Você se lembra da oferta de emprego recebida por Suzane von Richtofen? Acusada por planejar e executar o assassinato dos pais, Manfred e Marísia, a filha mais velha da família recebeu uma oferta para trabalhar como costureira em uma confecção caso a Justiça acate seu pedido para cumprir o restante da pena de 39 anos de prisão em regime aberto. E essa não é a única porta que está para se abrir a ela.
Ao G1, o pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular de Itapetininga (SP), Euclides Vieira, afirmou que foi procurado pela detenta e por seu noivo, Rogério Olberg, em maio deste ano, quando o casal pediu aconselhamento para que Suzane possa seguir um desejo pessoal: ser missionária evangélica.
E para o pastor, que há pouco mais de um ano passou a ter contato com ela, a segunda chance em sua vida é merecida.
“Eu conheço o noivo há mais de 10 anos, pois ele é membro da nossa igreja em Angatuba e sempre o aconselhei pastoralmente. Sei sobre o relacionamento dele com Suzane e da forma como ele a evangelizou por meio de cartas. Foi então que em 2016 a conheci e posso dizer que conheci uma Suzane diferente da que imaginava. Na última saída temporária, no Dias das Mães, ela falou firme e olhou nos meus olhos afirmando sobre o desejo de ser missionária. Falou franca comigo que queria falar de Deus para as pessoas e de como mudou. Eu disse que iria apoiar e indicar o caminho. Prepará-los”, comentou Vieira ao G1.
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Foto: André Vieira / Marie Claire
Ainda de acordo com Euclides, a proximidade da detenta com a igreja se deu assim que ela e o noivo se conheceram por meio da irmã de Rogério, que também está presa em Tremembé.
“Ele a conheceu através da irmã que está presa e passou a evangelizá-la por cartas. Aí os dois se apaixonaram. A Suzane passou a frequentar os cultos que a Igreja Quadrangular faz na cadeia e até foi batizada. Eu acredito no poder de Deus, de que ela tenha sido liberta. Ela merece uma segunda chance. Todos merecem. Eu não a critico. Eu acolho. Eu conheci histórias de pessoas que mudaram e por que ela não pode também? Deus perdoa se ela se arrependeu” comentou o pastor ao portal de notícias.
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Segundo o pastor, Suzane pode dar o seu primeiro testemunho em Casa de Recuperação para ex-usuários de drogas em São Miguel Arcanjo – Foto: Euclides Vieira / Arquivo Pessoal
Vieira revela que Suzane deseja testemunhar a respeito de sua mudança como pessoa em igrejas pelo país. E ele afirma que caso ela seja liberada à saída temporária no Dia dos Pais, 13 de agosto, existe a possibilidade de sua primeira experiência missionária acontecer em uma casa de recuperação da região, que atende ex-usuários de drogas e moradores de rua. E para ser oficialmente reconhecida pela igreja como missionária evangélica, o pastor conta que antes há um processo a seguir:
“É necessário fazer um curso teológico por três anos, depois passar por entrevistas e ter indicação de um pastor. Ao longo desse período vou acompanhando e vendo realmente se ela mudou, se está pronta. Se tudo estiver certo, não vejo motivo para ela não ser. Eu creio no amor e poder do evangelho. Só falei para ela e o noivo que precisam se preparar para a rejeição e serem fortes”, diz.
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O pastor Euclides Vieira acompanhado de Suzane e o noivo Rogério Olberg (à esq.) – Foto: Euclides Vieira / Arquivo Pessoal
Também ao G1, o Conselho Nacional de Diretores da Igreja Quadrangular, em São Paulo, se manifestou a respeito do caso. O pastor Davi Rodrigues, membro do conselho, afirmou que existe a possibilidade de Suzane ser missionária, desde que conclua o processo comentando por Euclides: “Todas as pessoas merecem uma segunda chance. Claro que vamos procurar saber se realmente ela mudou, fazer um acompanhamento pastoral e ver que não é um teatro e, sim, que é algo verdadeiro. O pastor que está próximo dela vai saber diferenciar. Mas ela só poderá ser missionária se passar por todos os procedimentos. Há o curso, entrevistas, indicação e uma série de requisitos”, afirma.


Foto: André Vieira / Marie Claire
Segundo o pastor, Suzane pode dar o seu primeiro testemunho em Casa de Recuperação para ex-usuários de drogas em São Miguel Arcanjo – Foto: Euclides Vieira / Arquivo Pessoal
O pastor Euclides Vieira acompanhado de Suzane e o noivo Rogério Olberg (à esq.) – Foto: Euclides Vieira / Arquivo Pessoal