O laço familiar é algo tão bonito e forte que nos surpreende, de vez em quando. Os avós, por exemplo, são aquelas pessoas que nos mimam e estão sempre ao nosso lado, para nos dar atenção e cuidar da gente sempre que precisarmos. E quando uma doença abate o âmbito familiar, costumamos lidar com ela de formas diferentes.
O Alzheimer é uma doença que acomete em geral pessoas de idade e se apresenta como perda das funções cognitivas, em especial a memória. Quando diagnosticada no início, a probabilidade de retardar seu avanço é muito maior. Dona Lurdes, no auge dos seus 85 anos, começou a apresentar sinais de esquecimento ao queimar o arroz ou deixar a comida sem sal, após anos cuidando de toda a família.
Recentemente, ela foi diagnosticada com Alzheimer e seu neto, Leonardo Martins, de 19 anos, estudante de jornalismo e funcionário na UOL, resolveu fazer uma surpresa para aquela mulher que tanto significava em sua vida. Ele tatuou em suas costelas a carta que recebeu da avó ao entrar na faculdade, como uma homenagem a ela. Ao mostrar para dona Lurdes, a reação dela foi a mais emocionante possível – então Leonardo resolveu postar o ato nas redes sociais e o retorno que recebeu foi imenso. Dezenas de pessoas contando suas histórias e enaltecendo sua atitude, com mais de 113 mil compartilhamentos e 266 mil curtidas em sua publicação.
Então, ele escreveu, não só sobre a repercussão da postagem, mas sobre o que a avó significa para ele, no portal da UOL. Ele conta sobre dona Lurdes com muito carinho, falando que há alguns anos ela também sofre com uma depressão, mas que nunca deixou de fazer suas coisas pela doença. E que após alguns sinais, eles sabiam que algo estava errado e que provavelmente, ela sofria com Alzheimer:
”Certo dia, ela chegou desesperada chamando por minha tia. Com lágrimas nos olhos, dizia não saber a razão daqueles remédios, e que horas deveria tomá-los. A partir disso, o arroz queimou mais vezes, xícaras se quebravam com mais frequência, as batatas — ingrediente principal do menu da vó — às vezes estavam sem sal. Alguma coisa estava acontecendo.”
Leonardo conta que a avó mora com eles desde 2004, mas que com o tempo não se sentia mais a vontade na própria casa:
”Lembro-me de que a primeira vez em que foi para minha casa depois de diagnosticada, a vó sentou-se em uma cadeira na mesa de jantar. Do sofá com cobertas e meias jogadas, a avó passou para a cadeira, com os braços apoiados na mesa e os dedos entrelaçados, como se estivesse visitando um novo ambiente. Ela não estava mais à vontade naquele lugar.”
Ele conta que a avó foi muito importante e sempre o apoiou nos estudos e na sua carreira, torcendo por ele e orando muito para que conquistasse seus objetivos:
”Como orador da minha turma de formação no Ensino Médio, citei minha avó em meu discurso. Em meus primeiros textos em um portal universitário, citei minha avó. Hoje, escrevo matérias e falo dela também. Ela fica extremamente feliz, depois acaba esquecendo.”, diz.
Leonardo fala que o momento não está sendo fácil, mas que descobrir a doença da avó foi um ‘sinal amarelo’ para que ele percebesse os pequenos detalhes de cada coisa que eles passam juntos. E que ficou surpreso com toda a repercussão, mas que espera que tenha chamado a atenção de algumas pessoas para o cuidado com quem se ama:
”Sentado com meu pai, José Carlos, refletimos: se, por sorte, eu puder ter tocado o coração e a alma de metade dessas milhares de pessoas, se eu pude fazer com que elas apenas ligassem para os avós, fiz um dos maiores atos da minha vida.”
Linda história e atitude não é mesmo? Fica a lição para darmos valor para as pequenas coisas e para quem está ao nosso lado e faz da nossa vida uma caminhada muito especial. Foto: Reprodução/Facebook/Arquivo Pessoal












