Na tarde de hoje, a Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) deu um comunicado oficial sobre sua mais importante e recente descoberta a respeito do planeta vizinho da Terra, Marte, afirmando que as montanhas do planeta vermelho possuem correntes de água salgada em estado líquido. Essas correntes correm nas encostas dos rochedos e são comuns no verão e desaparecem no resto do ano. O sal reduz o estado sólido da água, o que explica os ciclos sazonais.
Participaram do anúncio feito no auditório da agência espacial em Washington (EUA), o diretor de ciências planetárias da Nasa, Jim Green, o chefe do Programa de Exploração de Marte, Michael Meyer, e outros pesquisadores. A equipe realça que uma afirmação tão importante como esses achados de água, ingrediente essencial para a vida, poderiam gerar algumas implicações, e para que não houvessem equívocos, seria necessário uma exploração mais profunda do território marciano, para a confirmação da existência de qualquer tipo de vida microscópica no planeta mais semelhante da Terra. Eles basearam suas conclusões em dados da Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, que têm sido estudado desde 2006.

(Imagem da Nasa mostra evidências de que água salgada corre pelas montanhas nos meses quentes. Descoberta se baseou nas linhas escuras, que aparecem e somem sazonalmente.)
Em dezembro de 2014, já havia sido constatada a emissão de gás metano no planeta. Essa emissão é provocada principalmente por atividades biológicas e gerou a especulação da existência de micro organismos em Marte, mas isso não foi confirmado até agora. A responsável por essa grande descoberta foi a sonda Curiosity, mas há 11 anos a Nasa também mantém o jipe-robô, Opportunity, em solo marciano.

(Sonda Curiosity)
Como foi feita esta descoberta?
(fonte: Gazeta do Povo)
Os cientistas desenvolveram uma nova técnica para analisar mapas químicos da superfície marciana obtidos pela Mars Reconnaissance Orbiter. Eles encontraram marcas reveladoras de sais que só se formam na presença de água em canais estreitos nas encostas de rochedos por toda a região equatorial do planeta. Esses declives, relatados pela primeira vez em 2011, surgem durante os meses quentes do verão marciano e desaparecem quando as temperaturas caem. Os cientistas desconfiam que essas faixas, conhecidas como linhas de declive recorrentes, (RSL, na sigla em inglês), são abertas pelo fluxo da água, mas ainda não haviam sido capazes de medi-las. “Achei que não havia esperança”, disse Lujendra Ojha, estudante de graduação no Instituto de Tecnologia da Georgia e principal autor da monografia presente na edição desta semana do periódico Nature Geoscience, à Reuters. A sonda Mars Reconnaissance Orbiter faz medições durante a parte mais quente do dia marciano, por isso os cientistas acreditavam que quaisquer indícios de água, ou de marcas de minerais hidratados, teriam se evaporado. Além disso, o instrumento de detecção química na sonda orbital não consegue especificar detalhes tão pequenos quanto as faixas, que costumam ter menos de 5 metros de largura. Mas Ojha e seus colegas criaram um programa de computador que consegue esmiuçar pixels individuais. Esses dados depois foram correlacionados com as imagens de alta resolução das faixas. Os cientistas se concentraram nas faixas mais largas e encontraram uma combinação perfeita entre suas localizações e a detecção de sais hidratados. A descoberta “confirma que a água está desempenhando um papel nestas características”, acrescentou Alfred McEwen, cientista planetário da Universidade do Arizona. “Não sabemos se está vindo da subsuperfície. Pode vir da atmosfera.”
Confira animação divulgada pela Nasa que simula um voo em um dos solos montanhosos de Marte. As faixas escuras seriam as correntes de água que descem nos meses quentes:













