Nova autópsia no Brasil pode esclarecer morte de Juliana Marins
Justiça atende pedido da família para realizar exame no IML do Rio
A Justiça Federal de Niterói, no Rio de Janeiro, autorizou a realização de uma nova autópsia no corpo da brasileira Juliana Marins, morta durante uma trilha na Indonésia. A decisão foi tomada após a família contestar o laudo feito no país asiático, apontando a necessidade de uma avaliação independente no Brasil. O exame será feito no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, assim que o corpo for repatriado.
Juliana caiu durante uma caminhada no Monte Rinjani, em Lombok, e seu corpo foi encontrado dias depois, em uma área de difícil acesso. O caso repercutiu internacionalmente e levantou dúvidas sobre as circunstâncias da morte e o tempo de espera pelo resgate.
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Juliana Marins: o início da tragédia
Mochilão pela Ásia
Juliana, de 26 anos, natural de Niterói, fazia uma viagem pelo sudeste asiático. A aventura, que vinha sendo compartilhada por ela nas redes sociais, incluía destinos como Tailândia, Vietnã e Indonésia. No dia 20 de junho de 2025, Juliana decidiu subir o Monte Rinjani com um guia local. A trilha até o topo do vulcão é considerada desafiadora e exige preparo físico e atenção.
A queda durante a trilha
Segundo relatos, durante o trajeto, Juliana teria escorregado em uma área íngreme e sofrido uma queda grave. O guia que a acompanhava teria tentado buscar ajuda, mas demorou para acionar equipes de resgate. Um drone localizou a jovem ainda com vida no dia seguinte, mas, devido às condições climáticas e à dificuldade de acesso, o resgate demorou dias.
A primeira autópsia e a reação da família

Laudo na Indonésia
Após o resgate, o corpo de Juliana foi levado para Bali, onde foi submetido a uma autópsia. O laudo emitido pelas autoridades indonésias apontou múltiplas fraturas no tórax, ferimentos internos e sangramentos como causa da morte. A perícia descartou a possibilidade de hipotermia, sugerindo que ela teria sobrevivido por um tempo após a queda, mas sem receber socorro eficaz.
Família questiona informações
Para os familiares, o laudo apresentado foi insatisfatório. A principal dúvida gira em torno do tempo exato da morte e da possibilidade de negligência por parte do guia ou da equipe de resgate. A irmã da vítima, Mariana Marins, usou as redes sociais para criticar a condução do caso na Indonésia e pediu que a verdade fosse revelada com uma nova perícia no Brasil.
Decisão da Justiça Federal
Pedido da DPU
A Defensoria Pública da União (DPU), representando os familiares, entrou com uma ação na 7ª Vara Federal de Niterói solicitando autorização judicial para realização de nova autópsia. O objetivo é esclarecer, com base em perícia nacional, se a morte de Juliana poderia ter sido evitada caso o resgate tivesse ocorrido mais rapidamente.
Exame no IML do Rio de Janeiro
A Justiça acolheu o pedido e determinou que o corpo da jovem seja examinado no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Rio de Janeiro, até seis horas após sua chegada ao país. O exame será acompanhado por peritos da Polícia Federal, especialistas do IML e por um representante da família.
Logística para a chegada do corpo
Apoio do governo federal
Após mobilização de familiares e da imprensa, o governo brasileiro se comprometeu a auxiliar na repatriação do corpo. A aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) deverá trazer os restos mortais de Juliana do aeroporto de Jacarta até Guarulhos (SP), de onde será levado por transporte terrestre ao Rio de Janeiro.
Nova perícia será decisiva
A expectativa da família é que a autópsia nacional possa revelar dados mais detalhados sobre a causa da morte e o tempo de sobrevivência da jovem após a queda. Esses elementos poderão ajudar na responsabilização civil ou penal de terceiros, como o guia turístico ou empresas locais envolvidas no passeio.
Perguntas ainda sem resposta
Juliana estava viva por quanto tempo?
O ponto mais sensível para a família é saber se Juliana permaneceu viva por mais de 24 horas após a queda. Há indícios de que ela poderia ter sobrevivido caso o resgate tivesse sido mais rápido. Se a nova perícia apontar sinais de prolongamento da vida, isso reforçaria a tese de negligência.
Por que o socorro foi tão lento?
As condições climáticas adversas, como neblina e risco de deslizamentos, foram citadas como obstáculos ao resgate. No entanto, familiares questionam se houve preparo suficiente das autoridades locais para lidar com emergências em áreas turísticas de risco elevado.
Havia sinais de tentativa de locomoção?
A análise do corpo pode identificar marcas que indiquem se Juliana tentou se mover ou sinalizar por ajuda. Isso ajudaria a reconstruir os últimos momentos da vítima e determinar sua capacidade de resistência após o acidente.
Repercussão internacional e crítica ao guia
Legista antecipou informações à imprensa
Outro ponto que gerou insatisfação foi a atitude do legista indonésio, que concedeu entrevistas sobre a autópsia antes mesmo de comunicar a família oficialmente. Isso foi visto como uma quebra de protocolo e falta de sensibilidade.
Falha do guia em socorrer a jovem?
O guia local contratado para acompanhar Juliana também é alvo de críticas. Há relatos de que ele teria deixado a jovem sozinha por alguns momentos para fumar, o que pode ter contribuído para o acidente e o atraso no socorro. A conduta do profissional poderá ser analisada com base nas novas evidências.
Desdobramentos jurídicos
Aplicação do Código Penal Brasileiro
Mesmo o caso tendo ocorrido fora do Brasil, a legislação permite que crimes contra brasileiros no exterior sejam investigados pela Justiça Federal, conforme o artigo 7º do Código Penal. Caso fique comprovada omissão dolosa ou negligência com resultado fatal, a família pode solicitar investigação internacional e responsabilização de envolvidos.
Novos caminhos após a perícia
O resultado da nova autópsia poderá levar à abertura de inquérito no Brasil e eventual cooperação jurídica com autoridades da Indonésia. Também poderá embasar ações cíveis contra agências de turismo ou responsáveis legais pelo passeio.
Linha do tempo do caso
- 20 de junho – Juliana cai durante trilha no Monte Rinjani
- 21 de junho – Drone localiza a jovem ainda com vida
- 24 de junho – Corpo é finalmente resgatado
- 26 de junho – Laudo da autópsia é divulgado em Bali
- 30 de junho – Família pede nova autópsia no Brasil
- 1º de julho – Justiça autoriza novo exame no Rio de Janeiro
Considerações finais
O caso de Juliana Marins trouxe à tona a fragilidade do suporte a turistas em regiões remotas e levantou questionamentos sobre os limites da responsabilidade em viagens de aventura. A decisão de permitir uma nova autópsia no Brasil representa um avanço importante no direito à verdade, à dignidade e à reparação da dor da família. A nova análise, feita por especialistas brasileiros, poderá fornecer elementos fundamentais para compreender o que realmente aconteceu naquela montanha distante e, assim, transformar a tragédia em um marco pela segurança de viajantes e pelo fortalecimento das relações diplomáticas em situações de emergência.

