Mulheres

Pais revoltam ao comemorar a expulsão de um garoto com Síndrome de Asperger de sala de aula

By Carol Guedes

September 06, 2017

A Síndrome de Asperger é um transtorno neurobiológico e é um dos perfis ou espectros do autismo e afeta como as pessoas vêem e sentem o mundo ao seu redor, caracterizada geralmente por dificuldades com interação social e comunicação não-verbal, dentre outras especificidades da síndrome.

Recentemente um caso chamou a atenção: pais do colégio religioso San Antonio de Padua, na Argentina, comemoraram a expulsão de um garotinho com a Síndrome de Asperger da sala de aula em que seus filhos estudavam após meses pressionando e ameaçando a escola, alegando que tirariam os filhos da instituição de ensino se o pedido não fosse acatado e acabaram cedendo e trocando o menino de sala.

A comemoração exagerada das mães nas redes sociais provocou ainda mais revolta para a família da criança, que divulgaram as conversas que presenciaram e deixaram os internautas sem reação com tamanha discriminação. Paola, mãe do menino, concedeu uma entrevista ao canal de televisão TN e defendeu a postura da escola, que procurou achar uma solução para não expulsá-lo de vez, como os pais das outras crianças estavam pedindo:

“O garoto gosta de ter amigos, ele tenta, apesar de às vezes não entender a brincadeira de seus amigos. Ele gosta, por exemplo, dos Pokémon porque todos falam disso, ele sente que está perdendo esse vínculo, que está sendo afastado”, disse. Ela culpa os pais das crianças que exigiam a expulsão do filho e conta que chegaram a fazer até mesmo uma greve, ou seja, não levar seus filhos para a aula:

“Foi em julho. Das 35 crianças só 11 foram estudar nesse dia. Eu o mandei como todos os dias. Ele me disse que poucas crianças foram, e eu pensei que era pela chuva. Fui uma ingênua. Outra mãe me contou depois o que havia acontecido. Era assim que os pais pediam para que meu filho fosse afastado”, relata. Paola diz que a escola encontrou algumas soluções que podem ajudar o menino, defendendo a inclusão social na maioria das escolas da Argentina, e o mais importante é que ele não perca o contato com as outras crianças, mas se chateia ao ver que as mães não mudaram seu ponto de vista sobre ele.

Uma das mulheres que reivindicou a saída do pequeno falou com a imprensa sobre o caso e explicou que “nunca discriminaram o garoto”. Cristina Peduzzi alega que desde que a conversa entre elas, comemorando o ocorrido, foi divulgada, tem recebido inúmeras mensagens com insultos. Ainda segundo ela, o garoto foi bem recebido ao chegar à escola, mas com o tempo seu comportamento agressivo com as outras crianças exigiu que os pais tomassem uma atitude:

“Pedíamos que mudasse até estar um pouco melhor, pensando nele e em nossos filhos. Nesse ano agrediu outros garotos gravemente”, justifica.

A inclusão social dentro de instituições ainda tem muito o que evoluir, mas precisa começar pelas pessoas e com pequenas atitudes, não comportamentos que vão contra essa questão.

Foto: Reprodução/ Internet