O urso retorna com quarta temporada intensa, mas sofre com desenvolvimento desigual
A quarta temporada de The Bear: tensão emocional e reflexões profundas
A série The Bear, conhecida no Brasil como O Urso, chegou à sua quarta temporada mantendo o padrão técnico e dramático que a tornou um fenômeno entre público e crítica. Contudo, apesar de sua estrutura bem definida e atuações envolventes, alguns elementos desta fase levantaram debates, principalmente sobre o desenvolvimento de personagens secundários, como Tina Marrero.
Enquanto as primeiras temporadas foram centradas no caos da cozinha e no trauma emocional do protagonista Carmy Berzatto, a nova leva de episódios aposta em uma narrativa mais introspectiva, com foco em crescimento pessoal e tomada de decisões cruciais.
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O que marca a nova fase da série
Um restaurante consolidado, mas personagens em crise
O restaurante de alta gastronomia que nasceu da antiga lanchonete da família Berzatto agora é realidade. O ambiente sofisticado, no entanto, não trouxe paz para seus gestores. Carmy lida com pressões internas, fantasmas do passado e uma necessidade quase obsessiva por perfeição.
Já Sydney, sua parceira de cozinha, enfrenta conflitos internos sobre sua identidade profissional, sendo atraída por novas oportunidades, mas ainda presa ao restaurante que ajudou a construir.
Richie, outro pilar da série, tenta se manter estável emocionalmente, enquanto lida com o desafio de ser um profissional mais maduro.
Tina Marrero: uma personagem apagada nesta temporada
De destaque a coadjuvante sem propósito
Tina, interpretada por Liza Colón-Zayas, foi uma das grandes surpresas da segunda temporada, quando sua história de superação e adaptação em uma nova cozinha conquistou o público. Na quarta temporada, porém, sua trajetória parece estagnada.
O episódio focado na personagem não oferece um conflito relevante, nem desenvolvimento significativo. A trama gira em torno de um preparo simples de massa e de sua dúvida sobre sair de casa. Mesmo com a tentativa de criar um momento emocional, a execução não convence e o arco parece isolado e dispensável.
O problema da falta de continuidade
A narrativa de Tina não dialoga com os eventos centrais da temporada. Sua participação soa deslocada, como se fosse um capítulo de outra série. A ausência de vínculos com o enredo principal, somada à simplicidade do conflito, compromete o impacto dramático.
Destaques da temporada

A jornada emocional de Carmy
Jeremy Allen White continua entregando uma performance intensa como Carmy. A temporada explora as cicatrizes emocionais deixadas por traumas familiares e pela perda, além da dificuldade do personagem em equilibrar vida pessoal e profissional.
A busca por excelência do chef torna-se um fardo, não apenas para ele, mas para todos ao seu redor. Suas interações com a equipe revelam a tensão entre genialidade e descontrole.
Sydney entre escolhas e pressões
Sydney, vivida por Ayo Edebiri, é uma das personagens mais bem trabalhadas da temporada. Ela precisa decidir se permanece no restaurante ou aceita novas propostas. Sua trajetória representa o dilema de muitos profissionais criativos: seguir com um projeto coletivo ou partir para a construção de algo próprio.
Richie e o amadurecimento tardio
Richie ganha episódios marcantes, especialmente nos momentos em que busca melhorar como pai e colega de trabalho. Sua transformação é convincente, equilibrando humor e drama. O personagem deixa de ser apenas o elo cômico da trama para se tornar uma peça chave do restaurante.
Estrutura dos episódios e estética visual
Ritmo mais controlado
Diferentemente das temporadas anteriores, marcadas por episódios intensos e caos constante, a quarta temporada apresenta um ritmo mais contido. A tensão ainda existe, mas surge de forma mais pontual e estratégica.
Direção e fotografia continuam em alto nível
A direção mantém a proposta estética da série, com planos longos, câmeras nervosas e enquadramentos fechados que intensificam a sensação de claustrofobia e urgência. A fotografia valoriza as cores quentes da cozinha e os tons mais frios dos momentos introspectivos.
Crítica ao episódio de Tina: necessário ou dispensável?
O que faltou no desenvolvimento da personagem
A quarta temporada falha em oferecer um arco relevante para Tina. O episódio que deveria dar profundidade à personagem soa vazio, sem conflito real. A tentativa de mostrar um drama interno — sobre sair ou não de casa — parece descolada da realidade dos outros personagens.
Impacto no conjunto da temporada
A presença de um episódio considerado filler quebra o ritmo da série e dilui a força narrativa. Enquanto outros personagens caminham em direção a decisões importantes, Tina parece parada no tempo. Isso gera uma sensação de desperdício de tempo e subutilização do talento da atriz.
Expectativas para o futuro da série
Quinta temporada confirmada
Com o sucesso de audiência e críticas geralmente favoráveis, a série já está renovada para uma quinta temporada. Espera-se que essa nova fase resolva os conflitos iniciados nos últimos episódios e dê espaço para personagens mal aproveitados.
O que precisa melhorar
Aproveitamento de personagens secundários: Tina, Marcus e outros nomes do elenco merecem desenvolvimento mais consistente.
Ritmo narrativo: Equilibrar episódios introspectivos com tramas centrais para manter o envolvimento do público.
Relacionamentos: A série pode explorar mais os vínculos entre os personagens fora da cozinha.
Considerações finais
A quarta temporada de The Bear é tecnicamente impecável e traz momentos dramáticos intensos e atuações memoráveis. Carmy, Sydney e Richie conduzem a série com profundidade e nuances. No entanto, o maior problema da temporada está no desperdício de personagens como Tina Marrero, que, mesmo com potencial dramático, foi deixada à margem.
A série continua relevante e emocionante, mas precisa ajustar seu foco e garantir que todos os personagens tenham o desenvolvimento merecido, mantendo a complexidade que a transformou em um fenômeno cultural contemporâneo.


