A escola municipal Darcy Riberio, em São José do Rio Preto, São Paulo, estava em estado de calamidade quando o professor Diego Lima assumiu em 2014. Eram banheiros em estado de precariedade, salas com vidros quebrados e vestígios de incêndio, mesas e cadeiras sem condições de uso jogadas nos fundos do colégio. A situação física era desanimadora e para piorar traficantes dominavam o estabelecimento escondendo pacotes de maconha e cocaína em buracos nos muros. “Os alunos demonstravam sua insatisfação depredando a escola. Não gostavam de estar aqui, sentiam vergonha, não tinham nenhuma sensação de pertencimento”, relembra Diego.


Em prol de melhorar essa situação e começar as mudanças, ele se aprofundou no conhecimento com a comunidade. Conversou e começou a fazer questionários com os pais de alunos, funcionários e moradores locais do bairro Santo Antônio, onde fica a escola. A reforma foi a primeira atitude para que as crianças começassem a gostar do ambiente. Assim, Diego começou a interagir com diversas escolas na região que passaram por reformas vendo se poderiam doar sobras de tinta e material de pintura. A prefeitura cedeu dois pintores, mas ainda era insuficiente devido a demanda de trabalho que era enorme.
A entrega de materiais escolares foi anunciada com um carro de som chamando os pais para comparecerem na escola, o que geralmente era feito através de bilhetes. Quando chegaram para a data marcada, viram algumas salas pintadas e organizadas. Uma das alunas se emocionou e agradeceu dando um fervoroso abraço em uma das inspetoras, que ficou comovida ao ver as melhorias nas crianças, e resolveu ajudar na pintura. Como um ciclo virtuoso do bem, outros funcionários logo começaram a fazer o mesmo e ajudar na reforma da escola. “Começamos a receber materiais e tintas de todas as partes das cidades, e alguns pais pediam folga no trabalho para nos ajudar. Teve tanta gente envolvida que conseguimos pintar a escola inteira”, disse Diego.
No primeiro dia de aula todos tiveram mais uma surpresa. Todos os alunos foram recebidos pela equipe completa na porta enquanto passava em um grande telão um vídeo mostrando os pais e funcionários arrumando a escola para que eles tivessem um lugar melhor. Antes das aulas começarem, os alunos foram envolvidos para criar as normas de convivência e desenvolver um novo regimento. Diego contou em uma entrevista ao jornal O Globo que, por semana, havia uma média de 60 suspensões por indisciplina. Por causa disso, os alunos suspensos evadiam, em um ano mais de 200 de um total de 1.100 abandonaram os estudos. As novas condutas definidas em parceria com os alunos, acabaram as suspensões e, para evitar evasão, a direção passou a procurar aluno por aluno que começasse a faltar com frequência. O resultado foi que em 2014 apenas 2 alunos desistiram dos estudos. A parte que era dominada por traficantes, hoje é um lindo jardim. A escola realiza atividades culturais nos finais de semana e nas sextas-feitas. Nesses dias as portas são abertas para toda comunidade e qualquer morador do bairro pode se apresentar no projeto Prata da Casa. Diego é um dos dez vencedores do Prêmio Educador Nota 10 (das fundações Victor Civita e Roberto Marinho) e poderá ser escolhido Educador do Ano em novembro.













