Países com cidadania mais acessível

O desejo de obter uma segunda cidadania cresce a cada ano, seja pela busca de novas oportunidades de trabalho, liberdade de mobilidade internacional ou acesso a melhores sistemas de saúde e educação. Mas nem todos os países impõem barreiras rígidas para conceder esse direito. Enquanto alguns exigem décadas de residência e provas complexas de integração cultural, outros oferecem processos simplificados, prazos curtos ou alternativas financeiras para quem busca a nacionalidade.

Este artigo jornalístico apresenta os países que, atualmente, oferecem rotas mais acessíveis para se tornar cidadão. Vamos explorar os diferentes mecanismos — como descendência, naturalização acelerada e investimento — além de detalhar prazos, exigências e pontos de atenção em cada modelo.

Principais vias para obter cidadania

Descendência — o peso dos laços familiares

Diversos países permitem que filhos, netos ou até bisnetos de cidadãos reivindiquem a nacionalidade. A Itália, por exemplo, não impõe limite de gerações, desde que a linhagem não tenha sido interrompida. Irlanda e Portugal também oferecem essa possibilidade, ainda que com regras específicas.

Vantagens: processo menos burocrático, dispensa residência prolongada.
Desafios: reunir documentos de antepassados, comprovar vínculos legais e lidar com traduções juramentadas.

Naturalização — a via tradicional

É o método mais comum: viver legalmente no país por um período, cumprir obrigações cívicas e demonstrar integração. A duração exigida varia: enquanto em países europeus pode chegar a 10 anos, na Argentina o prazo é de apenas 2 anos — um dos mais curtos do mundo.

Requisitos comuns:

Residência legal e contínua
Conhecimento básico da língua
Ausência de antecedentes criminais
Demonstração de renda estável

Investimento — cidadania econômica

Alguns países oferecem cidadania em troca de aportes financeiros. Programas conhecidos como “passaportes dourados” estão ativos principalmente no Caribe e na Europa Oriental. O valor investido pode ser destinado a imóveis, fundos de desenvolvimento ou doações governamentais.

Vantagens: rapidez e flexibilidade para famílias inteiras.
Desvantagens: custo elevado e possibilidade de mudanças nas regras.

Países com processos mais acessíveis

América Latina — prazos curtos e menos burocracia

Argentina

Exige apenas 2 anos de residência contínua para solicitar a cidadania. Além disso, não impõe obrigatoriedade de renunciar à nacionalidade anterior, permitindo dupla cidadania.

Peru

Outro exemplo da região com naturalização em 2 anos, mediante comprovação de renda e adaptação cultural.

Paraguai e República Dominicana

Também figuram entre os países com processos rápidos, variando entre 2 e 3 anos de residência legal para solicitar a nacionalidade.

Caribe — programas de investimento atrativos

Dominica

Possui um dos programas de cidadania por investimento mais antigos, permitindo obter passaporte com aporte financeiro em fundos nacionais ou imóveis aprovados.

São Cristóvão e Nevis

Oferece cidadania vitalícia em troca de contribuição financeira, sem necessidade de residência física prolongada.

Antigua e Barbuda, Granada e Santa Lúcia

Com investimentos que variam de imóveis a fundos públicos, permitem cidadania em questão de meses.

Europa — descendência e residência moderada

Itália

Reconhece a cidadania por descendência sem limite de gerações, desde que comprovada documentalmente.

Irlanda

Aceita pedidos de netos de cidadãos irlandeses, mediante registro oficial no Foreign Births Register.

Portugal

Permite cidadania a descendentes e oferece naturalização após 5 anos de residência, embora propostas recentes apontem para extensão desse prazo.

Alemanha

Reformou suas regras em 2024, reduzindo o tempo de residência de 8 para 5 anos e, em casos especiais, até 3 anos, facilitando o acesso à nacionalidade.

Turquia e Vanuatu — opções rápidas por investimento

Turquia

Com programas que incluem compra de imóveis ou depósitos bancários, a cidadania pode ser obtida em até 6 meses, sem exigência de residência prolongada.

Vanuatu

Reconhecido pela rapidez, concede passaporte em cerca de 2 meses, desde que cumpridos os requisitos financeiros e de segurança.

Fatores decisivos na escolha

Tempo de residência

Quanto menor o período exigido, mais atrativo o processo. América Latina se destaca nesse quesito.

Exigência de idioma e integração

Em países europeus, provas de língua e cultura são quase sempre obrigatórias. Já no Caribe e em Vanuatu, muitas vezes não há essa exigência.

Custos financeiros

Programas de investimento variam de US$ 100 mil a valores muito superiores, além de taxas adicionais de verificação e manutenção.

Permissão de dupla cidadania

É essencial verificar se o país de destino e o de origem permitem manter dois passaportes. Alguns exigem renúncia à nacionalidade anterior.

Riscos e cuidados ao buscar cidadania

Mudanças legais frequentes

Programas podem ser reformulados ou suspensos de repente, como já ocorreu em alguns países europeus.

Rigor documental

Erros em certidões, traduções ou comprovações são comuns e podem atrasar ou inviabilizar o processo.

Impactos fiscais

Ter uma nova nacionalidade pode implicar em novas obrigações tributárias, dependendo das regras de cada país.

Estratégias práticas para iniciar o processo

Investigue sua árvore genealógica

Descendência pode ser a forma mais econômica e rápida de conquistar um passaporte europeu.

Avalie o custo-benefício dos programas de investimento

Analise não apenas o valor inicial, mas também taxas, manutenção e mobilidade oferecida pelo passaporte.

Busque apoio especializado

Advogados de imigração e consulados são fundamentais para orientar, validar documentos e evitar erros.

Planeje com antecedência

Quanto antes iniciar o processo, menores as chances de ser surpreendido por mudanças legais.

Considerações finais

Embora não exista um caminho universalmente fácil para obter cidadania, alguns países oferecem rotas mais acessíveis — seja pelo tempo reduzido de residência, como na Argentina e no Peru, pela descendência, como na Itália e na Irlanda, ou por programas de investimento, como no Caribe e em Vanuatu.

O ponto central é avaliar o perfil individual: recursos financeiros, histórico familiar e disponibilidade para se adaptar. Com preparação, organização documental e acompanhamento especializado, é possível transformar o desejo de obter uma segunda cidadania em realidade de forma mais rápida e segura.