos, irmã de Nicoly e se aproximou. Contou ao marido sobre ambas e passou a registrar as duas nas atividades e Nelson foi criando um carinho por elas. As meninas eram do abrigo São Luiz, em São Bernardo do Campo, São Paulo.
Descobre que havia mais irmãos:
Então, ela recebeu uma ligação: Janaina, a assistente social do abrigo, contou que as duas irmãs tinham vontade de ser adotadas por ela e que sabia que o desejo era mútuo:
“No entanto, ela estava me chamando para esclarecer que elas não estavam no processo para adoção, pois a equipe técnica do abrigo estava tentando reintegrá-las à família biológica. Fiquei nervosa e comecei a chorar.”, contou. Então, conheceu mais uma irmã, Ketelin, de seis anos. Pouco depois, quase perdeu o chão ao saber do quarto irmão, Danilo, um bebê de um ano.
“Esses irmãos já tinham passado por tanto sofrimento, que eu não podia separá-los, fazê-los crescer um longe do outro e causar ainda mais perdas. Decidi lutar por eles”, disse Marlysângela. Ela desistiu da fertilização e contou ao marido que queria que os quatro fossem adotados por eles.

Demorou mais de dois anos para legalmente terem as crianças em sua casa. Mas, todo o vínculo afetivo entre o casal e elas já havia se formado e tinha muito amor envolvido! Até que descobriram mais um irmão, que tinha acabado de nascer. Marcos, de oito meses. Não titubearam em decidir adotá-lo também. E o mais lindo, além de todo esse carinho dessa grande família, é que mesmo humildes, nunca faltou lugar no coração do casal:
“Era maio de 2014 quando ligaram para avisar que podíamos ir pegar as crianças. Em dois dias, pintamos o quarto, compramos duas treliches e adaptamos a casa de quatro cômodos. Nossa vida era simples, mas nunca tive medo de passar necessidade”, lembra a professora.
Processo burocrático:
Por conta da burocracia no processo de adoção no Brasil, que acaba dificultando a realidade de muitas famílias que querem adotar e crianças que crescem sem um lar, o pequeno Marcos não pôde ser adotado logo de início. Foram necessários 4 anos de espera para que ele pudesse enfim estar nos braços de sua família: Agora sei que minha missão foi cumprida e que minha família está completa.”, conclui Marlysângela.
Que história, em. Esse casal tinha amor de sobra e seus caminhos se cruzaram com os dessas crianças tão especiais por um propósito. Muita saúde para essa família enorme!
Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal
Fonte: Uol












