A atriz Taís Araújo costuma falar sobre o preconceito, a desigualdade, o direito das mulheres e também sobre maternidade. Em agosto, ela palestrou no evento TEDXSão Paulo, realizado na capital de São Paulo. Essa semana, a organização divulgou vídeo da conferência e as palavras de Taís chamaram a atenção.
Desenvolvendo o tema “Como criar crianças doces num país ácido” , ela falou sobre o preconceito e sobre os filhos João Vicente, de 6 anos, e Maria Antônia, de 2 anos. A atriz começa dizendo que a pergunta que mais ouve é: “qual a diferença entre criar um menino e uma menina?” e que sempre responde que não vê diferença nenhuma, que cria indivíduos. Mas que essa afirmação é uma mentira.
“Eu vejo diferença entre criar meninos e meninas. Gênero é uma questão. Porque, quando engravidei do meu filho, fiquei muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Porque eu tinha a certeza de que ele estaria livre de passar por situações vivenciadas por nós, mulheres. Teoricamente, ele está livre. Certo? Errado”.
“Errado porque meu filho é um menino negro. E liberdade não é um direito que ele vai poder usufruir se ele andar pelas ruas descalço, sem camisa, sujo, saindo da aula de futebol. Ele corre o risco de ser apontado como um infrator. Mesmo com 6 anos de idade.”, continua, citando o preconceito.
“No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e que blindem seus carros.”. Ela citou que se preocupa ainda mais com a filha e seu futuro:

“A vida dele só não será mais difícil do que a minha filha. […] Quando eu penso o risco que ela corre simplesmente por ter nascido mulher e negra eu fico completamente apavorada”, ela continua, citando dados de 2015 sobre feminicídio, que apontam uma queda, mesmo que pequena, nos casos contra mulheres brancas. Em contraponto, houve um aumento de mais de 50% no número de casos em relação à mulheres negras.
Mas, seu tom é de esperança. Ela acredita que pode criar os filhos no nosso país e que as pessoas possam passar a ter mais respeito e compaixão pelas outras:
“Eu tenho um sonho de ver ricos trabalhando para acabar com a pobreza, homens se colocando no lugar de mulheres, ver mulheres brancas vendo que existe um abismo entre mulheres brancas e negras, de ver crianças heterossexuais aceitando crianças homossexuais e trans, de ver mulheres heterossexuais aceitando mulheres lésbicas e que todos nós fiquemos muito atentos para garantir os direitos dos índios”.
Veja sua palestra de Taís Araújo na íntegra aqui:
Ver como existem pessoas engajadas em falar, conscientizar e lutar pelo direito do outro é bonito de se ver. É para se inspirar!
Foto: Reprodução/ Vídeo/ Youtube/ Internet
Fonte: Estadão












