O café, uma das bebidas mais consumidas pelos brasileiros, enfrentou uma disparada histórica de preços nos últimos anos. Desde 2020, o custo médio do produto triplicou nas prateleiras dos supermercados, tornando-se um dos itens com maior impacto no orçamento das famílias. Entretanto, especialistas do setor e indicadores econômicos recentes apontam que esse cenário pode começar a mudar ainda em 2025.
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A escalada do preço do café desde 2020
Impacto no bolso do consumidor
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o café acumulou alta de 231% entre 2020 e 2025. Somente nos últimos 12 meses, o preço subiu 82%, figurando entre os maiores aumentos do setor de alimentos e bebidas.
Fatores que provocaram a alta
Entre as principais razões para esse salto no valor estão:
- Quebras de safra causadas por condições climáticas adversas, como geadas e secas prolongadas.
- Crescimento nas exportações, o que reduziu a oferta para o mercado interno.
- Aumento dos custos de produção, incluindo fertilizantes, combustíveis e mão de obra.
O resultado foi um efeito dominó que impactou não apenas os supermercados, mas também cafeterias, padarias e restaurantes.
Queda nos preços no atacado indica possível alívio
Redução recente no índice IGP-10
Um dos principais sinais de que o ciclo de alta pode estar chegando ao fim é a queda de 5,8% registrada no preço do café em grão no Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) da Fundação Getulio Vargas (FGV) em junho de 2025.
Esse indicador mede a variação de preços no atacado e costuma antecipar movimentos futuros nos preços ao consumidor final. Historicamente, quando há recuo no atacado, o varejo tende a refletir essa redução nas semanas seguintes.
Reflexo previsto nos supermercados
Especialistas acreditam que, caso a tendência de queda no atacado se mantenha, os consumidores poderão perceber preços menores nos supermercados e padarias até o final do segundo semestre de 2025.
Recorde nas exportações também influenciou os preços
Demanda internacional aquecida
O Brasil, maior produtor mundial de café, exportou mais de 50 milhões de sacas em 2024, o maior volume já registrado. Isso representou um crescimento de 22% em comparação a 2019, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Com a demanda externa aquecida, principalmente da Europa e dos Estados Unidos, a oferta interna ficou mais restrita, pressionando os preços para o consumidor brasileiro.
Perspectivas para a safra de 2025/2026

Condições climáticas favoráveis
As projeções para a próxima safra são mais otimistas. O clima nos principais estados produtores, como Minas Gerais e Espírito Santo, tem se mostrado estável, com boas condições para o desenvolvimento das plantações.
Expectativas de aumento na produção
Caso as previsões se confirmem, a colheita brasileira deve superar a de 2024, ampliando a oferta de grãos no mercado interno e externo. Isso pode contribuir para uma redução gradual dos preços ao longo dos próximos meses.
Reação no mercado consumidor
Impacto nos estabelecimentos comerciais
Com o aumento expressivo nos custos, cafeterias e padarias foram obrigadas a repassar parte dos gastos para o consumidor. Segundo levantamento do setor, o preço médio de um café espresso aumentou cerca de 62% desde 2020, sendo 17% somente no último ano.
Mudanças no comportamento de consumo
Com o encarecimento, muitos consumidores passaram a reduzir o consumo de café ou buscar alternativas mais acessíveis. Algumas pessoas migraram para marcas mais baratas ou optaram por comprar a granel.
Desafios para os produtores
Custo elevado de produção
Mesmo com os preços altos no varejo, os produtores de café seguem enfrentando dificuldades. Os custos com insumos agrícolas, logística e segurança aumentaram, principalmente diante da valorização do grão.
Riscos climáticos permanecem
A expectativa de queda nos preços depende diretamente da manutenção de condições climáticas favoráveis. Episódios de geadas ou pragas ainda podem comprometer as lavouras e reverter as projeções de queda.
Tendência global para o preço do café
Projeções internacionais
Analistas de mercado indicam que os preços internacionais do café arábica podem cair até 30% até o final de 2025, caso os cenários de produção positiva se confirmem no Brasil e no Vietnã, outro grande produtor mundial.
Influência do mercado externo
As cotações na Bolsa de Nova York também influenciam os preços internos. Com a expectativa de aumento da oferta global, o valor da libra-peso já começou a recuar, reforçando a tendência de queda.
Como o consumidor pode se preparar
Acompanhamento de promoções
Consumidores podem se beneficiar acompanhando promoções nos supermercados e aproveitando eventuais reduções nos próximos meses.
Compra em maior quantidade
Com a possível queda nos preços, algumas famílias podem optar por comprar o produto em maior volume para estocar.
Avaliação de marcas e tipos de café
Outra dica é avaliar marcas alternativas e diferentes tipos de moagem, buscando opções que ofereçam melhor custo-benefício.
Considerações finais
Após anos de altas expressivas no preço do café, o mercado começa a dar sinais de alívio para os consumidores. A redução nos preços do atacado, combinada com perspectivas favoráveis para a próxima safra, aponta para uma possível estabilização ou queda no valor do produto ainda em 2025. Entretanto, fatores climáticos e o cenário internacional continuam sendo peças-chave para o comportamento futuro dos preços.


