A castração de gatos é uma das intervenções veterinárias mais frequentes em clínicas de todo o Brasil. Simples, rápida e segura, ela é fundamental para o controle populacional de felinos, além de trazer benefícios comportamentais e para a saúde do animal. No entanto, o período após a cirurgia exige mais cuidados do que muitos tutores imaginam. A negligência nesse momento pode comprometer a recuperação do gato, gerar infecções e até mesmo colocar a vida do pet em risco.
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Por que a castração é tão recomendada para felinos?
Benefícios para a saúde do gato
A castração não apenas impede a reprodução como também ajuda a prevenir doenças graves. Nas fêmeas, reduz significativamente o risco de infecções uterinas e tumores mamários. Já nos machos, diminui a incidência de câncer testicular e problemas prostáticos.
Redução de comportamentos indesejados
Após a castração, é comum observar mudanças no comportamento do animal. Os machos tendem a marcar menos território com urina e ficam menos agressivos. Já as fêmeas deixam de entrar no cio, evitando o desconforto que esse período provoca tanto nelas quanto nos tutores.
Entenda como é feita a cirurgia
A castração é uma intervenção cirúrgica realizada com anestesia geral. Nos machos, os testículos são removidos por meio de uma incisão simples. Nas fêmeas, a remoção pode incluir ovários e útero, o que torna a cirurgia um pouco mais delicada. Apesar da simplicidade, é essencial que o animal esteja em jejum e passe por avaliação clínica prévia.
Recuperação: cuidados fundamentais após a cirurgia
Primeiras 24 horas: repouso absoluto
Logo após a cirurgia, o gato ainda pode estar sob efeito da anestesia, o que causa sonolência e falta de apetite. Durante esse período, é essencial que ele permaneça em um ambiente seguro, sem estímulos, e longe de escadas, alturas ou outros animais.
Recomendações importantes:
- Deixe o animal em local arejado e tranquilo.
- Mantenha a luz baixa e evite barulhos.
- Ofereça água e alimento apenas quando ele mostrar interesse.
O uso do colar protetor é obrigatório
Para evitar que o gato morda ou lamba o local da incisão, o uso do colar elizabetano (também conhecido como “colar da vergonha”) é indispensável. Mesmo que pareça incômodo para o animal, ele evita infecções e abertura dos pontos, que podem comprometer a cicatrização.
Medicação: siga a orientação do veterinário
Normalmente, o veterinário prescreve analgésicos e, em alguns casos, antibióticos. É importante seguir o horário e a dosagem exata. A automedicação ou a suspensão precoce dos remédios pode causar complicações.
Alimentação e hidratação na fase pós-operatória
Mantenha a dieta habitual
Após a cirurgia, é comum que o gato perca o apetite por algumas horas. Ainda assim, a alimentação deve permanecer a mesma para evitar reações gastrointestinais. Rações úmidas ou patês podem ajudar a estimular a alimentação, desde que não causem diarreia.
Incentive a ingestão de água
Gatos já são naturalmente pouco hidratados. Durante a recuperação, isso pode piorar. Deixe vasilhas de água sempre cheias e, se possível, ofereça fontes de água corrente para incentivar a ingestão.
Riscos de complicações: quando procurar ajuda?
Sinais de alerta
Mesmo sendo uma cirurgia segura, alguns sintomas exigem atenção imediata. Entre eles:
- Inchaço ou vermelhidão acentuada na incisão
- Presença de secreção com mau cheiro
- Febre ou tremores
- Apatia persistente
- Falta de apetite por mais de 24 horas
Caso qualquer um desses sinais seja notado, o tutor deve retornar ao veterinário o mais rápido possível.
Quanto tempo leva a recuperação?

Gatos machos: recuperação mais rápida
A cirurgia nos machos é menos invasiva, o que permite uma recuperação mais acelerada — entre 5 e 7 dias. Mesmo assim, o colar deve ser usado por pelo menos 10 dias.
Gatas fêmeas: repouso prolongado
Nas fêmeas, a cirurgia é mais profunda e exige de 10 a 15 dias de recuperação. Durante esse tempo, o ideal é limitar os movimentos do animal, evitando que ela pule ou corra, o que pode abrir os pontos.
Cuidados extras para garantir uma boa cicatrização
Limpeza do local da cirurgia
Na maioria dos casos, não é necessário limpar o local com frequência. Contudo, se o veterinário indicar a higienização, deve-se utilizar gaze esterilizada e soro fisiológico, nunca produtos como álcool ou antissépticos humanos.
Evite banhos e tosa
Durante a recuperação, banhos estão proibidos. O contato com a água pode causar infecções e prejudicar a cicatrização. O banho só deve ser liberado após a retirada dos pontos e com autorização profissional.
Pós-castração: mudanças comportamentais e nutricionais
Tendência ao ganho de peso
Com a retirada dos hormônios sexuais, o metabolismo do gato pode desacelerar, e ele pode ficar mais sedentário. Por isso, é comum o aumento de peso. O ideal é consultar um veterinário para avaliar a necessidade de trocar a ração por uma versão light ou específica para gatos castrados.
Adaptação ao novo comportamento
Muitos gatos ficam mais dóceis e calmos após a castração. Isso pode ser positivo, principalmente em ambientes com outros animais. A interação com o tutor também tende a melhorar, já que o animal se torna menos agressivo e mais sociável.
Considerações finais
A castração é uma decisão responsável que impacta diretamente na saúde e bem-estar do gato. Apesar de ser um procedimento simples e rotineiro, o sucesso da recuperação depende totalmente dos cuidados que o tutor oferece no período pós-operatório. Atenção, paciência e carinho fazem toda a diferença nessa fase. Ao adotar todas as recomendações, o tutor garante que seu pet retorne à rotina com saúde e sem complicações.













