Após seis anos de casados, O de Herman e Candelaria Zapp, fizeram planos para começar uma viagem da Argentina ao Alaska, antes que tivessem filhos.
Assim, eles marcaram uma data para a viagem. 25 de janeiro de 2000.
Embora nada estivesse exatamente planejado, eles calcularam que levariam 6 meses, durante os quais, usando diferentes meios de transporte, percorreriam o continente americano de ponta a ponta.
Para a aventura, eles adquiriram um automóvel clássico Graham-Paige, fabricado em Detroit em 1928, pelo qual Herman se apaixonou.

O estilo de viagem do casal sempre foi do tipo “lá a gente vê”, o que na maioria das vezes dava excelentes resultados.
Mas quando eles ficaram sem dinheiro pela primeira vez “foi um momento trágico… desesperador”, lembra Herman.
“Estávamos no Equador, onde a situação econômica era muito ruim. Eles haviam passado do sucre para o dólar. Um bom salário era de no máximo US$ 60, então nunca conseguiríamos economizar para continuar viajando.”
Candelaria começou a pintar — “uns quadros muito bonitos de pássaros… ela realmente tem um dom maravilhoso” — e Herman os emoldurava e vendia.
“Nos saímos muito bem no Equador, o que nos deu força.”

“Depois, na Colômbia, um homem que tinha uma gráfica nos fez a pergunta típica de: ‘Como vocês se sustentam?’ Nós dissemos que com as pinturas, mas que precisávamos de algo que ocupasse menos espaço.”
“Ele pegou algumas fotos da nossa viagem e nos trouxe 500 cartões postais e alguns caderninhos cujas capas eram as fotos.”
“A ideia era que as pessoas escrevessem seus sonhos neles, mas nos diziam que queriam ler sobre os nossos, então começamos a escrever.”
Logo publicaram o primeiro de vários livros que os ajudariam a financiar sua jornada ao longo dos anos.
Após quase dois anos viajando, eles sentiram que “algo estava realmente faltando”.
“E, então, naquele famoso 11 de setembro (2001) nós nos abraçamos um pouco mais forte.”
Em Belize, confirmaram que Candelaria estava grávida e entraram em pânico.

Para lidar com a situação, eles estabeleceram datas.
“15 dias em Belize, dois meses no México, três nos EUA, dois no Canadá e assim chegaríamos no Alasca a tempo do bebê nascer lá.”
O Casal continuou a aventura pelo mundo e a cada tempo vinha mais um filho. No final de 22 anos eles tinham 4 filhos.

As crianças já não são tão crianças: Pampa tem 20 anos, Tehue, 17, Paloma, quase 15, e Wallaby, 13.
Voltaram com uma educação invejável.
“Eles aprenderam geografia passando por ela; línguas, brincando com outras crianças; ciências sociais, compartilhando com pessoas de todas as camadas sociais e culturas, e viram que havia milhares de maneiras de rezar, viver e comer.”

“Viram a cadeia alimentar em ação na África, quando um guepardo comia um veado que estava comendo grama, e um leopardo roubava a presa do guepardo, e aprenderam biologia mergulhando no mar…”

“Tiveram a melhor e mais linda sala de aula.”
Depois de voltarem à Argentina, o casal tomou nova decisão em relação aos filhos: agora eles precisam se acostumar ao comum para que sejam capazes de escolher que tipo de vida querem ter.
Herman e Candelaria têm consciência de que, embora “fôssemos capazes de dar a eles o mundo”, a viagem privou as crianças de partilhar o dia a dia com avós, tios, primos e amigos sempre presentes.

“Agora eles estão experimentando estar em uma única casa, com horários, a esperar as férias… para depois decidirem o que preferem, porque se você nunca provou chocolate, não sabe se é gostoso.”
Seus pais, no entanto, continuam com o pé na estrada, embora desbravando lugares mais próximos.
“O que mais queremos fazer agora é ajudar a realizar sonhos, e vamos de cidade em cidade levando a notícia de que, apesar da política, da economia, da situação mundial, da guerra, do vírus, você pode criar sua própria realidade.”
Fonte – As fotos foram cedidas para a agência de notícias do arquivo pessoal.












