Nova lei garante CNH gratuita para famílias de baixa renda a partir de agosto
A partir de agosto de 2025, famílias de baixa renda em todo o Brasil poderão obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de forma totalmente gratuita. A mudança vem com a sanção da Lei nº 15.153, aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que institui oficialmente o programa CNH Social em nível nacional.
O objetivo da nova legislação é promover acesso à mobilidade e inclusão social por meio da gratuidade no processo de habilitação. Os recursos para financiar o benefício virão de valores arrecadados com multas de trânsito, sem criação de novos impostos.
Leia Mais:
Golpe com CNH digital preocupa autoridades e deixa vítimas em alerta no Brasil
O que é a CNH Social?
A CNH Social é um programa que oferece gratuidade para a obtenção da carteira de motorista, abrangendo todas as etapas do processo: exames médicos e psicológicos, aulas teóricas e práticas, taxas de provas e emissão do documento.
Embora alguns estados brasileiros já tivessem projetos semelhantes, agora o programa passa a valer para todo o território nacional, com regras padronizadas e financiamento via fundo das multas de trânsito.
Quem poderá solicitar a CNH gratuita?
Segundo o texto da nova lei, o benefício será voltado exclusivamente para pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Para se enquadrar, o candidato deve:
- Ter renda familiar per capita de até meio salário mínimo (atualmente R$ 706);
- Estar com o cadastro no CadÚnico atualizado;
- Residir no Brasil;
- Não ter nenhuma CNH ativa anterior.
Além disso, cada estado poderá definir regras complementares, como cotas para pessoas com deficiência, estudantes da rede pública e beneficiários de programas como o Bolsa Família.
Quais categorias serão contempladas?

Neste primeiro momento, o programa abrangerá as categorias mais comuns:
- Categoria A: motocicletas;
- Categoria B: carros de passeio.
Há possibilidade de, futuramente, incluir categorias profissionais como C, D e E, conforme a estrutura de cada DETRAN e a demanda local.
Quais etapas serão custeadas pelo programa?
O processo de habilitação completo será custeado pelo programa, incluindo:
- Avaliação médica e psicológica;
- Curso teórico obrigatório;
- Prova teórica;
- Aulas práticas em autoescola credenciada;
- Prova prática de direção;
- Emissão final do documento.
Mesmo em caso de reprovação nas provas, o candidato terá direito a nova tentativa sem custos adicionais, respeitando os prazos estabelecidos pelos DETRANs.
Quando a CNH gratuita começa a valer?
A lei foi sancionada no fim de junho de 2025 e terá vigência a partir de 11 de agosto, ou seja, 45 dias após a sanção. Esse prazo servirá para que os órgãos estaduais de trânsito se organizem internamente e publiquem seus próprios editais de inscrição.
Como será o processo de inscrição?
Cada estado será responsável por regulamentar o processo local. Mas, em geral, a inscrição deverá seguir os seguintes passos:
- Acesso ao site oficial do DETRAN ou comparecimento presencial a um posto de atendimento;
- Preenchimento do formulário de inscrição com dados pessoais;
- Comprovação da inscrição no CadÚnico;
- Análise dos documentos;
- Seleção conforme critérios sociais (renda, região, cotas etc.);
- Convocação dos aprovados para início do processo de habilitação.
Estados que já oferecem o programa tendem a adotar editais com ciclos semestrais ou anuais, com datas específicas para inscrição.
Como o programa será financiado?
A grande inovação da lei está na forma de financiamento. O governo autorizou que parte dos recursos arrecadados com multas de trânsito seja destinada à CNH Social.
Até então, esse dinheiro era restrito a ações de fiscalização, engenharia de tráfego e campanhas educativas. Com a nova norma, os valores também poderão custear a formação de condutores de baixa renda.
Não haverá impacto fiscal direto, pois não será necessário abrir novas linhas orçamentárias nem aumentar impostos.
Impacto social da medida
A obtenção da carteira de habilitação é, para muitas pessoas, um fator decisivo para acessar oportunidades de trabalho, especialmente em áreas como:
- Entrega por aplicativo;
- Transporte escolar;
- Transporte de cargas e passageiros;
- Logística e serviços externos.
O programa promete ampliar a empregabilidade e a mobilidade social de famílias em situação de vulnerabilidade. Em um país onde o desemprego ainda afeta milhões, facilitar o acesso à CNH pode representar uma chance de recomeço para muitos brasileiros.
Repercussão entre os estados
Vários estados, como Pernambuco, Goiás, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, já implementam versões locais da CNH Social há anos. Agora, com a regulamentação federal, o programa ganha capilaridade e recursos para atingir um público muito mais amplo.
Governadores e diretores dos DETRANs elogiaram a iniciativa, destacando que a padronização nacional vai eliminar desigualdades regionais no acesso à CNH e permitir maior eficiência na aplicação dos recursos.
O que foi vetado pelo presidente?
Durante a sanção, o presidente Lula vetou dois pontos do projeto original:
- Obrigatoriedade de exame toxicológico para categorias A e B;
- Uso de assinaturas eletrônicas de empresas privadas para a transferência digital de veículos.
Segundo o governo, o primeiro veto evita que pessoas de baixa renda enfrentem uma barreira adicional (e cara) logo na entrada do programa. Já o segundo busca preservar a segurança jurídica dos documentos públicos, mantendo o controle das assinaturas qualificadas dentro do ambiente oficial.
Transferência digital e vistoria virtual também foram autorizadas
Além da CNH gratuita, a lei aprovada trouxe outras modernizações para o setor de trânsito, como:
- Permissão para assinaturas digitais em contratos de compra e venda de veículos;
- Vistoria veicular virtual, mediante imagens e dados enviados por aplicativo, quando autorizada pelo DETRAN.
Essas medidas visam reduzir burocracias e filas nos órgãos de trânsito, melhorando a experiência dos usuários.
Possíveis desafios na implementação
Apesar da boa recepção, especialistas alertam para possíveis gargalos:
- Dificuldade de fiscalização nos processos locais;
- Demanda superior à capacidade de atendimento das autoescolas;
- Necessidade de divulgação clara para o público-alvo.
A articulação entre governos estaduais e o Governo Federal será crucial para que o programa atinja sua finalidade social de forma efetiva.
Considerações finais
A criação da CNH gratuita para inscritos no CadÚnico representa um avanço significativo na política de mobilidade e inclusão social no Brasil. Ao utilizar parte das multas de trânsito para financiar a formação de motoristas de baixa renda, o governo promove justiça social sem onerar o orçamento público.
Com início previsto para agosto de 2025, o programa agora depende da boa gestão dos DETRANs estaduais para sair do papel e transformar a realidade de milhares de brasileiros.

