Vikki Keleher passava por um dos momentos mais difíceis de sua vida. Seu pai, que já estava internado no hospital há algum tempo, entrou em coma. Sua vida estava por um fio graças aos aparelhos que o mantinham vivo. A decisão de quando desligariam os aparelhos cabia a Vikki e sua família.
Ela já estava fragilizada o bastante por não estar presente no momento em que seu pai piorou, onde a família pode se despedir com ele ainda consciente. Vikki nunca poderia dizer ao seu pai tudo o que sentia com ele ouvindo suas palavras.
Depois de duas semanas de muita angústia, a sugestão desligar o aparelho parte dela e a família concorda.
Vikki nunca havia presenciado um momento como esse e não sabia o que esperar.
“Eu achava que os aparelhos seriam desligados e haveria muito choro por 10 ou 15 minutos e então a pessoa iria falecer e você ficaria triste, mas teria terminado” ela contou em entrevista ao Readear’s Digest.
Mas não foi assim. Já fazia mais de cinco horas que seu pai estava com os aparelhos desligados e seu coração continuava batendo. A situação deixou todos muito angustiados e tensos. Então os enfermeiros trouxeram uma paciente desacordada para dividir o quarto com o pai de Vikki. Aquilo a deixou furiosa e ela considerou uma enorme falta de consideração. Mesmo com uma cortina dividindo o quarto em dois era possível ver a mulher.
Foto reprodução
“Isso não é uma boa ideia. Meu pai está morrendo. Por que vocês trouxeram uma mulher pra cá que acabou de fazer uma cirurgia no coração? Isso não faz sentido. É mau gerenciamento” Ela pensou, mas não disse nada a respeito.
Vikki escolheu ignorar aquilo e começa a se despedir de seu pai.
“Eu te amo pai. E vou sentir muito sua falta”
Do outro lado da cortina todos ouvem a outra paciente dizer “Canela”
E a cada nova frase de despedida de Vikki, ouve-se do outro lado a voz da mulher dizendo “Canela”. Ela repete tantas vezes que Vikki não consegue mais aguentar e começa a rir. Todos riem e começam a dar gargalhadas.
Mas o melhor ainda está por vir.
A enfermeira avisou que os batimentos cardíacos do pai de Vikki estavam diminuindo. Ela sugeriu que a filha dissesse ao pai que está tudo bem, ele pode partir em paz.
Toda a família se mobiliza naquele momento. Dizem que eles vão ficar bem, vão cuidar uns dos outros. Ele pode partir.
Então do outro lado da cortina a voz da paciente operada diz “Não vá, John”.
Vikki sentiu arrepios. John é o nome de seu pai. Aquilo era o que ela realmente gostaria de dizer, mas não pode. O coração de seu pai, enfim, para de bater.
Mais tarde Vikki descobre que a paciente ao lado – que ela batizou de senhorita Canela – não tem nenhum parente ou amigo chamado John. Mas que ela era padeira. Aquilo faz o “canela” fazer sentido. E Vikki se sentiu imensamente agradecida a ela por ter transformado aquela despedida em um momento mais suportável e leve para toda a família.
Por Andréa Fontes












