A escravidão não existe mais, certo? Atualmente, no Brasil e no mundo, alguns fatos estão sendo descobertos e que vão contra essa afirmação. Pessoas trabalhando e vivendo em situações precárias, sem descanso ou ao menos comida, colocam em xeque a evolução da sociedade que prega o fim da escravidão e o avanço nos direitos trabalhistas. Talvez um retrocesso.
A denúncia mais recente que levantou novamente essa discussão foi feita pela reportagem do Repórter Brasil – ela apresentou o relato anônimo de três filipinas que estavam em situação de escravidão em casas na região metropolitana de São Paulo, de acordo com auditores fiscais do Ministério do Trabalho.
O depoimento de uma delas, que trabalha como babá e empregada doméstica em um condomínio de luxo em São Paulo, é chocante. Ela contou à reportagem que trabalhava até 16 horas por dia e teve que comer a comida do cachorro pois passava fome: “Às vezes eu perguntava à minha patroa se podia pegar um ovo, e ela dizia que não”.
As filipinas também contaram que deram entrada no hospital por fala de alimentação e excesso de trabalho, passando muito mal. Elas trabalhavam exaustivamente e sem receber nada em troca.
De acordo com a auditora fiscal responsável pelo caso delas, Lívia Ferreira, os imigrantes ficam mais expostos à exploração no Brasil. “O relato delas é muito conciso e muito coerente, por isso a fiscalização entendeu que ocorreu trabalho escravo”, falou. O crime cometido contra as filipinas foi qualificado como jornada exaustiva, servidão por dívida e trabalho forçado.
As fiscalizações pelos auditores do trabalho aumentaram em relação aos empregados que contratam imigrantes, principalmente os filipinos. Agora, cerca de 130 empregadores terão que apresentar os documentos de 180 trabalhadores domésticos nestas condições. As três mulheres encontradas nessa situação foram agenciadas pela Global Talent, especializada na contratação de domésticas estrangeiras. Ao ser procurada pela reportagem, a empresa disse que desconhece o “teor das constatações” do Ministério do Trabalho, que multará o local por irregularidades no processo de visto.
Também foram encontradas irregularidades pelos auditores do trabalho em um hotel de luxo em São Paulo com trabalhadores filipinos. De acordo com o Ministério do Trabalho, alguns não receberam o previsto no contrato e ainda não havia comida para eles.
A maioria desses imigrantes vieram ao Brasil procurando novas oportunidades de trabalho e melhores condições de vida, mas aparentemente não foi isso que encontraram. Tomara que a fiscalização aumente cada vez mais e evite casos análogos à escravidão como esses.Foto: Reprodução/ Internet/ Facebook












